Estar feliz com a vida profissional, amar o que faz, trabalhar
no emprego dos sonhos, não são tarefas das mais fáceis. Para entender o que o
brasileiro pensa sobre o emprego dos sonhos, a Catho, classificado online de
empregos, realizou uma pesquisa que mostra as características mais valorizadas
na vida profissional. Para 43,4% dos respondentes, a qualidade de vida é o que
melhor define o emprego dos sonhos. Já para 13,2% e 12,9%, horário flexível e
autonomia nas decisões, respectivamente, são as principais características.
Em uma outra pergunta, os brasileiros foram colocados à prova.
Perguntados se preferem ganhar bem mesmo que não façam o que realmente gostam
ou trabalhar com o que realmente gostam mesmo que ganhem menos, a grande
maioria (81,1%) diz preferir a segunda opção e dão mais valor a fazer o que
gosta em relação ao salário.
“As pessoas estão buscando mais qualidade de vida e mais tempo
com a família. Tanto homens como mulheres preferem ter um trabalho que o
realize mesmo que tenha um salário menor nesse emprego. Fazer algo em que
realmente consiga entregar um resultado que satisfaça a empresa e,
principalmente, a si próprio e fazer a diferença, são características que
acabam refletindo na realização do trabalho ou o emprego dos sonhos”, comenta
Luís Testa, head de Pesquisa e Estratégia da Catho.
A pesquisa ainda permitiu que os 1.435 respondentes descrevessem
qual a profissão dos seus sonhos. Ser empreendedor foi uma das respostas mais
citadas. Entre as principais áreas de atuação, o ramo de alimentação,
encabeçado por dono de estabelecimento e engenheiro de alimento, além de
engenharia de maneira geral, foram as preferidas dos brasileiros.
Felicidade
De acordo com Cyndia Bressan, psicóloga, coach e coordenadora do
MBA Gestão de Pessoas por Competências, Indicadores e Resultados do Instituto
de Pós-Graduação (IPOG), trabalhar com o que gosta pode influenciar, mesmo que
indiretamente, na saúde e felicidade. “À medida em que uma pessoa faz o que
gosta, a tendência é que ela se estresse menos, logo, ela pode ter uma vida
mais saudável. E ela vai ter um dia-a-dia mais feliz.” A psicóloga lembra ainda
que há uma maior produtividade daquele que trabalha com o que gosta. “Você vai
estar curtindo fazer aquilo, e não só fazendo por fazer ou porque é uma
obrigação.” Bressan destaca que, mesmo que você goste do seu trabalho, pode não
gostar de todas as atividades dele, mas que gostar de 70% ou 80% do total já é
um ótimo índice.
Ambiente
de trabalho
“Acredito que tudo é uma questão de combinação”, afirma Bressan.
De acordo com a especialista, a empresa também tem a sua parte no processo,
devendo criar um ambiente e cultura de trabalho propícios para que os
funcionários se sintam bem no local. “O colaborador tem que fazer o que gosta
em um local que gosta.” A psicóloga define a relação entre o colaborador e a
empresa como uma questão de casamento: “ele [o colaborador] tem que encontrar
uma empresa com a qual comungue dos valores e do ambiente para que, além de
fazer o que gosta, ele goste de estar lá e cumprir as exigências que são naturais
de todos os trabalhos. Da mesma forma, a empresa precisa gostar da postura do
colaborador e da maneira como ele não só atinge resultados, mas também como
trabalha com exigências.”
Qualidade
de vida
“A busca por qualidade de vida é do ser humano”, resume Bressan.
Segundo a especialista, os profissionais estão se tornando mais críticos e mais
conscientes, mas, ainda de acordo com ela, tudo depende do nível de maturidade
e momento da carreira. “Tem alguns momentos em que não dá, realmente,
para ter uma vida pessoal, porque a gente está investindo sangue, suor e
lágrimas na carreira, e precisa se dedicar muito, por muitas horas e com muito
afinco.” A psicóloga destaca, entretanto, que a busca por melhor qualidade de
vida independe de nível hierárquico, tempo de vida ou setor de mercado. Além
disso, como afirma Bressan, “é um desafio não só para os brasileiros, mas para
o mundo inteiro”.
Escolha
profissional
“Quando a gente escolhe um curso, a gente escolhe por uma
aptidão que acha que tem ou porque a gente julga que vai fazer algo que gosta.
E a família tem um peso muito importante nessa escolha”, lembra Bressan. A
especialista afirma também que a família ainda exerce grande influência na
escolha profissional, e “às vezes até faz com que um indivíduo pense que gosta
de alguma coisa que o pai ou a mãe faz e é bem sucedido e que, na verdade, ele
pode não gostar da mesma forma.” Para ela, o diferencial é escolher uma
profissão que, a despeito de possíveis influências, realmente goste. “Não da
faculdade, necessariamente, porque pode ter disciplinas que não têm nada a ver,
mas que goste do exercício daquela prática.”
Ainda de acordo com Cyndia Bressan, seria interessante realizar
uma pesquisa para conhecer todas as práticas de trabalho existentes naquela
profissão ou curso escolhido para que, dessa forma, seja possível escolher o
que mais combina consigo, e o que se espera na vida profissional e também na
pessoal. “É importante, sim, fazer o que a gente gosta, porque a gente vai ser
mais feliz, vai ter mais saúde e mais qualidade de vida, mas, fazer só o que
gosta é impossível. Então a gente também tem que gostar do que a gente faz”,
reforça.
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