sábado, 14 de agosto de 2010

Você conhece a origem da biodiversidade?


Quando, em 1980, os editores da Harvard Magazine solicitaram a sete professores da famosa Universidade Harvard que indicassem, na opinião deles, qual seria o problema mais grave que o mundo enfrentaria na década que começava (Resolutions for the 80s), a grande maioria sequer fez menção à quentão ambiental, que, a partir de então, ganhou força e espaço nas discussões sobre a mudança do clima global e a necessidade de preservação da biodiversidade. A exceção foi o naturalista Edward O. Wilson que deu destaque ao perigo que corria a biosfera, diante da extinção acelerada de espécies pela atividade humana, envolvendo tanto a perda de diversidade genética intraespecífica quanto em número de espécies. Wilson, então com 66 anos, conforme confidencia na sua autobiografia (Naturalist, 1994), despertou para uma nova onda do movimento ambientalista no mundo, contemplando o engajamento de cientistas de renome, seu caso, e amparada em opiniões abalizadas. A dúvida que o atormentava dizia respeito até que ponto um cientistas deve se tornar ativista de uma causa? Tinha consciência que há um terreno movediço e traiçoeiro entre a prática científica e o engajamento político. Mas, não tinha dúvida que um verdadeiro cientista não pode se esquivar da responsabilidade moral de defender uma causa que acredite, deixando, no caso ambiental, que uma próxima geração cuidasse disso. E foi assim que o consagrado naturalista de Harvard, já com idade relativamente avançada, aderiu à causa ambientalista, vindo, com a reputação que gozava nos meios científicos, a dar contribuições significativas, especialmente no tocante á questão da biodiversidade.
Apesar das denúncias e evidências sobre a extinção em massa de espécies, o mundo era cético em relação a este tema no começo dos anos 1980. Havia o trabalho do ecologista britânico Norman Myers, publicado em 1979, divulgando estimativas do índice de destruição das florestas tropicais úmidas, por desmatamentos e queimadas, e a preocupação, acima de tudo, com algumas espécies isoladas, que estariam à beira da extinção (urso panda, por exemplo). A mudança de foco deu-se quando, nesta época, não abandonando, mas incluindo estas espécies no contexto dos ecossistemas, emergiu a crise da diversidade biológica como um dos grandes desafios à comunidade científica, que se estende até nossos dias.
O Fórum Nacional sobre Biodiversidade, realizado em Washington em 1986, sob os auspícios da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos da América e do Instituto Smithsonian trouxe, pela primeira vez, para o universo da comunidade científica a palavra biodiversidade. O uso deste vocábulo foi uma sugestão de Walter Rosen, diretor administrativo da Academia Nacional de Ciências, instituição organizadora do já referido fórum, que advogou o seu uso por ser uma palavra mais simples, mais marcante e mais fácil de lembrar, em contraposição à expressão até então em voga, que era diversidade biológica. O êxito e aceitação foram de tal monta que, já no ano seguinte (1987), de palavra até então desconhecida, biodiversidade tornou-se um dos termos mais usados na literatura sobre preservação ambiental. E, em 1992, por ocasião da Rio 92, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Brasil, biodiversidade virou palavra da moda e um dos ícones do ambientalismo. Mas, se é assim, que é biodiversidade? Biólogos e preservacionistas, conforme Edward Wilson, que foi o editor dos anais do fórum realizado em Washington, por isso muitos atribuem indevidamente a ele a cunhagem da expressão biodiversidade, definem esta expressão como a totalidade da variação hereditária em formas de vida, em todos os níveis de organização biológica, desde os genes e cromossomos dentro de cada espécie isolada até o próprio espectro de espécies e afinal, no nível mais alto, as comunidades que vivem em ecossistemas como as florestas, lagos banhados, etc.
Mais que conhecer o conceito de biodiversidade e sua origem, o relevante e ter consciência que a Terra em toda a sua diversidade de vida é ainda um planeta pouco conhecido e que não temos clareza do que pode significar para o nosso futuro essa contumaz falta de preocupação com a extinção de espécies. Aliás, vale lembrar que somos parte da natureza e a natureza é parte de nós.


Gilberto Cunha.

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3 comentários:

  1. Olha, eu, aqui, METENDO O BICO.
    Apesar de tanta conscientização o homem ainda está inconsciente de toda essa problemática...
    Continuam egoístas, pensando somente na esfera individual e deletando o coletivo.
    Não ama suas gerações futuras por conta do imediatismo que acerca a vida.
    Uma pena, amigo! Uma pena!!!!
    Beijinhos

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  2. Olá Willian,
    O Brasil e um dos países mais ricos do mundo em fauna, flora e produtos minerais. E uma pena que o governo ainda esta engatinhando no investimento de pesquisas nestas áreas que tanto iriam beneficiar-nos em termos econômicos, físicos,sociais...O governo deveria investir mais nestas pesquisas ao invés de permitir que outros países o façam e tenham a patente,o Brasil e nosso! Vamos investir menos em samba e futebol e pensar mais na nossa biodiversidade e nosso futuro! Quem sabe um dia ainda a nossa cultura chegue a um grau aceitável para nos orgulharmos de sermos brasileiros com menos carnaval, futebol e mais educação e consciência da verdadeira realidade.
    Meu carinho

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  3. William, como foi bom voce trazer este texto para esclarecer às pessoas o surgimento do conceito e como a preocupação na preservação da fauna e flora foi ganhando maior atenção de cientistas e ambientalistas. Eu me lembro um pouco sobre isso, realmente no inicio muitos eram céticos sobre extinção das especies, até que estudos comprovaram que estávamos a beira de um abismo, salvo se comecássemos a fazer alguma coisa para proteger nosso futuro. Eu creio que as rédeas foram tomadas depois de tanto estrago, mas antes tarde do que nunca. Hoje existem leis de proteção, pessoas realmente engajadas em estado de alerta permanente. O calor insuportável atualmente na Russia não se tem certeza absoluta que seja por causa das alterações climáticas devido a ação destrutiva do homem, mas que sirva de alerta.

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