Primeiramente, o conceito de autoridade precisa ser desmistificado,
sendo que é comum se ver autoridade ser confundida com autoritarismo. Considero
então, necessário esclarecer esse conceito.
A autoridade é uma característica do líder. O verdadeiro líder é
aquele que sabe dirigir outras pessoas com sabedoria, é aquele que sabe o que
faz e porque o faz, colocando-se a serviço, para o bem comum. O exercício da
autoridade exige maturidade para educar com senso de responsabilidade, portanto
é uma tarefa que requer coragem e determinação, sendo assim é uma ação heroica.
A legítima autoridade deve gerar disciplina, e a disciplina visa à liberdade
interior, a capacidade de criar, de aceitar a ação correta, gerando assim a
responsabilidade. Responsabilidade é o reconhecimento da autoria de seus
próprios atos, assim como a aceitação das suas consequências.
O grau de liberdade para aceitação de um ato, é que determina o
seu grau de responsabilidade. Sem liberdade não há autoconhecimento. Devemos
ser livres para ter capacidade de crescer e assim assumir riscos. Liberdade e
obediência se conjugam harmonicamente em disciplina. Na medida em que a criança
aprende a assumir a autoria de seus atos e as suas consequências, torna-se
responsável. Sendo assim, a criança só aceita bem a sansão quando se sente
responsável pelos seus atos.
O papel do educador é ajudá-la nesse processo, e não simplesmente
recriminá-la. Para que haja o reconhecimento da autoridade dos pais é preciso
que se estabeleçam relações hierárquicas dentro da família. É importante deixar
claro, qual é o papel da criança, assim como dos pais, na dinâmica familiar.
Os pais estabelecem as regras e os filhos as cumprem. As regras
são necessárias para que a ordem e disciplina se instalem no convívio familiar.
Uma vez estabelecidas, não se pode mais voltar atrás. Por esta razão elas devem
estar fundamentadas em princípios sólidos e morais dominantes na família. As
regras servem para evitar os erros e potencializar os acertos, e não para
submeter. Os erros e a inversão da posição dos membros na família, como ocupar
o lugar do pai ou da mãe na cama, decidir a hora se dormir, tomar decisões que
compete aos pais, decidir o que quer e como quer fazer algo, o que quer
comprar, o que quer e como quer comer, onde e como quer ir e vir etc…,
desarmonizam as relações causando desgaste e tensão em toda a família por
transferir para a criança um poder que não é dela.
Vale lembrar que opinar ou fazer escolhas é diferente de decidir.
A palavra final é sempre dos pais, pois são eles que devem saber o que é bom e
necessário para os filhos. Desta forma, os pais estarão exercendo a verdadeira
e legítima autoridade, e a ordem, harmonia e disciplina certamente reinará na
família.
Em contra partida, o autoritarismo é cego, leva à obscuridade, à
servidão, à submissão, à dependência, pondo na alma da criança o gosto amargo
da derrota, gerando assim, a ausência da vontade. O autoritário somente dá
ordens, não respeita, não deixa espaço para o diálogo, faz uso de ameaças e
promessas, ficando ainda pior, se não forem cumpridas. A ameaça é a arma do
covarde, do fraco, para conseguir o que deseja. (o bulling é o retrato
disso).
Ameaçar, prometer e castigar não traz o resultado desejado na educação,
e denota fraqueza, pois são sinais de incompetência, de impotência para exercer
a autoridade, além de gerar na criança, sentimento de inferioridade e de culpa,
sentimentos estes altamente nocivos para a sua autoestima. A culpa gera medo e
o medo paralisa, gerando impotência. A punição gera culpa, a culpa produz
frustração permanente o que inibe a ação e danifica a personalidade da criança.
Uma atitude autoritária atinge e fere a moral de uma criança, por exemplo:
punir uma criança porque sujou a roupa, quebrou algo, cometeu um ato
inadequado, são atos que não podem ser transformados em problemas morais, pois
pode ser resultado de um descuido ou mesmo um acidente.
Uma criança não é má só porque cometeu uma ação inadequada, e também não
é feia por isso. Nesse caso a criança necessita de orientação e correção
através de uma metodologia, nunca de punição. Muitas vezes os pais têm
competência e autoridade para castigar e até humilhar uma criança, mas não a
tem para modificar o seu comportamento.
A mudança de comportamento é fruto de uma metodologia adequada de
correção que poderá ajudá-la a se tornar melhor e mais fortalecida para agir
adequadamente. Em posse desse discernimento entre autoridade e autoritarismo,
convido os pais a educar seus filhos com a verdadeira autoridade, onde o amor,
o bom senso e a sabedoria sejam o norte que os conduzirão dentro da família,
onde a bondade, a beleza e a justiça prevaleçam. Esse texto tem a assinatura de
Maria de Lourdes Barduco, diretora do Centro Educacional Infantil Giordano
Bruno de Curitiba-PR, e nos ajuda a refletir sobre nossas praticas como pais e
professores.
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