Enfatiza-se aqui a importância do crescimento
como necessidade do espírito, lembrando o que, por outras palavras está escrito
n’O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec: “As qualidades superiores da alma se
desenvolvem gradativamente, rumo à perfeição. Como a sementinha que já possui
em si mesma as qualidades da árvore adulta, o Espírito possui em si mesmo as
qualidades da perfeição”.
O homem é um ser
perfectível e carrega em si o gérmen de seu aperfeiçoamento. No entanto, esse
crescimento há de ser para dentro de si, já que o reino de Deus está dentro de
nós e alcançá-lo depende do esforço de cada espírito e ‘segundo as suas obras’.
Amor e
sabedoria
Inteligência e
bondade, amor e sabedoria, devem marchar juntas para garantirem o crescimento
intelectual e moral, de que dependerá, afinal, a redenção da humanidade.
Segundo Henri Wallon,
no ser humano primeiro manifesta-se a afetividade, seguida da racionalidade,
mas que desde o início estão sincreticamente misturadas. Piaget já ensinava que
a vida afetiva e a vida cognitiva são inseparáveis, eis que qualquer interação
com o meio pressupõe estruturação e valorização.
Desenvolvimento
da mente
Nosso cérebro é um
computador que arquiva informações do presente, do passado e do futuro, já
virtualizado. Do presente consciente – as conquistas atuais. Do passado
subconsciente – os impulsos automáticos. Do futuro superconsciente – a meta a
ser alcançada.
Figurativamente,
nosso cérebro é como um edifício de três andares: no primeiro andar guardamos
nossas experiências vividas, no segundo, trabalhamos executando nossos projetos
atuais e no terceiro andar, hospedamos nossos sonhos e ideais sempre
acalentados.
Construção
de si mesmo
Recortemos do texto
sob leitura: “As necessidades da vida presente levam o Espírito a agir, desenvolvendo
gradativamente sua potencialidade futura, valendo-se das aquisições do
passado”. Mas adverte Walter de Oliveira: “Não podemos estacionar no passado,
correndo o risco de mergulharmos nos impulsos e tendências anteriores. Também
não podemos viver o presente de forma mecânica, sem consultar nosso passado e
sem traçar metas para o futuro, pois viveríamos mecanicamente sem evoluir. É
indispensável valermo-nos das conquistas passadas para, através do esforço e do
trabalho no presente, amparados no ideal superior elevado e nobre, construirmos
gradativamente nosso futuro”.
De concluir-se que a
importância do processo educativo consiste em investir no gradual
desenvolvimento das potencialidades da alma, oferecendo à criança, no caso, os
estímulos necessários para direcionar sua vida na construção de si mesma.
Desenvolvimento
moral
Considerando que o
homem é um ser moral, pelo discernimento do certo e do errado, do bem e do mal,
e dotado da consciência do seu eu interior, tem necessidade de estímulos positivos
para rebater os impulsos negativos, e nisso consiste o princípio da boa
formação do caráter. As crianças são seres em evolução, precisam de orientação
segura para que saibam fazer suas escolhas, assimilando a escala de valores que
levam a alcançar a finalidade do espírito educado para o bem.
Autonomia
moral
As leis internas
estão insculpidas na consciência e indicam a escala de valores que levam os
indivíduos à realização do bem. A autonomia moral e intelectual leva o ser
humano a desenvolver o sentimento e a razão como formas de desenvolvimento do
amor e da sabedoria.
No evangelho de
Cristo e na doutrina espírita, que o atualizou, têm-se as bases da educação do
espírito, que se desenvolve pela capacidade de pensar, agir e sentir, em
sintonia com as leis divinas. Educar o espírito é educar o sentimento, não
somente como energia que mobiliza e mantém nossas ações – pondera o autor – mas
como campo vibratório, eis que a educação leva a compreender que “o homem
evolui do instinto às sensações e das sensações para os sentimentos, sendo que
o ponto delicado do sentimento é o amor”.
Evangelho
e educação
Jesus nos mostrou que
o desenvolvimento das qualidades do espírito – assim enfatiza Walter de
Oliveira – nos propicia a oportunidade de ingresso em esferas superiores, em
mundos mais avançados e que, como herdeiros de Deus, somos herdeiros do
infinito, do universo. E assevera que “os seus ensinamentos levam ao exercício
e ao desenvolvimento das virtudes da alma, sintetizadas no amor ao próximo, ao
mesmo tempo em que conduz o indivíduo ao desapego, ao desprendimento do egoísmo
e do orgulho”.
O evangelho de Jesus
é a maior fonte de educação, renovação e regeneração da humanidade. Mais do que
normas de conduta, é o estímulo ao desenvolvimento do espírito. Estão
implícitos no evangelho os princípios do aprimoramento moral, que levam o homem
a Deus. E o homem está vinculado a Cristo como mestre e coordenador da evolução
global. Educar o homem é educar o espírito. A criança é um ser em construção,
que precisa ser iluminada pela centelha divina. O evangelho de Jesus é a fonte.
Capacidade
vibratória
A capacidade cognitiva
do homem aumenta com a capacidade vibratória do espírito. A capacidade
vibratória do espírito aumenta com a ação constante do bem, rumo à
perfectibilidade humana.
Cada indivíduo entra
em sintonia com vibrações superiores quando aumenta sua capacidade perceptiva.
A mente elevada a Deus é como o espelho de luz que refrata a irradiação
espiritual.
O poder
do amor
Citando a revelação
de um espírito, Walter de Oliveira destaca que, quando o sentimento de amor é
profundo, a energia superior exerce poderosa atração, acordando sentimentos
nobres que já conquistamos no passado e estimulando nosso futuro brilhante onde
se localiza a herança divina. Enfatiza o autor, que “a educação baseada no
despertar dos poderes latentes do espírito é a única que realmente conduz o
espírito à autonomia integral, capaz de utilizar a própria vontade para seguir
nos caminhos do bem, do belo, do melhor, enfim, no caminho da perfeição”.
A educação, vale
frisar, não vem de cima para baixo, mas vem de dentro para fora, despertando no
indivíduo a vontade construtiva que o leva a agir, pensar e sentir no bem.
Então cada indivíduo se autoeduca ao tomar consciência da própria necessidade
evolutiva.
O poder
da vontade
Apoiado no pensamento
de Calderaro, frisa o autor que “o momento presente é ação. Em toda ação estão
presentes o sentimento e a inteligência interagindo com o meio”. Mas o que move
o sentimento e a inteligência? – A vontade. O processo educativo deve consistir
no estímulo da vontade, para impulsionar a ação do educando no sentido
construtivo. E a vontade, que nasce da necessidade, deve ser movida pela
energia do amor, que alimenta o espírito.
Segundo Emmanuel, em
Pensamento e vida, também citado no texto em referência, temos que a mente
humana é como um escritório dividido em departamentos diversos: do desejo, da
Inteligência, da imaginação, da memória, da vontade, que governa os demais
setores da ação mental.
O
livre-arbítrio
Acompanhemos Walter
de Oliveira: “O estímulo à vontade não violenta o livre arbítrio do indivíduo,
muito pelo contrário, o respeita”. Partindo dessa premissa, o autor propõe a
educação da vontade, que leva o indivíduo a querer avançar, intelectual e
afetivamente (leia-se também moralmente).
Assim deduz que “a
ação pedagógica deve, pois, estar centrada na vontade, estimulando o querer,
para que o indivíduo possa agir no presente, com base nas conquistas passadas,
construindo o próprio futuro”. Suas escolhas dependem do livre arbítrio.
Maturidade
e interesse
Adverte Walter de
Oliveira: “O modo de estimular a vontade varia em função tanto da maturidade
quanto dos interesses imediatos do espírito, conforme a bagagem que ele traz e
suas possibilidades de manifestação”. O educador deve então utilizar as
tendências e aptidões do educando, motivando seu interesse de agir em rumos
elevados.
O autor esclarece:
“Não é possível estimular uma ação que a criança não tenha condições de
realizar. Por exemplo, uma criança de sete ou oito anos não conseguirá realizar
operações abstratas”. Ao pretender alimentar o interesse da criança, o educador
deve partir da realidade concreta para conduzi-la ao campo da abstração, até
que possa desenvolver o pensamento lógico. As necessidades e os interesses da
criança se manifestam de forma gradual, daí a importância de se conhecerem as
etapas do seu desenvolvimento físico e mental. O amadurecimento cresce junto
com o interesse. A alma da criança educada multiplica suas potencialidades.
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