

A literatura infantojuvenil tem ocupado um grande espaço nos meios de comunicação de massa, nos últimos anos, devido a fatores históricos como, por exemplo, o bicentenário de nascimento dos irmãos Grimm, o “julgamento” do Lobo Mau por um tribunal de Veneza e o relançamento do desenho animado Branca de Neve e os Sete Anões, apresentado pela primeira vez há 60 anos.
Aqui no Brasil, a literatura infantojuvenil parece ter alcançado finalmente o seu merecido lugar, com a consolidação das livrarias especializadas que, apesar do pequeno número, mostram que já temos um público definido e interessado. As vendas crescem de modo constante e expressivo.
Também o surgimento da crítica especializada, nos principais órgãos de imprensa, tem contribuído muito para desmistificar uma falsa realidade, antes lida como verdadeira – a de que a literatura infantojuvenil era um gênero de segunda categoria.
É preciso, também, que o programa Salas de Leitura, das entidades oficiais, seja reconhecido como um dos caminhos para o incentivo à literatura infanto-juvenil, para que seja ampliado. Essa foi uma das poucas oportunidades em que o governo federal, através do MEC, se preocupou com o assunto.
A população escolarizada no Brasil é deficiente, existindo o fato já bastante divulgado de 4 milhões de crianças dos sete aos 14 anos estarem fora das escolas. Para que o país consiga vencer os graves problemas sociais que atravessa, inclusive o da educação, será preciso que se comece na infância a corrigir tais distorções. O incremento do hábito de leitura seria um dos primeiros passos. Os pais devem considerar o livro como um instrumento com que a criança tenha um relacionamento íntimo, no qual vai aprender lições que ajudarão muito na sua formação posterior. Se uma criança não possui o gosto pela leitura na infância, na adolescência ou na fase adulta as coisas se tornarão difíceis. No exterior existem cadeiras de literatura infantil até em nível de pós-graduação. No Brasil, já tivemos nos Institutos de Educação o curso de literatura infantil, mas foi estranhamente desativado. Isso demonstra o quanto a nossa literatura infanto-juvenil é desprezada pelas autoridades. O pré-escolar é o grande momento onde deve haver um estímulo à leitura. Essa relação deve ser bem natural, e de forma lúdica, tanto em casa quanto na escola. Mas temos uma grande preocupação com o que a criança realmente deseja. Afinal, o que ela pensa sobre os títulos que estão à sua disposição? Sendo ela a maior interessada, é justo que se faça um levantamento nacional sobre as aspirações do nosso público infanto-juvenil, isso evitaria o pseudodidatismo que pode ser detectado em muitas obras.”
Se antes tínhamos que nos sujeitar à tradução de obras estrangeiras, hoje o que se vê é outra realidade. Desde que pais, professores e pedagogos passaram a se preocupar com o conteúdo dos livros dirigidos às crianças, surgiu em nosso meio editorial o que se pensou que fosse um fenômeno, um boom, mas na verdade, era o florescimento dos nossos competentes autores e ilustradores.
Foi nesse período que surgiu a chamada “corrente realista” na literatura infantojuvenil. A preocupação moralista e também pedagógica deu lugar aos temas ligados à nossa perspectiva sociocultural. Passou-se a questionar a realidade brasileira por intermédio de um humor feito com bastante seriedade. A questão da fantasia ou realidade deixou de ser relevante, o que importava (e ainda importa) era a criança vista como um ser humano e não como um pré-adulto, ou um adulto miniaturizado.
E onde entra Monteiro Lobato, depois do surgimento dessa corrente?
Simplesmente ele é imbatível. A literatura infantojuvenil brasileira tem nele o seu divisor de águas. Apesar de ter sido um escritor conservador para os adultos, Monteiro Lobato era modernista para as crianças. E foi o primeiro a criar a fantasia “abrasileirada”, sem trenós, neves e outros elementos estranhos à nossa realidade, numa época em que o pouco que produzia era uma cópia de modelos estrangeiros.
A função social da literatura infantil ultrapassa a sua própria expectativa, pois é na infância que se forma o hábito ou gosto pela leitura.
A existência hoje de uma literatura infanto-juvenil brasileira amadurecida é um fato que merece a maior consideração.
Vivemos o mundo da eletrônica, com todas as facilidades momentâneas. A nossa literatura infantojuvenil precisa conviver com os novos tempos. No rádio e na TV, infelizmente, também existe uma quase total ausência de espaço para a literatura infantojuvenil. É preciso que a mídia eletrônica seja estimulada a participar desse importante processo.
Nelson Valente.
Comente, fique a vontade!!!
Oi William, realmente é muito importante o aquecimento das facilidades para que os jovens brasileiros criem o hábito da leitura.
ResponderExcluiracho que o grande lance é esse....criar o hábito da leitura desde pouca idade....
Olá, Willian!
ResponderExcluirA nossa literatura em todos os seus segmentos é muito rica e importante. O que falta, na verdade, é oportunidade para muitos autores muitos bons divulgarem os seus trabalhos que são excelentes.
Abraços
Francisco Castro
Olá amigo William!
ResponderExcluirÉ bom que o interesse e o incentivo pela leitura, principalmente nas crianças, vem crescendo... Porém é sempre bom colocar os pés no chão e ver a tremenda distância que ainda temos de países leitores como a França, por exemplo. Temos muito trabalho pela frente ainda e espero que os incentivos continuem, pois sempre tenho receio do governo achar que está indo bem e diminuir a velocidade.
Gostei do post. Parabéns por trazer o assunto.
Forte abraço, Fernandez.
CONCORDO COM O TEXTO WILLIAN, A TELEVISÃO A MODERNIDADE E A INTERNET,FAZEM UMA CONCORRENCIA, QUASE DESLEAL COM A LITERATURA.
ResponderExcluirE ISSO NÃO É DE HOJE,UM EXEMPLO É O PRÓPRIO MONTEIRO LOBATO,QUE MUITOS SÓ CONHECEM ATRAVÉZ DAS ADAPATAÇÕES TELEVISIVAS,COMO POR EXEMPLO "O SÍTIO DO PICA PAU AMARELO"
TIVE A SORTE DE QUANDO JOVEM, ESTUDAR EM UM BOM COLÉGIO PÚBLICO "PEDRO II", ONDE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA , ALÉM DE INTERPRETAÇÃO DO TEXTO, TÍNHAMOS QUE FAZER A TAL DA ANÁLISE SINTÁTICA DO LIVRO QUE NOS ERA EXIGIDO COMO LEITURA " SEMANAL".
NÃO ME LEMBRO EM QUAL FASE SE ENQUADRA ,NA INFANTO-JUVENIL OU JUVENIL, MAS UMA SÉRIE DE LIVROS QUE ME FASCINARAM NESTA ÉPOCA , ERA A SÉRIE VAGA-LUME, QUE NOS APRESENTAVA VÁRIOS TÍTULOS COMO " O MENINO DE ASAS, JOGO SUJO, CABRA DAS ROCAS E TANTOS OUTROS...
SINTO SAUDADES...BONS TEMPOS AQUELES.
FELICIDADES ,PAZ E SUCESSO ,QUERIDO AMIGO!!!
Seria realmente ótimo que o pessoal da mídia eletrônica pensasse numa forma de usar literatura, porque é difícil para as crianças desviarem a atenção de uma distração dinâmica para uma estática, afinal até mesmo muito adulto põe p escanteio um bom livro em prol da movimentação da TV, da interatividade de um computador, etc e há outro ponto importante mencionado pelo Francisco Castro sobre a ausência de oportunidades para novos autores criativos com excelentes trabalhos engavetados. Quem não conhece pelo menos um deles? Finalmente não podemos esquecer o preço dos livros. Apesar da isenção de impostos, as fracas tiragens colocam os preços distantes das posses de muitas famílias que sequer podem pensar em entrar numa livraria.
ResponderExcluirOi William, a coleção completa de Monteiro Lobato que ganhei quando tinha 10 anos de idade foi o que "me fez" como leitora assídua. Acredito que seja esta a obra mais importante do gênero que existe no Brasil. Ainda não houve outro que a superasse.
ResponderExcluirbjs