Uma coisa é fato e
não há como ignorar. Algo precisa ser feito para tornar o trânsito viável nas
grandes cidades brasileiras em termos de mobilidade. A teoria mais básica diz
que se as pessoas trocarem o carro pelo transporte coletivo, o trânsito certamente
melhorará e até o transporte público ficará mais eficiente.
Ocorre porém, que
na maioria das grandes cidades, a infraestrutura não cresceu na mesma proporção
que a população e os usuários de transportes públicos e, como consequência, a
capacidade instalada desses meios estão operando muito acima dos limites.
Aí
vem uma pergunta: como motivar as pessoas a trocarem os carros e todo o seu
conforto por um meio de transporte que mal comporta seus usuários atuais? Sem
uma estruturação rápida e eficiente dos meios de transportes coletivos, essa
troca simplesmente não irá acontecer.
A Política Nacional
de Mobilidade Urbana, que foi sancionada em janeiro de 2014 caminha exatamente
nesta direção. Isto é, dá prioridade aos meios de transportes não motorizados e
ao serviço público de transporte coletivo. Também deixa aberta a possibilidade
de cobrança do pedágio urbano, justamente para haver um mecanismo que pressione
o usuário de carro a migrar para o transporte coletivo.
Na prática: vai ficar mais caro utilizar o
carro, o poder público passará a ter uma nova fonte de receita e as pessoas
continuarão no conforto dos seus veículos.
Como alternativa, a
Política Nacional contempla a utilização de veículos não motorizados,
entenda-se bicicletas. Na teoria esta alternativa é excelente, pois é
politicamente correta e vai ao encontro das demandas ambientais atuais. No
entanto, mais uma vez, a prática se confronta com a teoria.
Espero algum dia
ver a bicicleta fazendo parte harmoniosamente do trânsito das grandes capitais
e servindo como uma das alternativas para a mobilidade, porém, esta realidade
está muito longe da prática. Hoje, o uso de bicicletas como meio de transporte
em massa ainda é inviável por questões como distância, geografia e velocidade.
Naturalmente, não
há uma solução simples e pontual. São necessárias várias medidas e o conjunto
delas é que nos aproximará de soluções, mas gostaria de propor uma reflexão e,
mais uma vez, confrontando a teoria com a prática.
Na teoria, o
estímulo do uso de motocicletas não está contemplado como alternativa para a
mobilidade urbana por conta dos aspectos negativos lançados sobre a imagem das
motocicletas e de seus usuários. Mas, sabemos que na prática a motocicleta é
uma das soluções.
Um bom exemplo
disso é que quando queremos que alguma encomenda chegue rápido ou quente ao
nosso destino, chamamos um motoboy.
Falar neste tema
sem contemplar o uso da motocicleta como alternativa viável para a mobilidade
urbana é tratar o assunto pela metade ou desprezar uma importante alternativa
de solução.
A motocicleta já é
uma realidade imutável, crescente e necessária. A partir do momento que este
veículo for considerado como parte da solução e não do problema, os aspectos de
risco do seu uso serão tratados com mais seriedade e, certamente, os resultados
serão relevantes para a evolução da nossa sociedade.
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