Quem se debruçou em
algum momento nas prateleiras da história, seja em alguma biblioteca pública ou
em seus acervos particulares, vislumbrou as façanhas de conquistas do poder por
forças populares. Leu sobre a revolução francesa que deu início à revolta
popular em 1789, motivada pela incompetência e incapacidade de liderança, além,
claro, da ineficiência na gestão pública, do monarca Luis XVI. Esta
manifestação violenta da população acabou com o regime absolutista e limitou
também o poder da igreja.
Esses mesmos
leitores também leram sobre a revolução russa de 1917, de Lênin, que por
motivos semelhantes aos dos franceses tomou o poder através de uma revolta
popular. Como também, esses amantes da leitura leram sobre as revoluções
sociais no Brasil, desde os tempos do Império. E claro, que todos esses
leitores já perceberam qual o caminho que o Brasil está tomando.
No que se refere
àquele período da insatisfação francesa, não houve manifestações no campo pela
falta de condições mínimas de subsistência, como também nas cidades, que por
sua vez sofriam com altos impostos e péssimas condições de trabalho. E sim,
pelo interesse de alguns burgueses que se utilizaram destes momentos de crise
para manipular o povo e estabelecer a famosa luta de classes.
Assim, o levante
popular regido por Robespierre que representava os anseios populares (??) levou
à vitória o povo francês sobre o rei Luis XVI, que, deposto, foi executado
junto com os demais aristocratas que formavam o poder absolutista. Mais de um
século depois, Lênin tinha os mesmos objetivos e atingiu os mesmos resultados
na Rússia. E o povo? Este sempre serviu de mutirão descartável, depois das
revoltas voltava à miséria e a exploração. Mudava-se somente o poder
explorador.
Esta pequena
introdução ilustrada com estes fatos históricos foi usada para fazermos um
paralelo com a nossa forma de administração pública, que desde os tempos dos
monarcas até os dias atuais arde nas chamas do clamor popular. Mas, aqui no
Brasil, o povo é mais pacato, mesmo em 1889, quando passávamos por situações de
manifestações populares de iguais proporções que nos países acima citados não
fomos tão decisivos, quanto à tomada do poder, ou melhor, não fomos nada
decisivos e muito menos participativos.
Os empresários, pequenos burgueses, e
as forças armadas foram os que se mobilizaram e confrontaram o monarca. O povo
apenas foi usado para fazer a grita.
O que fez a
diferença entre lá e cá foi a condição da fragilidade da nossa monarquia, que
já estava com seus dias contados, pois o próprio D. Pedro II não tinha
interesse em permanecer no poder e facilitou o “golpe” militar, tanto que nem
haviam testemunhas sobre o tal golpe. Este período monárquico fazia o Brasil
amargar uma forte crise econômica e social e o clamor popular foi atendido por
forças militares orquestradas pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que sem
derramamento de sangue efetivou a transição para a República.
Porém, o mais
impressionante era o valor dos impostos, que naquela época não chegava a 50% do
total de ganhos dos contribuintes. Mesmo assim, a insatisfação levou a
população ao desespero. Em dias atuais, nós pagamos mais de 70% de nossos
ganhos para os cofres públicos, se isso fosse motivo para um levante popular,
não haveria pedra sobre pedra.
Já em 1930, depois de várias manifestações
populares, o Brasil toma o rumo da democracia e com isso os oportunistas iam
apresentando propostas populistas. Getúlio Vargas foi o precursor, o maior
populista brasileiro e levou o brasileiro a reconquistar a confiança na sua
Pátria. Isso mostra que politicamente nos organizamos, caímos, nos
reorganizamos e caímos novamente.
Foi assim que, em 1964, sofremos outro
“golpe” militar, que também se deu de forma tranquila.
Mais tarde através
de outra revolução civil. Claro! que pacífica como sempre e liderada por
Tancredo Neves em 1985, desarmou os militares e, assim assumimos de forma
democrática o controle de nosso País. Democrática?
Mas, esta forma
livre e igualitária (??) que a democracia nos oferece não acontece. Na prática,
nós estamos atrelados a uma forma ditatorial do poder já estabelecido, onde os
detentores do controle do capital e serviços nos obrigam a seguir regras
austeras no desempenho de nossas tarefas obrigatórias, denominado trabalho.
Esta forma truculenta como nos obrigam a cumprir estas jornadas trabalhistas é
desumana e, com o único intuito de lucros fáceis a estes senhores dominantes,
que ora são chamados de empregadores.
E cá estamos
prontos como bobos, para mais um levante popular. Porém agora quem será o
personagem heroico que irão criar em gabinetes confortáveis, para nos incitar e
nos provocar com aqueles velhos discursos hipócritas para novamente nos usar?
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