A iguaria acompanha bem uma cervejinha ou uma dose mais quente.
É um eclético mata-fome.
O pastel é aquele amigo de todas as horas.
Entre um ônibus e outro, salva o estômago na Rodoviária, acompanhado ou não de
um caldo de cana; no fim do expediente, ajuda a esperar a janta; e acompanha
bem uma cervejinha ou uma dose mais quente. É um eclético mata-fome.
Anda meio desprestigiado nesses tempos de corpos definidos e veias entupidas, acompanhando a desdita que se abateu sobre as frituras. Penso que os bares deveriam ter biombos para a gente poder saborear nosso pastelzinho em paz, sem ter que enfrentar os olhares recriminadores das patrulhas antiprazer.
Mas não se tem notícia de quem não goste da iguaria. Ao contrário daqueles quitutes de vitrine de boteco — que ficam ali estacionados por horas, às vezes dias —, o pastel deve ser frito na hora, quente, pingando óleo. Reside aí seu irresistível charme.
Mas a ilibada reputação dos pastéis sofreu duro golpe nos últimos dias, quando foi encontrado um chinês escravizado num estabelecimento de Parada de Lucas, Rio de Janeiro. E mais: entre os preparados para recheios, foi encontrada carne de cachorro.
Meu amigo espírito de porco diz que não é motivo de escândalo: quem come bode pode comer cachorro. E se lesma é prato fino, o totó também pode ser degustado. Mas não é fácil imaginar que entre as lâminas crocantes da massa há um bull-terrier moído, um pastor-alemão desfiado; ou que nas festas dos bacanas estão servindo pasteizinhos de shih-tzu.
É grave a situação quando o homem não perdoa nem mesmo os melhores amigos. Isso numa época em que as cachorras maltratam os machos-alfa nos bailes funk.
Não sei nada de pastéis, além de comê-los (cartas para Liana Sabo nos falar das origens e especiarias). A maior parte dos pastéis que a gente encontra é feita por um só fabricante, mas há pastéis de qualidade neste Distrito Federal, que agora as autoridades querem resumir como Brasília.
Com recheios tradicionais — queijo, carne, palmito – prefiro a pastelaria do SIA (R$ 4 a unidade). São exemplares largos, com boa quantidade de recheio, queijo de qualidade e borda para saborear apenas a massa. Na feira de Ceilândia, a partir das quartas-feiras, paga-se menos (R$ 3) por um pastel de qualidade e recheio similares, frito na hora na barraca da Raimunda.
Tenho saudade do pastel de feijoada da Toca do Chopp, que Claude tirou do cardápio no mesmo dia em que deixou de fazer o pastel de angu — que agora pode ser consumido no Beco do Chopp, da Quituart, do Lago Norte. Na mesma feira gastronômica, o Cantinho da Tia Rô serve um excepcional pastel de carne com pequi; há também outro, extra-condimentado, de nome Putzgrila ou Cacildis.
O mais inusitado deles, no entanto, nem tem forma de pastel: chama-se, apropriadamente, Mentirinha e é servido no Butiquim do Tuim, também na Quituart. A massa do pastel é cortada em tiras finas, fritas sem recheio e servidas com uma mistura de ervas com predominância de orégano. É a reciclagem do famoso pastel de vento.
Anda meio desprestigiado nesses tempos de corpos definidos e veias entupidas, acompanhando a desdita que se abateu sobre as frituras. Penso que os bares deveriam ter biombos para a gente poder saborear nosso pastelzinho em paz, sem ter que enfrentar os olhares recriminadores das patrulhas antiprazer.
Mas não se tem notícia de quem não goste da iguaria. Ao contrário daqueles quitutes de vitrine de boteco — que ficam ali estacionados por horas, às vezes dias —, o pastel deve ser frito na hora, quente, pingando óleo. Reside aí seu irresistível charme.
Mas a ilibada reputação dos pastéis sofreu duro golpe nos últimos dias, quando foi encontrado um chinês escravizado num estabelecimento de Parada de Lucas, Rio de Janeiro. E mais: entre os preparados para recheios, foi encontrada carne de cachorro.
Meu amigo espírito de porco diz que não é motivo de escândalo: quem come bode pode comer cachorro. E se lesma é prato fino, o totó também pode ser degustado. Mas não é fácil imaginar que entre as lâminas crocantes da massa há um bull-terrier moído, um pastor-alemão desfiado; ou que nas festas dos bacanas estão servindo pasteizinhos de shih-tzu.
É grave a situação quando o homem não perdoa nem mesmo os melhores amigos. Isso numa época em que as cachorras maltratam os machos-alfa nos bailes funk.
Não sei nada de pastéis, além de comê-los (cartas para Liana Sabo nos falar das origens e especiarias). A maior parte dos pastéis que a gente encontra é feita por um só fabricante, mas há pastéis de qualidade neste Distrito Federal, que agora as autoridades querem resumir como Brasília.
Com recheios tradicionais — queijo, carne, palmito – prefiro a pastelaria do SIA (R$ 4 a unidade). São exemplares largos, com boa quantidade de recheio, queijo de qualidade e borda para saborear apenas a massa. Na feira de Ceilândia, a partir das quartas-feiras, paga-se menos (R$ 3) por um pastel de qualidade e recheio similares, frito na hora na barraca da Raimunda.
Tenho saudade do pastel de feijoada da Toca do Chopp, que Claude tirou do cardápio no mesmo dia em que deixou de fazer o pastel de angu — que agora pode ser consumido no Beco do Chopp, da Quituart, do Lago Norte. Na mesma feira gastronômica, o Cantinho da Tia Rô serve um excepcional pastel de carne com pequi; há também outro, extra-condimentado, de nome Putzgrila ou Cacildis.
O mais inusitado deles, no entanto, nem tem forma de pastel: chama-se, apropriadamente, Mentirinha e é servido no Butiquim do Tuim, também na Quituart. A massa do pastel é cortada em tiras finas, fritas sem recheio e servidas com uma mistura de ervas com predominância de orégano. É a reciclagem do famoso pastel de vento.
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