É lamentável
constatar que os gestores públicos brasileiros possuem um histórico condenável
de jogar no lixo o dinheiro do contribuinte. Não faltam exemplos de obras que
nunca terminam. Confirmam esta afirmação, por exemplo, duas das mais gritantes:
a construção da Ferrovia Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco,
que além de frustrar as expectativas alimentadas pelas promessas, jogam os
custos originais nas alturas.
Os monumentos do
descaso com os recursos públicos têm aumentado nos últimos anos, turbinados
pelas obras para a Copa do Mundo. Pior: muitos governantes na carona das
eleições inauguram obras inacabadas, sem o menor pudor.
Especialmente na
esfera federal, essa tradição do atraso vem de longe e ganha força a cada
mudança de ministro. O que sai não apresenta nenhuma explicação razoável para o
fiasco no cumprimento do cronograma das obras do seu ministério. O ministro que
assume, promete retomar as obras e anuncia um novo cronograma, nem um pouco
preocupado com o fato de que a demora na conclusão vai eleva, e muito, o custo
original da obra. E a história se repete indefinidamente.
Sabe-se que um dos
gargalos da infraestrutura no País é a deficiência nos projetos contratados,
muitas vezes deixando para depois o detalhamento que implica em custos
adicionais. Afora isso, o processo de licenciamento exigido para a realização
das obras ultrapassa todos os limites.
Os municípios
brasileiros, especialmente os de maiores densidades demográficas, estão
repletos de obras inacabadas. O Ministério Público Federal já se debruça sobre
o problema, que pode virar tema de uma CPI no Congresso Nacional, embora muitos
parlamentares comprometidos com o atraso dessas obras se esquivem do problema,
temendo prejuízos eleitorais.
A obra é cara
quando não termina. Eis ai uma frase de efeito usada e abusada nos palanques
eleitorais. Mas mesmo sabendo que a pressa é inimiga da transparência nesse
caso, a paralisação de obras de interesse público, ainda que na raiz tenham o
vício de projetos mal feitos, traz prejuízo em dobro: perde-se o que foi feito
e o eterno recomeço consome os recursos públicos, como se o erário fosse um
saco sem fundo.
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