sábado, 14 de fevereiro de 2015

O verdadeiro sentido de autoridade: Orientar sem impor

Primeiramente, o conceito de autoridade precisa ser desmistificado, sendo que é comum se ver autoridade ser confundida com autoritarismo. Considero então, necessário esclarecer esse conceito. 

 A autoridade é uma característica do líder. O verdadeiro líder é aquele que sabe dirigir outras pessoas com sabedoria, é aquele que sabe o que faz e porque o faz, colocando-se a serviço, para o bem comum. O exercício da autoridade exige maturidade para educar com senso de responsabilidade, portanto é uma tarefa que requer coragem e determinação, sendo assim é uma ação heroica. A legítima autoridade deve gerar disciplina, e a disciplina visa à liberdade interior, a capacidade de criar, de aceitar a ação correta, gerando assim a responsabilidade. Responsabilidade é o reconhecimento da autoria de seus próprios atos, assim como a aceitação das suas consequências.

 O grau de liberdade para aceitação de um ato, é que determina o seu grau de responsabilidade. Sem liberdade não há autoconhecimento. Devemos ser livres para ter capacidade de crescer e assim assumir riscos. Liberdade e obediência se conjugam harmonicamente em disciplina. Na medida em que a criança aprende a assumir a autoria de seus atos e as suas consequências, torna-se responsável. Sendo assim, a criança só aceita bem a sansão quando se sente responsável pelos seus atos.

 O papel do educador é ajudá-la nesse processo, e não simplesmente recriminá-la. Para que haja o reconhecimento da autoridade dos pais é preciso que se estabeleçam relações hierárquicas dentro da família. É importante deixar claro, qual é o papel da criança, assim como dos pais, na dinâmica familiar.

 Os pais estabelecem as regras e os filhos as cumprem. As regras são necessárias para que a ordem e disciplina se instalem no convívio familiar. Uma vez estabelecidas, não se pode mais voltar atrás. Por esta razão elas devem estar fundamentadas em princípios sólidos e morais dominantes na família. As regras servem para evitar os erros e potencializar os acertos, e não para submeter. Os erros e a inversão da posição dos membros na família, como ocupar o lugar do pai ou da mãe na cama, decidir a hora se dormir, tomar decisões que compete aos pais, decidir o que quer e como quer fazer algo, o que quer comprar, o que quer e como quer comer, onde e como quer ir e vir etc…, desarmonizam as relações causando desgaste e tensão em toda a família por transferir para a criança um poder que não é dela.

 Vale lembrar que opinar ou fazer escolhas é diferente de decidir. A palavra final é sempre dos pais, pois são eles que devem saber o que é bom e necessário para os filhos. Desta forma, os pais estarão exercendo a verdadeira e legítima autoridade, e a ordem, harmonia e disciplina certamente reinará na família. 

Em contra partida, o autoritarismo é cego, leva à obscuridade, à servidão, à submissão, à dependência, pondo na alma da criança o gosto amargo da derrota, gerando assim, a ausência da vontade. O autoritário somente dá ordens, não respeita, não deixa espaço para o diálogo, faz uso de ameaças e promessas, ficando ainda pior, se não forem cumpridas. A ameaça é a arma do covarde, do fraco, para conseguir o que deseja. (o bulling é o retrato disso). 

Ameaçar, prometer e castigar não traz o resultado desejado na educação, e denota fraqueza, pois são sinais de incompetência, de impotência para exercer a autoridade, além de gerar na criança, sentimento de inferioridade e de culpa, sentimentos estes altamente nocivos para a sua autoestima. A culpa gera medo e o medo paralisa, gerando impotência. A punição gera culpa, a culpa produz frustração permanente o que inibe a ação e danifica a personalidade da criança. Uma atitude autoritária atinge e fere a moral de uma criança, por exemplo: punir uma criança porque sujou a roupa, quebrou algo, cometeu um ato inadequado, são atos que não podem ser transformados em problemas morais, pois pode ser resultado de um descuido ou mesmo um acidente. 

Uma criança não é má só porque cometeu uma ação inadequada, e também não é feia por isso. Nesse caso a criança necessita de orientação e correção através de uma metodologia, nunca de punição. Muitas vezes os pais têm competência e autoridade para castigar e até humilhar uma criança, mas não a tem para modificar o seu comportamento. 

A mudança de comportamento é fruto de uma metodologia adequada de correção que poderá ajudá-la a se tornar melhor e mais fortalecida para agir adequadamente. Em posse desse discernimento entre autoridade e autoritarismo, convido os pais a educar seus filhos com a verdadeira autoridade, onde o amor, o bom senso e a sabedoria sejam o norte que os conduzirão dentro da família, onde a bondade, a beleza e a justiça prevaleçam. Esse texto tem a assinatura de Maria de Lourdes Barduco, diretora do Centro Educacional Infantil Giordano Bruno de Curitiba-PR, e nos ajuda a refletir sobre nossas praticas como pais e professores.


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