sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dilma ou Serra? Entenda!



Qual o significado da palavra política? Muitos. Posição ideológica a respeito dos fins do Estado; atividade exercida na disputa dos cargos de governo ou no proselitismo partidário; habilidade no trato das relações humanas, com vista à obtenção dos resultados desejados; sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos; astúcia, ardil, artifício, esperteza ou, ainda, a arte de bem governar os povos.
Na Grécia, coube aos sofistas a tarefa de ensinar a "aretê política" - capacidade de dotar as cidades de leis justas e de uma administração eficiente e a arte da eloquência e da persuasão.Os sofistas aplicaram a razão à lei e ensinaram que cada comunidade deveria escolher os seus governantes e administradores. Na mesma Grécia, Platão apontou as fraquezas da democracia e, entre elas, estava o fato de os seus líderes serem escolhidos e seguidos por razões não essenciais, tais como discurso persuasivo, boa aparência, riqueza e tradição familiar. Portanto, a preocupação com a escolha do governante, do administrador, do político esteve presente já nos primeiros momentos daquilo que nós conhecemos por civilização ocidental.
Nós brasileiros estamos às vésperas de escolher o novo dirigente da nação. Nossa política é extremamente personalista porque ela é ligada a nomes. Nomes são programas por aqui. É uma tradição. É difícil imaginar a cultura política brasileira sem a importância dos nomes. É cristalizada em torno de nomes. Entretanto, na atual eleição, nenhum dos candidatos com reais possibilidades de vencer o pleito possui o predicado do carisma e da popularidade espontânea. A grande novidade desta eleição é a candidata Dilma Rousseff, que é uma candidata sem experiência eleitoral, que está construindo a sua imagem política e que chega à disputa eleitoral com muita força. As últimas pesquisas mostram que Dilma está com cinco pontos à frente do candidato da oposição, José Serra.
O consenso é que Dilma está em trajetória ascendente e, por outro lado, Serra perde pontos. A segunda grande novidade é que o grande protagonista deste processo vai ser alguém que não é candidato, que é o presidente da República e que tem índices de aprovação, de avaliação positiva, jamais vistos na história brasileira, desde quando se faz pesquisa de opinião. A terceira novidade é que pela primeira vez temos duas mulheres disputando a presidência da República. Se lembrarmos que até 1934 as mulheres sequer tinham o direito de votar, isso representa um avanço extraordinário. Estamos, sem dúvida, quebrando paradigmas.
Ao lado das novidades, mantém-se o quadro que marcou as eleições de 1994, 1998, 2002 e 2006, isto é, o confronto entre PSDB e PT. Os tucanos ganharam duas eleições com Fernando Henrique Cardoso e o PT ganhou duas com Lula. Quem ganhou, ganhou com cerca de 2/3 dos votos válidos e quem ficou em segundo lugar, ficou com cerca de 1/3 dos votos válidos, sendo que as duas vitórias de Lula foram praticamente idênticas.
O quadro entre Dilma e Serra se encaminha muito para isso. Os dois estão se consolidando em torno de 1/3 dos votos nas pesquisas. O crescimento de Dilma nas pesquisas vem provocando pavor nas hostes da oposição. Talvez seja o fenômeno da transferência de votos. A campanha começa a mostrar aos eleitores que Dilma representa a continuidade de um governo bem avaliado e que melhorou a vida das pessoas, principalmente, das mais humildes. É preciso também considerar que a campanha só agora vai começar na mídia eletrônica.
Com o inicio do horário eleitoral, Dilma ficará tão conhecida como Serra, até porque, mesmo com esse tempo todo de campanha, há ainda eleitores que não a conhecem e que não sabem que é a candidata do presidente. A figura de Lula no horário eleitoral será outro ponto a favor de Dilma. Há, portanto, um potencial imenso. Além disso, tomando-se a experiência histórica, percebe-se que desde que se adotou o instituto da reeleição, a regra é o candidato ser reeleito, ou, quando ele não pode se reeleger ou opta por não fazê-lo, ele eleger o seu sucessor. São raríssimos os casos em que o prefeito, o governador, não fez o seu sucessor ou não se reelegeu. Isso é tanto mais verdade, quanto mais se trabalha com um quadro de crescimento econômico e crescimento de receita de estados e de municípios.
Já se disse que o maior eleitor do Brasil é o bolso. Nesse sentido a popularidade que o governo Lula desfruta, não é só uma popularidade que se atribua ao carisma de Lula, que é muito forte, mas à situação econômica do país que melhorou muito para as classes B, C, D e E. Essas classes fatalmente apoiarão a candidata do presidente. Serra, por outro lado, tem um potencial muito grande. É bem verdade que o período de indecisão na escolha do vice o prejudicou. O sonho de Serra é que o eleitor cisme, compare a sua pessoa, a sua experiência, sua história de vida com a da candidata do PT. Serra também tem ao seu lado a grande imprensa paulista, tendo à frente a revista Veja, que a cada edição, como uma verdadeira CIA, descobre fatos escabrosos contra o governo e sua candidata, demonstrando uma "isenção" exemplar. A propaganda eleitoral que agora começa será, sem dúvida, decisiva.

Prof. José Ernani de Almeida.

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Um comentário:

  1. Creio que o fiel da balança será Aécio Neves. De seu comportamento pode ajudar um prejudicar outro candidato.
    Abraços
    Felipe

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