Jovens e a cidadania consciente

Todos sabemos que o futuro do País, seu desenvolvimento social e econômico está em jogo neste ano de eleições.Tendo o povo reconquistado o direito de escolher diretamente seus representantes, ter já escolhido seus presidentes, de forma constitucional e ordenada, em diferentes períodos históricos, a partir de 1989, mais uma vez, o problema reaparece, isto é, quem devemos eleger?
Mais do que nunca, agora no segundo turno das eleições, esta pergunta está fixa na mente de todos, pois seremos os grandes responsáveis pela escolha que iremos fazer.
Esta escolha preocupa a todos, mas preocupa ainda mais à juventude, que está na fase decisiva de sua integração na sociedade. A economia, a comunidade, a ecologia, a segurança e as relações internacionais, são realidades, entre outras, nas quais a juventude vive inserida e do bom funcionamento dessas realidades, do seu governo depende o futuro da juventude. Isto é, o futuro da juventude está profundamente relacionado com o futuro do País.
Essas realidades não só exercem pressão na vida do jovem, mas aparecem em toda sua complexidade sob formas de alternativas, que constituem a base na qual a juventude desenvolve suas aspirações, atitudes e comportamento. É necessário, então, que a juventude pense com objetividade sobre a sociedade e seus problemas, sobre as diretrizes políticas que lhe são apresentadas e que faça desse conhecimento um guia para sua participação política.
O período histórico que vivemos hoje, já denominado de pós-moderno, está marcado pelo enorme desenvolvimento da tecnologia do conhecimento, através da televisão, da internet e outros meios de comunicação de massa. Hoje, as sociedades têm mais informação sobre ela mesma, que em outras épocas históricas, e com isso, nossa capacidade de se conscientizar é enorme.
Cidadania consciente está diretamente ligada à participação política, ao desenvolvimento democrático da influência do povo nas decisões que afetam sua vida, dentro do princípio de “bom governo” que responde às necessidades e prioridades de seus cidadãos. Participação política e “bom governo” se encontram na noção de cidadania consciente.
Cidadania consciente também está relacionada com os direitos humanos, já que a participação política, a democracia, é referência essencial nos direitos do cidadão e pré-requisito para o desenvolvimento de outros direitos. Direitos e consciência dos direitos estão ligados ao conceito de cidadania consciente.
A cidadania como um direito leva à conscientização. Agir como cidadão requer conhecimento da sociedade, da coletividade e da capacidade de escolher conscientemente seus governantes. E, o cidadão, sendo agente ativo, protagonista, ao mesmo tempo que recebe serviços, também os está criando. Na cidadania consciente o cidadão influencia e exerce controle sobre os atos do governo. O outro lado da cidadania consciente é o dever do cidadão de ser responsável. E ninguém pode ser responsável sem conhecimento das opções.
Cidadania consciente depende de como os cidadãos se identificam com os diferentes grupos na sociedade que trabalham para um propósito comum.
Oportunidades como educação, emprego, atividades sociais e de recreação levam a juventude à participação na sociedade. Por outro lado, a falta destas oportunidades leva a juventude à alienação e à marginalidade. Infelizmente, nos últimos anos, no País, pouco se tem feito para resgatar a juventude desta alienação e marginalidade. Pouco se tem feito para influenciar a juventude para uma simples noção de cidadania, menos ainda para uma cidadania consciente. A juventude, sobretudo as das camadas mais pobres da população, vive numa situação de “apartheid”, que leva os jovens à atividades anti-sociais, com altos níveis de crime e violência, desintegração da família, da comunidade e da própria sociedade. Pode-se perguntar: onde está o desenvolvimento do País diante deste quadro de baixa qualidade de vida de sua juventude? E a juventude também está se extinguindo. O Brasil está entre os países do mundo com maiores taxas de homicídio entre jovens. O desemprego entre jovens, comparado com outros países, também é alto, o que certamente não corresponde às necessidades de uma economia em crescimento e ainda contribui para aumento da violência. Que desenvolvimento é este?Onde fica o futuro do País se sua juventude não tem futuro?
A juventude deve, a partir do conhecimento objetivo da sociedade, desenvolver sua capacidade de analisar e compreender as opções políticas e se inferir na sociedade como protagonista e não apenas sofrer os eventos históricos como objeto. É necessário que a juventude tome consciência do processo histórico de mudança que ocorre ao seu redor e participe com cidadania consciente, usando sua capacidade crítica e criadora na análise do processo político e, armada com esta cidadania consciente, seja capaz de se defender contra mistificações, o vácuo ideológico das retóricas demagógicas e populistas em que as palavras não têm sentido, os conceitos não têm fundamentos e slogans, e frases de clichés aparecem como verdades. É primordial que a juventude enxergue a mudança política de forma mais racional que possível, criticando, denunciando e rompendo com os círculos viciosos que perpetuam a pobreza de ideias, o desestímulo intelectual e cultural, o desenvolvimento social paliativo e o avanço econômico modernizante, mas sem infraestrutura.
Estas são algumas noções para se entender a relação entre Juventude e Cidadania Consciente.
E Cidadania Consciente é necessária ao exercício democrático do voto.

Por Sulamita de Britto.

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