A reforma política propalada
pelos partidos, parlamentares e governantes não empolga porque,
independentemente do conteúdo meritório, trata-se simplesmente de qualificar a
velha ordem e a preservação das instituições como aí estão. As pessoas nas ruas
repudiam os governos porque, os serviços e o direcionamento da política pública
são precários.
Criticam o Judiciário porque a
prestação jurisdicional é lenta e a
justiça pouco alcança os poderosos e os corruptos. Desmerecem os parlamentares,
especialmente do Congresso Nacional, porque a produção do conteúdo legislativo
é distante da realidade e limitada.
Parte substancial da atividade é destinada aos
interesses para a constituição de alianças sem afinidades políticas. Portanto,
o diálogo indispensável entre os partidos e a sociedade está velho e surrado. Insensível para os jovens.
Tem muito pouco a ver com a vida das pessoas.
Não estamos apenas diante da
desconstituição da política como argumenta parte dos políticos tradicionais,
mas sem relação e diálogo com a juventude, que deseja velocidade no trato das
questões públicas, uma nova sociabilidade e dar sentido ao cotidiano essencial
da vida.
Parcela substancial da população não está
disposta a se submeter à ordem tradicional. Não que preguem a desordem, mas desejam
um outro tipo de mediação que os partidos não têm tido capacidade de
desenvolver.
Todos os temas reformistas relevantes se
arrastam e não acontecem ou demoram anos a fio para terem efetividade. O pacto
federativo, as reformas política e tributária, o cumprimento dos mínimos para
saúde, educação e transporte coletivo, dentre tantas questões, são exemplos
desta situação que evidencia o descrédito quanto à representação política.
Os jovens querem soluções, que
uma estrutura antiga de partidos não consegue oferecer. O debate interno em
qualquer agremiação, apesar do cenário, continua o mesmo.
Em primeiro lugar supondo que o
movimento da rede e das ruas não lhes diz respeito. As práticas também se
repetem. Privilégios, mordomias, desvios de conduta e prepotência. Utilização
dos recursos do Fundo Partidário e dos espaços de governo para garantir o
reconhecimento que pode se traduzir em legitimação eleitoral no pleito que se
avizinha.
A discussão essencial passa pelo
casuísmo, de ter candidatura própria ou coligar e suas possibilidades ao sabor
das pesquisas. Tudo distante, portanto, do que os protestos estão a dizer.
Os partidos deveriam estar
reconstituindo a sua vida orgânica, com um debate mais amplo e eficaz.
Processando as demandas da população, confrontando com a visão ideológica,
programática e devolvendo a população na forma de propostas para governar e
qualificar os serviços. Não adianta fazer qualquer coisa no exercício político.
A importância diminuta dos partidos e, especialmente, dos parlamentares é fruto
de um sistema irreversível.
Cumpre agora encontrar
alternativas para recuperar a legitimidade e continuar a contribuir para o
fortalecimento da democracia, valor imprescindível para a nação.
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