Qualquer cidadão brasileiro sabe que o atendimento
à saúde no Brasil é de péssima qualidade. Assim como muitos sabem que a grande
causa deste fato está na falta de investimento do governo na área da saúde.
Porto Alegre não recebe um novo hospital há muitos
anos. Ao contrário, muitos fecharam na mais miserável penúria, vítimas da
baixíssima remuneração que recebiam pelo atendimento de doentes da rede
pública. Os pacientes são empilhados em macas nos corredores lotados dos poucos
e insuficientes locais que existem para o seu atendimento. E a perspectiva
apenas piora.
Desta forma, o governo federal há muito tempo tem a
sua incompetência reconhecida para gerir e resolver a grave situação da saúde.
Então, eis que surgem várias propostas dos nossos governantes.
Inicialmente foram os médicos cubanos apontados
como a grande solução. Estes profissionais viriam trabalhar em solo brasileiro,
atendendo pacientes nas chamadas áreas remotas. O processo de “importação”
destes profissionais seria livre de qualquer exame de revalidação e testagem de
conhecimentos que adequem minimamente o profissional a trabalhar. Já tivemos
experiência no Revalida em que apenas 10% destes profissionais conseguiram
atingir o escore necessário para passar neste Exame, demonstrando uma grande
insuficiência de conhecimentos destes profissionais. Desta forma estamos
legitimando a medicina de segunda linha, para o atendimento de pacientes dentro
da ideia de que “qualquer médico é melhor que nenhum médico”. Fica evidente que
não podemos compactuar com esta proposta.
Outra solução foi aumentar de 6 para 8 anos o
período da formação do médico. Além deste aumento, obrigar o acadêmico a
trabalhar em local determinado pelo governo, sem prévia informação e sem
esclarecer em quais condições. Com esta proposta, o Governo Federal comete
vários desatinos.
Primeiro, interfere de forma absolutamente
apressada e sem conhecimento na formação médica. Não abre ao debate e não
consulta nenhuma Universidade, ao que sabemos, para decidir por esta proposta.
Como será feita a supervisão da atividade deste "médico
provisório"?Qual a orientação que vai haver para o jovem colega atendendo em
um local remoto, sem recurso tecnológico algum? São muitas perguntas, todas sem
reposta.
Associadas a estas medidas o MEC decidiu estimular
a criação de novos cursos de Medicina em áreas que existam a necessidade de
mais médicos. Resta a questão que nos põe em dúvida, se os locais onde estes
novos cursos são carentes em profissionais, quem serão os Professores? Mais
ainda, a formação dos docentes destes novos cursos atenderá aos requisitos
mínimos como Mestrado e Doutorado para uma adequada formação médica?
Desta forma vemos mais uma vez a oportunidade de
resolver a questão da falta de atendimento à população ser desperdiçada. O que
tem que ser feito é a instituição de um plano de carreira sério com
perspectivas de ascensão aos moldes da carreira judiciária e a melhora da
infraestrutura de atendimento à população de todo o Brasil.
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