terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Clarice Lispector



Quem nunca se encantou ou até chorou ao ler os poemas e pensamentos desta que é uma fábula da literatura brasileira. Eu particularmente tenho muito apreço aos emaranhados de palavras que já estão perto de completar um século... Mas, para você compreender um pouco, vamos voltar ao dia 10 de dezembro de 1920. Nesta data, há 89 anos, nasceu na cidade de Tchetchelnik, na Ucrânia, Haia Lispector. Você deve estar se perguntando quem é essa! Essa menina com nome difícil de pronunciar viria a se tornar uma das mais respeitadas poetisas. Clarice Lispector veio para o Brasil recém-nascida e sua família se estabeleceu em Maceió (AL) e depois no Recife (PE). Em 1935 mudou-se para o Rio de Janeiro. Por iniciativa de seu pai, à exceção de Tânia (irmã), todos mudam de nome: o pai passa a se chamar Pedro; a mãe, Marieta; Leia (irmã), Elisa; e Haia, em Clarice.

Após concluir o curso secundário, ingressou na Faculdade Nacional de Direito. Para manter-se, trabalhou como professora particular de Português e depois como jornalista. Sua estreia na literatura se deu com o romance Perto do Coração Selvagem, de 1944. Casou-se, em 1943, com o diplomata Maury Gurgel Valente, seu ex-colega de faculdade. O casal viveu fora do país, entre a Europa e os Estados Unidos, até 1959. Nesse ano, Clarice se separou do marido e voltou a morar no Rio com os filhos, Pedro e Paulo. Nos livros A Maçã no Escuro (1961), A Paixão Segundo G.H. (1964), Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres (1969) e A Hora da Estrela (1977) encontra-se seu estilo mais marcante, como o uso da metáfora insólita e uma narrativa intimista e psicológica. Morreu no Rio de Janeiro, em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de completar 57 anos. Vale lembrar que quando surgiu com o livro Perto do Coração Selvagem, Clarice Lispector foi comparada a escritores como James Joyce e Virginia Woolf. Tinha 17 anos e revolucionava a literatura brasileira da época com um estilo narrativo próprio, usando um monólogo interior com metáforas. “Uma vida completa pode acabar numa identificação tão absoluta com o não-eu que não haverá mais um eu para morrer.”

O Consulado-Geral do Brasil em Córdoba - Argentina participou, em 2007, de homenagem, dos alunos do 6º ano do nível médio, à escritora Clarice Lispector. O fato mereceu destaque na página de divulgação de eventos culturais do Ministério das Relações Exteriores. Naquela cidade, encontram-se 47 escolas que ensinam a Língua Portuguesa e aspectos da cultura e literatura brasileira. O Consulado-Geral também conta com uma pequena biblioteca, que atende ao público interessado nesses assuntos, embora não haja ali nenhuma obra da citada escritora. No entanto, têm sido publicadas, nos últimos tempos, notas sobre a vida e a obra de Clarice Lispector na imprensa local. Leia esse que é um dos mais conhecidos:

“Não te amo mais.

Estarei mentindo dizendo que

Ainda te quero como sempre quis.

Tenho certeza que

Nada foi em vão.

Sinto dentro de mim que

Você não significa nada.

Não poderia dizer jamais que

Alimento um grande amor.

Sinto cada vez mais que

Já te esqueci!

E jamais usarei a frase

Eu te amo!

Sinto, mas tenho que dizer a verdade

É tarde demais...”

Agora leia de baixo para cima.


Paulo Arantes.

3 comentários:

  1. Clarice Lispector, ao lado de Machado de Assis, é a maior contista e romancista brasileira.

    Abraços.

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  2. Oi,
    William,
    Parabéns pela aula de literatura. Show de bola. A pouco tempo postei o poema acima no meu blog dei o título de "na contramão" e desde então tenho pesquisado quem é o autor do mesmo...só por curiosidade literária mas, tenho quase certeza que não é da Clarice..
    bjos no seu coração e fica com Deus

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  3. Com certeza vale a pena um click.

    Eu adoro Clarice Lispector, tive a oportunidade de ler alguns livros de sua autoria e fiquei maravilhada com tanta intensidade em suas palavras.

    Tem uma frase que eu amooo, tanto que usei no endereço do meu blog.

    "sou uma longa frase com um ponto de interrogação,varias virgulas e pontos paragrados, mas nenhum ponto final."
    (Clarice Lispector)


    bjs

    Joicinha

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