terça-feira, 12 de outubro de 2010

Todas as mulheres são vaidosas?



Exagero! Esta pergunta generalizadora não resiste a uma análise profunda, haja vista a dicotomia: existem mulheres e mulheres! Não se pode, portanto, universalizar aquilo que, por natureza, é diferenciado. Ao longo de nossa vida, conhecemos muitas e muitas mulheres que são os melhores exemplos de seres humanos desprovidos de quaisquer traços de vaidade, pois estão mais voltadas para os filhos, maridos, parentes, e pessoas que delas dependem, enfim, estão sempre praticando o altruísmo. Vivem entregues aos trabalhos de ajudar a família ou até mesmo mantê-la. Por isto mesmo, por estarem empenhados na luta pela subsistência, nunca têm tempo parta cuidar de si mesmas, ou seja, cultivar a vaidade que muitos acham ser um traço comum ao sexo feminino. Coitadas! Às vezes não têm sequer o tempo necessário para olhar-se ao espelho, porque as obrigações lhes falam mais alto. Contudo, outras – que não constituem maioria – dispondo de mais tempo e recursos materiais, sabem cuidar do próprio corpo como se este fosse um bem supremo e, para tanto, suportam os maiores sacrifícios, longos e inimagináveis: exercícios físicos, operações plásticas, dietas rigorosas, massagens, uso constante de cosméticos, fuga ao sol – aliás, o que fazem muito bem! Enfim, uma rigorosa fidelidade aos ditames da moda no calçar e vestir! Não dispensam jóias e tudo aquilo que lhes possa embelezar o corpo. São, portanto, hedonistas!
Tanto no primeiro caso, como no segundo, se a beleza física ou a modéstia vierem acompanhadas das boas qualidades da alma e do coração nelas vamos encontrar sempre os melhores exemplos de mulheres verdadeiramente encantadoras!
Vale ainda ressaltar que, em ambos os casos, não gostam de envelhecer. É muito doloroso para elas refletir sobre a verdade do poema de Cassiano Ricardo (1895-1974), intitulado
– O Relógio:

“Diante de coisa tão maluca,
conservemo-nos calados.
Um minuto que passa
nunca é mais
É sempre menos...
Desde que se nasce
Começa-se a morrer...!”
Por falar em envelhecer – assunto que assusta a maiorias das mulheres – nunca nos esquecemos do que aconteceu com a poetisa Cora Coralina (1889-1985): Certo dia, um jornalista – curioso e imprudente – resolveu entrevistá-la e, no meio das perguntas, saiu-se com esta:
“Dona Cora, eu tenho uma curiosidade enorme em saber quantos anos a senhora têm”!... E ela, em cima das buchas lhe respondeu:
– “Meu filho, eu sou de uma época em que não era de bom tom um cavalheiro fazer perguntas deste tipo... E mais ainda: Não sei bem a minha idade, porque eu nasço e renasço a cada momento!”
Quanto ao não gostar de envelhecer, nós temos um remédio – recomendado às mulheres e aos homens que não querem assumir a própria velhice. Remédio infalível e sem contra-indicação, porém marcado pelo humor negro: Quem não quiser envelhecer é só morrer cedo! Desta forma, a todos aqueles que optaram por esta receita, os demais poderão dizer: Vejam só, acabamos de sepultar um defunto novinho em folha!

Ático Vilas-Boas da Mota. No DM.

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