quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Por uma velhice útil e agradável



O idoso não deve isolar-se. Não, não e não. Deve procurar desenvolver um mínimo de sociabilidade. Conversar com os vizinhos, trocar idéias...
Um fraterno amigo, escreveu para uma publicação, que nos é filosoficamente muito cara e de muito boa qualidade gráfica, uma matéria em que enfoca o tema “Velhice”. O tema é de bom tamanho e evidencia um caminho comum a todos nós. Profundamente humano e para o qual muitos preferem ignorar. Ele é vasto. A rigor, vastíssimo. Resolvi aprofundar um pouco mais o tema. Ainda que rapidamente, compartilhando emoções.
A digressão que, modestamente nos propomos parte do adjetivo “velho”, que é de origem latina “ventulus”, definido como sendo “pessoa que tem idade avançada”. Ou, ainda é expressão do “que existe há muito tempo”. E, também, a expressão é utilizada para referir-se a seu emprego e uso por muito tempo, ou seja, é um “método tão velho, quanto eficaz”.
A referência desse adjetivo é grande e, vale de acordo com a circunstância, em que é utilizado. Uma coletânea de idéias que recentemente registrei, enfatiza uma situação, que define de forma interessante, a perspectiva da temática, que enfoca o substantivo “velhice” e o adjetivo “velho”.
Assim, por exemplo, temos uma definição da temática que referencia: “nos olhos do jovem arde a chama, nos olhos do velho, brilha a luz. Sendo assim, não existe idade, somos nós que a criamos. Se não crês na idade, não envelhecerás até o dia de sua morte”. Este pensamento é melancólico, mas paradoxalmente de grande positividade. Pleno de razão.
É claro que a perspectiva da velhice se tem o aspecto físico, tem, também, a referência espiritual. A pessoa pode ser de idade, nos termos da Certidão expedida pelo Cartório de Registro Civil. Ou “muito mais antiga”, face ao modo pelo qual encara a própria vida. Encontramos jovens desanimados, “pra baixo”, como e também encontramos “pessoas de idade”, entusiasmadas, acreditando nos valores da vida. A vida em plenitude, suportando com estoicismo, os trancos do cotidiano, ou seja, “enfrentando os trancos e barrancos da vida”.
As pessoas pessimistas tendem a ver tudo de forma negativa. É o caso que se conta de dois amigos, que se encontraram pelas ruas da vida e, um deles de forma negativa, dizia que no dia seguinte “ia chover”. E, o outro, com visão mais positiva, dizia que o outro dia, “seria, igualmente, iluminado pelo sol”. É óbvio que precisamos desses dois elementos da natureza.
É evidente que precisamos desses dois elementos da natureza. O planeta precisa de sol e precisa de chuva. Não se pode viver sem a conjugação desses importantes elementos. Eles representam a vida. Representam a oxigenação da vida em toda a sua extensão. O homem precisa de ambos de forma continuada e, sobretudo, equilibrada. Aliás, o normal da vida é o equilíbrio em todos os sentidos.
Quando predomina a seca, todos nós já tivemos oportunidade de ver suas conseqüências. Ainda recentemente, quando da realização da Copa Mundial de Futebol, a televisão apresentou reportagens especiais focando o continente africano. Ao lado do que se viu na arquitetura de Joanesburgo/África do Sul, viu-se, também, a pobreza predominando no interior do país. A seca inclemente castiga a população negra, que tem um comportamento estoico na desgraça, que lhe é impingido pela natureza e pela ação política. E, seguramente, neste país, a vida dos velhos não tem nenhuma perspectiva de dignidade.
Em que pese por aqui e acolá, aspectos discutíveis, a vida de todos os cidadãos merece respeito. E, de modo particular os velhos. Aqueles que ao longo da vida lutaram para criar e educar filhos. Encaminhá-los, dando-lhes formação cultural e profissional, para enfrentar um mercado de trabalho sempre competitivo e, por isto mesmo, exigente.
O idoso não deve isolar-se. Não, não e não. Deve procurar desenvolver um mínimo de sociabilidade. Conversar com os vizinhos, trocar idéias. Ir até a esquina, evitando, o quanto possível a passagem por locais “para tomar um aperitivo”, dado que a saúde não mais permite. E, na velhice, o bom é vivê-la com dignidade, evitando toda e qualquer prática, que possa comprometer esse bem, que é a saúde.
Temos tido pela cidade, em promoções oficiais e de iniciativa particular, eventos realizados em parques públicos, com música, manifestações artísticas, religiosas e de variada gama social, em que os velhos podem passar momentos agradáveis.
E mais. A leitura de jornais e a sintonia de emissoras de rádio e televisão oferecem espaços para que todos possam ter momentos de vivência importante. Momentos que possam tornar a velhice fundamentada na utilidade e de forma muito agradável. Quando não um “bate-papo” descompromissado com moradores da vizinhança. E, mais a leitura de órgãos da imprensa, ouvir rádio, assistir televisão e, daí por diante.
Ser saudável é meta que anima os “idosos de todas as idades”, dentro das limitações de saúde. Vida saudável é perspectiva renovada.


Por João Dias de Souza Filho.

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