quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
A escrita à mão
Não sei em que dia caiu, mas houve um momento na Pré-História em que o homem, com um só gesto, avançou duas casas na escala evolutiva. Foi quando ele se pôs de pé e começou a garatujar com carvão na parede da caverna. Isso o separou dos outros animais, que continuaram ágrafos e de quatro.
De certa forma, esse gesto se repetiria nos bilhões de crianças que, desde então, fariam o mesmo na parede da sala, só que usando um lápis. Pois matéria de Talita Bedinelli numa Folha de janeiro me alertou para algo em que eu não tinha pensado: até quando nossas crianças, com suas mochilas equipadas com notebooks, celulares e toda espécie de badulaques eletrônicos, continuarão escrevendo... à mão?
A ideia de que tal prática seja abolida do cardápio de funções humanas é de assustar _mas, pela primeira vez, palpável. De fato, com um notebook sempre disponível, para que perder tempo e espaço com cadernos, esferográficas, lápis, borrachas e, pior ainda, com dicionários, gramáticas e livros de texto?
Ou talvez não haja motivo para preocupação. Eu próprio, em tenra idade, comecei a escrever a máquina quase ao mesmo tempo em que à mão. Isso não me livrou de usar caneta-tinteiro, mata-borrão, apontador de lápis, tabuada, régua e outros apetrechos, então obrigatórios na vida escolar. Mas só porque eu não podia levar a máquina de escrever para a sala de aula.
A história da escrita tem passagens lindas. Uma delas, narrada a mim por uma amiga, conta como, por volta de 1855, os barqueiros que singravam o Sena de madrugada, nos arredores de Rouen, se guiavam por uma luz de vela que, noite após noite, durante seis anos, saía da janela de uma casinha à margem do rio. Eles não podiam saber, mas era Flaubert escrevendo _à mão, é claro_ 'Madame Bovary'.
Ruy Castro.
Postado por
William Junior
às
16:52
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Lindo texto amigo William!
ResponderExcluirFaz refletir mesmo. Hoje em dia eu me vejo pegando poucas vezes em caneta e papel para escrever. Como funcionará para nossos filhos e netos? É uma boa pergunta... :-)
Parabéns pelo post.
Grande abraço, Fernandez.
Também já havia pensado nisso e, de certa forma, me sinto triste. A escrita à mão é muito mais romântica e valoriza a coisa. Por exemplo: O que é mais emocionante, uma dedicatória de algo a você escrito à mão ou digitado? Se por acaso a pessoa que dedicou a você morrer, o documento escrito por ela mesma não terá muito mais valor?
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