sábado, 7 de agosto de 2010

O PODER DA AMIZADE



Nunca a fortuna põe um homem em tal altura
que não precise de um amigo.

Sêneca

Na enciclopédia livre Wikipédia, a amizade é uma relação afetiva, a princípio sem características romântico-sexuais, entre duas pessoas. No sentido mais extenso, é um relacionamento humano que envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo. Ela pode ter como origem, um instinto de sobrevivência da espécie, com a necessidade de proteger e ser protegido por outros seres. Muitas vezes os interesses dos amigos são parecidos e demonstram um senso de cooperação. Mas também há pessoas que não necessariamente se interessam pelo mesmo tema, mas gostam de partilhar momentos juntos, pela companhia e amizade do outro, mesmo que a atividade não seja a de sua preferência.
Sendo uma das mais comuns relações interpessoais, a amizade revela um funcionamento emocional importante da nossa existência. É também através desse vínculo de afeto, dessa troca de experiências, que nos alimentamos psiquicamente ao longo da vida. Desde a infância buscamos o entendimento de si e do mundo através dos nossos vínculos de amizade, tão útil para a melhoria desse aprendizado.
Temos no início da vida a influência de nossos genitores e parentes próximos, pessoas importantes na formação da nossa personalidade. Posteriormente contamos com os vizinhos e o ambiente escolar. Não é preciso ir muito longe para descobrir que a vida social nos presenteia com experiências enriquecedoras para a nossa forma de ser e que o crescimento individual sofre influências da vivência social e dos laços de amizade.
Seja pela busca da interrelação, da necessidade de expressar sentimentos, de se sentir ouvido ou compreendido, do autoconhecimento através da experiência com o outro ou pela fuga da solidão, o vínculo de amizade traz ao indivíduo sentimentos positivos essenciais ao seu crescimento pessoal.
Alguns dos benefícios psíquicos e emocionais originados através dos vínculos de amizade são descritos por estudiosos da área: o prazer da companhia chega a ser tão importante quanto o existente nas relações amorosas, sem seus agravantes; no lugar da união patológica típica nas relações amorosas, chamada de simbiose, há uma aproximação com respeito aos limites; a confiança e a cumplicidade na maioria das vezes são maiores do que nas relações amorosas; o vínculo independe da faixa etária, do poder aquisitivo ou da condição social.
O que se pode comprovar agora é que além da melhoria psíquica, os vínculos de amizade trazem benefícios físicos. Uma pesquisa da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, sugere que ter amigos aumenta a expectativa de vida em 50%. Para os pesquisadores norte-americanos, ter poucos amigos pode ser tão prejudicial à sobrevivência de uma pessoa quanto fumar 15 cigarros por dia ou ser alcoólatra.
A coordenadora do estudo, Julianne Holt-Lunstad, afirmou que “Quando alguém está conectado a um grupo e se sente responsável por outras pessoas, aquele senso de propósito e significado se traduz com a pessoa tomando conta dela mesma e assumindo menos riscos.” Os cientistas acreditam que tomar conta de outras pessoas nos leva a cuidar melhor de nós mesmos.
De acordo com o estudo, que analisou 300 mil pessoas em um período de sete anos, aqueles indivíduos com redes sociais mais fortes se saíram melhor em resultados de saúde e expectativa de vida. A probabilidade de estas pessoas estarem vivas em qualquer idade era quase duas vezes maior do que daqueles considerados solitários.
Veja que, no final das contas, o bem que fazemos ao próximo na realidade estamos fazendo a nós mesmos. Uma coisa para se pensar.

Renner Cândido Reis. (psirennerreis@ig.com.br)

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