Cerca de oito milhões
de toneladas de lixo plástico são lançadas nos oceanos anualmente, segundo
cientistas. Essa quantidade poderia cobrir 34 vezes toda a área da ilha de
Manhattan, em Nova York, com uma camada de lixo à altura dos joelhos de uma
pessoa. Além disso, supera de 20 a duas mil vezes os cálculos anteriores sobre
a massa de plástico levada pelas correntes oceânicas.
O novo
estudo é considerado um dos melhores esforços para quantificar o plástico
despejado, queimado ou arrastado para o mar. Segundo os pesquisadores, a
análise também pode ajudar a descobrir a quantidade total de plástico existente
hoje no oceano – não apenas o material que é encontrado na superfície ou nas
praias.
Grandes
quantidades de resíduos podem estar escondidas no fundo dos oceanos ou
fragmentadas em pedaços tão pequenos que não são captados pelas análises
convencionais. Essas partículas estão sendo ingeridas por criaturas marinhas –
o que pode resultar em consequências desconhecidas.
Os
detalhes foram divulgados no encontro anual da Associação Americana para o
Avanço da Ciência.
Vilões dos mares
A
equipe de especialistas analisou dados populacionais com informações sobre a
quantidade de lixo gerado e gerenciado (ou não gerenciado). Eles elaboraram
cenários para prever a quantidade de plástico despejado nos oceanos.
Para o
ano de 2010, esses cenários variam de 4,8 milhões a 12,7 milhões de toneladas.
A cifra de oito milhões de toneladas é a média dessa variação.
O
cenário conservador equivale em termos de massa à quantidade de atum pescada
anualmente nos oceanos. “Isso significa que estamos tirando atum e colocando
plástico em seu lugar”, disse Kara Lavender Law, coautora da pesquisa e
porta-voz da Associação Educacional do Mar de Woods Hole, no Estado americano
de Massachussetts.
Os
cientistas também fizeram uma lista dos países que seriam os maiores
responsáveis pelo despejo desses resíduos. As 20 nações que despejam as maiores
quantidades seriam responsáveis por 83% do plástico mal gerenciado que pode
entrar nos oceanos.
A China
ocupa o topo da lista, produzindo mais de um milhão de toneladas. Mas a equipe
ressalva que é preciso levar em conta a imensa população do país e a extensão
da sua costa.
Os
Estados Unidos ficaram no 20º lugar da lista. O país tem uma grande área
costeira, porém adota melhores práticas de descarte do lixo. Por outro lado, os
EUA registram altos níveis de consumo de plástico per capita. A União Europeia
é analisada em bloco e ocupa o 18º lugar na lista.
Soluções
O
estudo recomenda soluções para o problema. Afirma que as nações ricas precisam
reduzir seu consumo de produtos descartáveis e embalagens de plástico, como
sacolas plásticas. Já os países em desenvolvimento têm que melhorar o
tratamento do lixo.
“O
crescimento econômico está ligado à geração de lixo. O crescimento econômico é
uma coisa boa, mas o que você vê normalmente em países em desenvolvimento é que
a estrutura de tratamento do lixo é deixada de lado”, disse a pesquisadora
Jenna Jambeck, da Universidade da Georgia.
“Isso
faz algum sentido na medida em que eles estão mais focados em produzir água
limpa e melhorar o saneamento. Mas não devem se esquecer desse tratamento
porque os problemas só vão ficar piores.”
A
equipe de pesquisadores estima que a quantidade de plástico jogada anualmente
nos mares pode alcançar 17,5 milhões de toneladas até 2025. Isso significa que
até lá 155 milhões de toneladas chegarão aos oceanos. O Banco Mundial estima
que o patamar máximo de lixo produzido no mundo só será atingido em 2100.
O
pesquisador Roland Geyer, da Universidade da Califórnia, que também participou
do estudo, disse que não é possível limpar o plástico dos oceanos. “Fechar a
torneira é a única solução”, afirmou à BBC. “Como você recolheria o plástico do
fundo dos oceanos considerando que a sua profundidade média é de 4,2 mil
metros? Temos antes que evitar que o plástico chegue aos oceanos.”
“A
falta de sistemas de tratamento de lixo alimenta a entrada de plástico no
oceano”, diz o cientista. “Ajudar todos os países a desenvolver estruturas de
tratamento é a mais alta prioridade”, disse.
BBC.
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