domingo, 3 de abril de 2011

Eu te amo também - Cama na Rede



Em um futuro próximo poderemos amar e ser amados por várias pessoas. Com ideias assim, a terapeuta, palestrante e escritora Regina Navarro Lins está arregimentando um exército de seguidores em seu site na internet, o Cama na Rede.

Na página virtual ela escreve sobre amor, casamento e sexo. Aborda temas polêmicos como fidelidade, repressão sexual, homossexualidade e bissexualidade.

Seu objetivo, segundo ela mesma, é contribuir para mudanças de mentalidade para que as pessoas vivam com mais prazer.

De acordo com a escritora, é preciso entender por que tantos vivem tão insatisfeitos afetiva e sexualmente e mesmo assim se apegam aos hábitos já conhecidos, rejeitando o que é novo.

“Estamos em processo de mutação na história da humanidade, mas só vamos perceber as transformações quando ele for concluído. E pode ser que ainda demore algumas gerações, embora já seja possível entrever os sinais”, diz.

Para ela, não há dúvida de que valores estabelecidos como inquestionáveis no que diz respeito ao amor, ao casamento e ao sexo estão perdendo a importância.

“Os modelos do passado não dão mais respostas e a falta de novas alternativas que sirvam de apoio causa ansiedade e forte sentimento de desproteção”, acredita.

Sobre o matrimônio a escritora quebra a barreira do som ao afirmar que a grande maioria deles não passa de contrato de sobrevivência.

De acordo com a terapeuta, o casamento sempre foi considerado uma coisa muito séria para que nele entrasse qualquer tipo de emoção. Mas quando as pessoas passaram a buscar nesse vínculo realização afetiva e prazer sexual a vida a dois passou a ser fonte de grande frustração.

Sobre as núpcias Regina pega pesado. Para ela, a filósofa francesa Simone de Beauvoir esclarece com uma frase a diferença entre as prostitutas e grande parte das mulheres casadas: “Entre as que se vendem pela prostituição e as que se vendem pelo casamento, a única diferença consiste no preço e na duração do contrato”.

Regina Navarro Lins não está falando no deserto. Tem dado entrevistas em programas de rede nacional e ainda escreve uma coluna semanal no Jornal do Brasil. Também apresentou um programa sobre sexo na Rádio Cidade, no Rio de Janeiro.

Sua agenda é lotada, dividida entre as atividades já mencionadas e terapia individual, de grupo e de casais, atendendo pacientes com idade entre 13 e 80 anos.

Segundo a terapeuta, “desde que o sistema patriarcal se instalou, há 5.000 anos, a sociedade de parceria entre homens e mulheres cedeu lugar à dominação masculina. A mulher passou a ser uma mercadoria valiosa, negociável e submetida a toda espécie de violência”.

O fato é que o mundo hoje está a um clic das mãos, dentro de casa ou no trabalho, com a internet se alastrando cada dia mais. E o sexo domina a rede, assim como domina a mente da grande maioria da humanidade.

Perguntado certa vez se pensava em sexo, o cineasta Woody Allen respondeu imediatamente: só quando respiro.

É fato também que muitas mulheres reservam a maior parte do tempo das conversas íntimas entre amigas para falar mal do marido.

Já os homens contam piadas sobre casamento e acabam expondo as esposas. Dizem às gargalhadas sobre as três piores coisas da vida: mulher da gente, boi doente e cerveja quente.

Para a terapeuta, as mídias digitais transformaram o mundo na aldeia global que o canadense Herbert Marshall McLuhan (1911-1980) previu.

Ainda, segundo ela, o sexo acompanha essa evolução nos sites e blogs, nos quais os encontros virtuais condensam e conduzem o real. Estima-se que 64% das páginas na internet hoje no mundo todo sejam de conteúdo sexual.

Hedonismo à parte, será que tudo se resume a prazer na sociedade altamente erotizada que vivemos?

De qualquer forma, se considerarmos que apenas há um século existiam lampião à querosene e ferro de passar roupa à carvão, é melhor parar de se remoer e começar a pensar no assunto.


Por Paulo Renato Coelho Neto. www.paulorenato.net.br

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