sábado, 2 de outubro de 2010
Como será o seu final de semana?
O maior índice de acidentes nas estradas, de brigas e assassinatos, de violência e de tragédias acontece nos feriados e nos finais de semana. Para que serve o dia de domingo? Para que serve o final de semana?
O final de semana traz variadas expectativas às pessoas. Há quem o aguarda para trabalhar, pois tem no sábado e no domingo os dias de maior movimento comercial. Há os que se sentem entediados, com solidão e sem ter o que fazer. Há os que se empenham em trabalho pastoral ou social. Há os que planejam os passeios, o descanso e o lazer. E, ainda, há quem passa o tempo todo embriagado e envolvido em brigas. Qual é mesmo o sentido de um final de semana? Como se dispõe do tempo?
Para o povo hebreu, o sábado (shabbat) era o dia do descanso jubilar e de recordar para santificar. A narrativa da criação do mundo, numa visão antropomórfica, descreve sobre o descanso do Criador no sétimo dia, a fim de contemplar e regozijar-se por tudo o que foi criado. O repouso assumiu, para os hebreus, um valor sagrado. Sentiam-se repousando no Senhor, devolvendo-lhe toda a criação, na ação de graças e na intimidade filial.
O sábado hebraico, além da obra da criação, também era reconhecido como libertação da escravidão no Egito. Como escravos, eles não tinham o direito ao descanso. A terra prometida, mais que um território, foi conquista da liberdade e da dignidade. E isso devia ser permanentemente recordado. “Recorda-te de que foste escravo do país do Egito, donde o Senhor teu Deus te fez sair com mão forte e braço poderoso. É por isso que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia do sábado” (Dt 5,15).
Em 31 de maio de 1998, o papa João Paulo II escreveu uma belíssima Exortação Apostólica, intitulada Dies Domini, o Dia do Senhor. Nesse documento, o papa lembra que o domingo é uma festa primordial, reveladora do sentido do tempo. O domingo é uma antecipação da parúsia, do futuro definitivo de todos nós. É uma profunda experiência de gratidão a Deus, é afirmação plena de nossa liberdade, é repouso no Senhor e em Sua graça. Por isso, o “oitavo” dia é a imagem da eternidade.
O domingo é a memória da ressurreição. Foi ao amanhecer do primeiro dia da semana que os discípulos tiveram a mais bela notícia da história: Ele havia ressuscitado. Então, nEle, todos ressuscitaríamos. Por Ele, se estabelecia uma nova criação e uma nova aliança. Por isso, os cristão da primeira hora do cristianismo procuraram fazer uma progressiva distinção entre o sábado hebraico e o domingo. Não se tratava de substituir o sábado pelo domingo, mas de compreender e viver o domingo como o dia do Senhor ressuscitado, um novo gênesis em que toda a criação se refez, uma nova aliança em que não apenas os grilhões da escravidão egípcia, mas os grilhões da morte e do pecado haviam se rompido pelo Cordeiro imolado na Cruz. Assim, o domingo tornou-se a páscoa semanal, o dia do Senhor ressuscitado, o dia da assembléia eucarística para celebrá-lo, o dia do banquete pascal e do encontro fraterno, o dia da participação, o dia do envio para a missão, o dia da caridade e dos gestos de solidariedade.
Guardo com viva memória essa reflexão sobre o significado do domingo. Eu a aprendi com apenas 12 anos. Levei-a tão a sério que ninguém em casa me convencia, no domingo, sequer a ajudar a lavar a louça do almoço. Compreendi, com limitado alcance, que o dia do Senhor era o dia do repouso e da oração. Não faltava à missa e não trabalhava por nada! As décadas se passaram e nesse tempo muita coisa mudou. Também mudei. Tive de reinterpretar e recolocar o significado do domingo. Mas ficou aquela primeira lição da infância, jamais esquecida. E, assim, os domingos sustentaram e deram sentido aos demais dias de minha vida.
Talvez, outra vez, seja necessário reaprender a bem-viver os finais de semana e a repensar acerca do significado do tempo. Certamente, o tempo traz consigo denso significado espiritual. Mas, sobretudo, uma nova consciência sobre os finais de semana pode suscitar menos violência, mais diálogo familiar, maior convivência e encontro, mais fraternidade e paz.
Wolmir Therezio Amado no DM.
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Postado por
William Junior
às
08:53
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Ao meu ver não existiria nem feriados.
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