domingo, 14 de fevereiro de 2010
Minúcias - Luis Fernando Veríssimo.
É bom que coisas como aborto e casamento gay estejam sendo discutidas mais abertamente, no Brasil. Porque são questões importantes em qualquer lugar mas também porque ampliam o debate político. Minúcias de relacionamento humano e direitos individuais como estas crescem se transformam em matéria política quando as questões básicas da política – estabilidade institucional, partidos representativos, democracia rotineira – estão resolvidas, ou não afligem mais tanto. Poder ocupar-se de minúcias é sinal de um corpo político saudável, com tempo para pensar no outrora impensável. Ou, diria um opositor das novas discussões, para pensar em bobagem.
As controvérsias sobre aborto e casamento gay expandem o debate político, mas não transcendem velhas diferenças entre esquerda e direita, na medida em que uma representa o pensamento “progressista” e a outra o conservadorismo religioso e laico – e suas respectivas contradições. Para a esquerda a questão da descriminalização do aborto se resume no direito da mulher de reger seu próprio corpo sem arriscar sua vida em intervenções clandestinas, como as que existem hoje sem qualquer controle. Para a direita ninguém tem o direito de interromper uma vida, que começa na concepção. A posição da esquerda não é muito coerente com sua valorização do social sobre o individual. E conservadores raramente invocam o mesmo argumento usado para poupar um feto, a de que a vida é um dom sagrado, para poupar um condenado à morte. E nos dois casos, na proibição da mulher de dispor do seu ventre como quiser e na execução do condenado, defendem o que normalmente abominam: uma intromissão radical do Estado na vida das pessoas.
Quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, é surpreendente que esquerda e direita não se encontrem, em algum ponto. A posição progressista é de tolerância com a opção sexual de cada um, a dos conservadores é de condenar o homossexualismo e tudo que o legitime. Mas assim como um lado não pode deixar de achar careta, mas inspiradora a vontade de casar dos gays, com todos os parâmentros e as bênçãos tradicionais, o outro lado não pode deixar de admirar esta compulsão pela respeitabilidade. O matrimônio é um sacramento em declínio. Os gays podem recuperá-lo. Quem pode ser contra?
Luis Fernando Verissimo.
Fique a vontade para deixar sua opinião sobre o texto.
Postado por
William Junior
às
11:29
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Postagem mais recente
Postagem mais antiga
Página inicial
Linkbão
Oi Torpedo
Oi Torpedo Web
Click Jogos Online
Claro Torpedo
Claro Torpedo Gratis
Rastreamento Correios
Mundo Oi
oitorpedo.com.br
mundo oi torpedos
mundo oi.com.br
oi.com.br
torpedo-online
Resultado Dupla Sena
Resultado Loteria Federal
Resultado Loteca
Resultado Lotofacil
Resultado Lotogol
Resultado Lotomania
Resultado Mega-sena
Resultado Quina
Resultado Timemania
baixa-facil
Resultado Loterias
E-Scripter
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Num emaranhado desses?
ResponderExcluirNão existe opinião, existe estopim, rsrsrs.
Abração...
A propósito, sou a favor do casamento gay e contra o aborto... e vou saindo de fininho, rsrsrs.
Outro abraço.