A
prevalência da infertilidade conjugal é alta, sendo que até metade dos casais
terá que se submeter a algum tratamento de reprodução assistida para
engravidar. A boa notícia é que a grande maioria dos casos é solucionada:
estima-se que dois a cada três casais consigam ter um bebê após o tratamento.
Apesar disso, muitos estudos comprovam que o tratamento da infertilidade pode
trazer sentimentos angustiantes, como depressão, ansiedade e estresse. Em um
desses estudos, realizado com 276 casais, o estresse foi citado como o motivo
principal para o abandono do tratamento por 62,3% das mulheres e 45,7% de seus
parceiros.
"Para
aumentar as chances de sucesso gestacional, a repetição dos ciclos (tentativas)
é importante. A taxa de gestação é superior a 60% com a realização de três
ciclos de tratamento e pode ser até maior com mais tentativas. Todavia, mesmo
em países onde o tratamento completo é custeado pelo governo, observa-se que
menos de um terço dos casais realiza mais de três tentativas", informa a
médica Paula Navarro, diretora do Laboratório de Reprodução Assistida do
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Isso é atribuído em grande parte à
carga psicológica do tratamento relacionada à necessidade de administração
diária de injeções de gonadotrofinas (hormônios usados para estimular a
produção ovariana): 29% das mulheres que se submeteram à fertilização in vitro
(FIV) avaliaram as injeções como "extremamente estressantes" ou
"muito estressantes".
Os
protocolos usuais para estimulação de folículos exigem que o medicamento seja
administrado diariamente (de nove a 12 injeções sequenciais). As pacientes
comparecem à clínica de fertilidade ou autoaplicam as injeções em casa. Segundo
o estudo mencionado, apesar de treinadas, mais da metade das pacientes (57%)
tinham preocupações relacionadas à aplicação correta das injeções, enquanto 10%
se preocupavam com a administração da dose correta. Entre os especialistas,
quase metade (47%) demonstra preocupação sobre a capacidade de suas pacientes
aplicarem em si próprias todas as injeções e 26% se preocupam com a adesão das
pacientes.
Erros
na administração (tempo, dose ou boa administração da medicação) podem
claramente influenciar o sucesso do tratamento da fertilidade. Aproximadamente
45% das pacientes relataram ter cometido algum erro, geralmente em relação ao
horário ou à dose da injeção. E, mais grave, 29% dessas pacientes não relataram
seus erros às clínicas, ou seja, erros de medicação podem, frequentemente, não
ser levados em consideração ao se avaliar o resultado do ciclo de tratamento e
ao se planejarem opções de tratamento futuras.
Tornar
o tratamento mais amigável, menos complexo e, consequentemente, menos
estressante, pode tanto favorecer o sucesso gestacional em cada tentativa como
aumentar a adesão ao tratamento.
ONacional.
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