terça-feira, 12 de abril de 2011

Vítimas do preconceito



Mais uma situação claramente preconceituosa fez parte do conjunto de acontecimentos desta ordem nos últimos dias. Após as agressões à homossexuais em plena Av. Paulista no final do ano passado e as recentes manifestações de cunho racista e homofóbico emitidas pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que não procurou se retratar em nenhum momento, o cenário da vez foi o esporte.

Nesta atividade que é saudável e integradora para quem pratica, mas também para quem assiste e acompanha, a torcida deu um grande vexame na cidade de Contagem (MG). O jogador Michael do Vôlei Futuro foi hostilizado durante o jogo contra o Cruzeiro, sendo chamado de “bicha” em coro que veio das arquibancadas.

O atleta afirmou que já tinha sido discriminado e, por isto, optou desta vez em demonstrar sua chateação e servir de porta-voz àqueles que se veem chocados em situações como esta. Corajoso como um competidor deve ser, Michael pediu o fim do preconceito no esporte. Importante seu posicionamento.

Mas é necessário que cada um também faça a sua parte. Não podemos deixar de refletir sobre este comportamento violento que é ser preconceituoso e que está tão banalizado em todos os segmentos da nossa sociedade.

O preconceito é algo que concretiza a intolerância com tudo aquilo que é diferente da gente e, ao mesmo tempo, não está só fora de nós. É aquilo que está contido em nós e que não admitimos quando acabamos projetando com intransigência e extremismo naquele que difere. Enxergamos fora o que nos repugna de forma tão insensata. Quando somos preconceituosos algo reverbera dentro da gente que se reflete em violência física ou subjetiva.

Precisamos rever seriamente esta questão. Produzimos declaradas guerras que podem ser percebidas no nosso cotidiano em função do preconceito que cegamente alegamos não ter. Precisamos percebê-lo e tratá-lo com mais lucidez e sanidade, pois ele é uma crença que se transforma em sintomas que são prejudiciais a todos. São também sinais de uma época excludente, tirânica e discriminatória.

Carecemos, inclusive, de maiores cuidados para nossos filhos ou para as crianças que convivemos em relação a esta questão. Pois, se não estivermos atentos desde cedo, eles incorporam as atitudes que identificam nos pais e cuidadores, sejam elas adequadas ou não.

Os pequenos observam e repetem muito mais do que nos damos conta, inclusive em relação às condutas que os adultos praticam sem assumir.


Por Patrícia Spindler.

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