domingo, 3 de outubro de 2010

O idoso e sua dignidade



Já dediquei vários artigos para refletirmos sobre a condição humana em suas diversas nuances nas várias fases da vida. Entre infância, adolescência, maturidade, questões de genêro e outras demandas sociais, pude convidar todos a tomar parte na problematização de inúmeras temáticas de nosso cotidiano olhando-as sobre o prisma da educação. Hoje, dedico esse texto ao idoso que teve o seu dia comemorado em 1º de outubro. O Dia Internacional do Idoso foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas – ONU a fim de qualificar a vida dos mais vividos com ações de promoção de saúde e de integração social.
Envelhecer é um processo natural de nossas vidas, iniciado ainda no momento em que nascemos e disso ninguém pode discordar. Essa é a verdade: envelhecemos e não há como freiar a ação inexorável do tempo. Ao contrário, acredito que podemos tirar proveito da passagem do tempo com sua gama de vivências e de aprendizagens que marcam nossa mente, nosso corpo e nossa alma. Cada fio de cabelo branco, cada marca de expressão é emblema das emoções, dos desafios e das conquistas enfrentadas.
Infelizmente, vivemos em uma sociedade que sacraliza e persegue um ideal de eterna juventude, relegando seus idosos, muitas vezes, ao patamar da inércia e da incapacidade. A concepção que embasa esse tipo de crença é a de que envelhecer é passar da atividade para a passividade. De acordo com esse pensamento, o passar dos anos rouba a capacidade produtiva, a capacidade de ser e estar cidadão e cidadã, a capacidade de estar com e para a família. Ocorre que os anos passam, é verdade, e com ele parte do vigor se esvai, o que também é inegável, mas isso não significa que o ser humano pode ser diminuído em sua dignidade.
A vida do idoso não pode ser marcada pela limitação e o isolamento. Há que se preservar e cultivar seus valores, habilidades, opinião própria e sabedoria de vida. Os tempos e espaços dedicados ao idoso precisam ser ampliados e aprimorados pela família, a comunidade e a sociedade para potencializar sua dignidade. Tal esforço deve ser traduzido em ações e estratégias desenvolvidas com o intuito de dignificar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua liberdade, autonomia, bem-estar e garantindo-lhes o direito a uma vida plena.
Muito já foi feito pelo idoso em termos de políticas públicas traduzidas em leis e programas, a exemplo do Estatuto do Idoso – um grande passo, sem dúvida, mas ainda um desafio do ponto de vista da implementação. Um dos grandes desafios, talvez o maior de todos, seja superar a concepção de que a pessoa idosa é incapaz e deve permanecer passiva. Precisamos abrir espaço para uma nova mentalidade. Uma mentalidade que faça distinção entre o idoso e o velho. O termo idoso é usado para designar aquele que é farto em dias, já a expressão velho é sinônimo de pessoa ultrapassada, sem vigor e inapta.
Nessa nova concepção, idoso é quem tem o privilégio de viver uma vida longa, e, portanto tem muita história e sabedoria para compartilhar, e não mais concebido como velho, pois velho é quem perdeu a jovialidade. Idoso é aquele que pela idade avançada sofre as consequências da degenerescência das células, mas mantém a mente ativa e não deixa o espírito degenerar. Idoso é quem cultiva sonhos e afasta a dormência da velhice. Idoso é aquele que aprende, enquanto que o velho é aquele que nem mesmo ensina.
Idoso é quem se exercita, velho é aquele que somente descansa. O idoso ainda faz planos, o velho apenas tem saudades. Para o idoso a vida se renova a cada dia que começa... para o velho a vida se acaba a cada noite que termina. Para o idoso o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida... para os velhos todos os dias parecem o último de uma longa jornada. Para o idoso o calendário está repleto de amanhãs... para o velho o calendário só tem ontens. Para você, idoso, meus sinceros parabéns! Que sua força e sabedoria de vida possam ser repartidos com as atuais gerações. E, para você, que ainda não é idoso, desejo uma longa vida, sem jamais perder a jovialidade!

Márcia Carvalho no DM.

Quem desejar comentar o texto fique a vontade.

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