sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Quanto vale a formação de seu filho?



Já faz muito tempo que venho buscando, através da educação, um mundo que não consigo enxergar diante dos meus olhos. Travo batalhas gigantescas tentando me convencer de que preciso continuar contra tudo e todos (mercado e paradigmas vigentes em uma sociedade onde o “ter” é mais que o “ser” e a vida e seus valores algumas vezes são deixados de lado como um par de sapatos velho, outras, trocados por um par de tênis novo).
Não seria mais fácil fechar os olhos a tudo e entrar na onda do mercado? No Brasil quando se fala em educação, pasmem!, o peso maior está nas crianças já alfabetizadas aos seis anos de idade e nos adolescentes treinados para serem avaliados por um modelo já ultrapassado e em descrédito.
Onde ficou o tempo da infância e sua inocência? Brincar, cantar, dançar, fantasiar, enfim, sonhar... Ao que parece, hoje isso já não tem tanta importância. Onde se esconde o bom senso das pessoas que se esquecem que desde a fase intra-útero, até os onze e doze anos, se formam as personalidades de nossos pequeninos? Onde descansa o equilíbrio e a sanidade de nossos jovens quando, dos 12 aos 18 anos, ignoram-se todas as transformações que nossas crianças sofrem?
Nesse tempo de passagem de meninos a “homens”, o corpo carregado de hormônios se transforma. Quanta ansiedade!, quantas dúvidas!, quantas angústias! É nessa fase que precisam ter também outras atividades importantes, como a arte, a música, a dança e os esportes, ferramentas maravilhosas para tentar aquietar um oceano de agitações enclausurado em corpos ainda frágeis de gigantes sonhadores que, por enquanto, não encontraram seu lugar.
Quão grande é a responsabilidade de nossos pais ao optarem pelo caminho a ser seguido, quão grande deve ser a responsabilidade das instituições que recebem estes tesouros.
Há muito tempo me apaixonei pelo ideal de construir uma sociedade em que a vida, com toda sua beleza, graça e valores venha em primeiro lugar. Uma sociedade em que o equilíbrio entre mente e corpo esteja presente e a arte em todas as suas formas de expressão impregnadas por todos os cantos.
Loucuras de um sonhador? Talvez. Talvez a loucura de uma sociedade doente em que a maioria de seus indivíduos “livres das amarras morais” em busca de fama, poder e luxo tornam-se cegos e insensatos diante de tantas desigualdades e, sem se aperceberem, criam seus filhos para serem vitoriosos num mundo onde não conseguem enxergar que a cada dia, hora, minuto em que não mudamos nossa postura e atitudes com relação ao nosso próximo, mais uma criança morre vitimada pela fome ou pelos maus-tratos; mais uma mulher sucumbe vítima de vários tipos de violência; mais um jovem se perde nas drogas ou no crime; mais um velho cai no abandono... mais uma luz se apaga e a cada brilho de luz que se encerra pelo descaso e pela conivência nós somos derrotados em nossa essência; desprovidos de moral, de valores e de amor. Essa é a maior de todas as misérias: a miséria do espírito humano.
Talvez fazer uma escola em que o seu papel seja simplesmente o de preparar crianças para vencer uma etapa da vida, não seja tão interessante quanto fazer uma escola que prepara alunos para viver uma vida plena. É aí que devemos parar e pensar que mais importante que as etapas a serem vencidas são os valores de seus vencedores.

Por Fernando Rassi Nader no DM.

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Um comentário:

  1. Infelizmente, as autoridades que nos representam no coração da capital brasileira só realizam uma única função: a de se elegerem. Ao tomarem posse, planejam apenas o futuro dos seus próprios filhos, e esquecem que o progresso do país está na força da juventude que vai lutar para conseguir emprego digno após completar os estudos.

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