Em breve, provavelmente na próxima
semana, a vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) integrará o calendário de
vacinação e será ofertada - sem obrigatoriedade - pela rede pública às meninas
com idade entre nove e 11 anos. A intenção do governo federal com a medida é a
de diminuir a incidência de câncer de colo de útero no Brasil. O tema é
polêmico. E na opinião do diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de
Família e Comunidade (SBMFC), Daniel Knupp, “a estratégia deve ser vista com
ressalva e muita cautela”.
O ponto de contenda está nas
pesquisas científicas. Segundo Knupp, há várias pesquisas demonstrando que a
imunização pode provocar, como efeito colateral, o crescimento de doenças
autoimunes como o diabetes tipo 1.
Em entrevista à Agência Brasil, o
diretor da SBMFC se mostrou reticente quanto à inclusão da dose no calendário
nacional de vacinação.
O impacto no tradicional exame para
rastrear o câncer de colo de útero - o papanicolau - também preocupa Knupp.
Segundo ele, dados da SBMFC apontam que a cobertura do exame no Brasil está bem
abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em termos mais
diretos: menos de 50% das brasileiras com idade entre 25 e 69 anos faz o
papanicolau pelo menos uma vez a cada três anos, quando a taxa ideal seria pelo
menos 80%.
A advertência de Daniel Knupp é
séria. E precisa ser considerada. Veja: “A vacinação não substitui o
rastreamento tradicional. Ela não elimina as lesões (que provocam o câncer),
apenas diminui a incidência delas. Se a população for vacinada e deixar de
fazer os exames preventivos, ela pode ter piores consequências do que se não
tivesse se submetido à vacina”.
Na entrevista à Agência Brasil, ele
abordou também o esquema de vacinação proposto pelo Ministério da Saúde, que
consiste em três doses - a segunda seis meses após a primeira e a terceira,
cinco anos depois. Segundo ele, o esquema tradicional adotado na maior parte
dos países inclui a segunda dose dois meses após a primeira e a terceira, seis
meses depois.
Há quem discorde, claro. Para o
secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, o esquema de vacinação
adotado pela pasta é recente mas já passou pelo teste em países como Canadá e
Suíça. Segundo Barbosa, teria sido comprovado que, com apenas duas doses, a
menina já estaria protegida. A ideia de aplicar a terceira dose cinco anos
depois consiste em prolongar o efeito protetivo da imunização.
Ainda na opinião do secretário, “a eficácia da
vacina é indiscutível”.
Agência Brasil.
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