segunda-feira, 4 de outubro de 2010

HOMENS DE PROVETA



O atual estilo de vida altamente competitivo na sociedade, no mercado de trabalho e, mesmo, nas relações familiares, tem causado uma série de disfunções e até enfermidades na medida em que separa o homem do encadeamento natural do seu processo de crescimento como ser humano que, além de suas responsabilidades coletivas, necessita sobremaneira de alcançar seus anseios e aspirações individuais, precipitando-o para uma dependência total e cega ao materialismo. Hoje é usual dizermos que “o tempo é dinheiro”, o que leva a humanidade a disputar um falso poder como forma de subsistência, induzindo as pessoas a "irem à luta" por medo de não terem recursos para sustentar a sua sobrevivência e de sua família.

Acresce a isso o espantoso e desmedido grau de desenvolvimento tecnológico obtido, cujo acesso a globalização proporcionou também aos países mais pobres, resultando num fenômeno que coloca as pessoas sob o domínio das corporações informatizadas, que criam sem cessar equipamentos e aparatos que afastam, no dia-a-dia, os homens da Natureza. Os celulares, os automóveis, os robôs estão sendo reproduzidos em número maior e mais rapidamente que os humanos e estes já estão integralmente dependentes dessas máquinas. Essa subordinação artificial obscurece os dons naturais latentes do homem: dependência e escravidão às máquinas em detrimento do potencial de cada um.
Homens artificiais, homens sem alma!

Essa situação também incide sobre políticos e governantes. Nossos representantes na sociedade, com responsabilidades para atuar no Legislativo e no Executivo, via de regra continuam num debate morno e interminável, sem conseqüências reais para o equacionamento das soluções para a pobreza, como que deliberadamente a considerassem necessária para a sua manutenção no poder.

A chamada direita, costuma referir-se a fatores estruturais que impedem o crescimento econômico como a fraca proteção dos direitos de propriedade, a falta de um eficaz sistema de crédito, o crime, a corrupção e a regulamentação excessiva que prejudica a eficiência econômica.

Já a denominada esquerda vê a pobreza como o resultado de diferentes fatores sistêmicos, afirmando que ela é causada pela carência de oportunidades (principalmente de educação, empregos etc) e que há uma falta de maior intervenção governamental para aliviar a pobreza, considerando isto uma questão de justiça social e responsabilizando os mais ricos no sentido de ajudarem os necessitados. Pura ideologia e doutrinação, tanto de um lado quanto de outro.

Com o modelo de gestão governamental atual, que exclui a participação popular nas decisões que irão impactar suas vidas, nada de novo ocorrerá no horizonte de nossa sociedade. Nossos políticos fazem ouvidos moucos a esse imperativo social e temem ter seu poder centralizador diminuído por esse novo paradigma estruturante de um governo compartilhado.
O povo, mais cedo ou mais tarde, entenderá (e isso já começa a ser sentido em passos largos) que o verdadeiro poder emana de sua consciência, que é individual, intransferível e, mais importante, secreto.
Lembre-se de uma reflexão de Gibran Khalil Gibran em que “A neve e a tempestade destroem as flores, mas nada podem contra a semente”.


Antonio Alencar Filho.

Comente aqui ou no dihitt.

Um comentário: