domingo, 28 de fevereiro de 2010

A sabedoria que sobrepuja o medo



A história das ideias nos conta que os grandes filósofos dedicaram suas vidas a observar e questionar, sendo que alguns arriscaram, com acertos ou não, a materializar os seus experimentos lançando suas respostas às grandes indagações em manifestos ou doutrinas. Este processo, supostamente, foi uma tentativa de buscar na razão, subjetiva ou objetivamente, as explicações para os distintos conhecimentos da humanidade, nas suas particularidades e, é claro, na sua totalidade. Duvidar e questionar passaram a ser elementos centrais daqueles que se dedicavam a pensar com profundidade.

Na atualidade, o pensar ganha propósitos diferenciados, haja vista a intensa difusão das informações e o acentuado conteúdo das realidades múltiplas ou das várias facetas de uma mesma realidade. O núcleo do pensamento humano, que engloba a sua própria consciência, gere as incertezas e os medos, e as escolhas se tornam mais complexas. Porém, quem não vive as incertezas obviamente não se põe a pensar. Pois é desse misto de prós e contras em que se atrelam as idéias, e o que elas representam no cotidiano, que se busca a sabedoria e se sobrepuja o medo.

A sabedoria é um dom, sim. Mas, antes de tudo, é um exercício de reflexão. A teoria e a prática trazem verdades, em si, que as traduzem em versões. A sabedoria é lucidez perfeita, é conhecimento seguro que delega autoridade a quem concretiza o ideal comum, alicerçado em argumentos convincentes e, acima de tudo, tangíveis.

Exercer a sabedoria exige amadurecimento e, às vezes, até recolhimento. Em determinados momentos, o silêncio é o melhor aliado e procrastinar a melhor decisão. Exercer essa liberdade é irrenunciável, pois a manifestação do livre-arbítrio afugenta os temores e reacende a correspondente característica da perceptibilidade que é indispensável para atuar na moral e na ética. Uma vez aceito o preceito de que somos livres, estamos desconectados do medo e prontos a usufruir mais intensamente das nossas escolhas.

Somos todos responsáveis por nossos atos e agir com sabedoria requer direção firme, observação constante e senso crítico latente. Requer, ainda, um esforço contínuo, que não se deixe abater pelas intempéries. Uma parada não é um ponto final, uma vírgula deixa muitas possibilidades e as interrogações são um presente do universo, onde se edificam caminhos e transcendem as essências humanas.

Ante a contemplação do momento histórico presente, a abóbada celeste converge os olhos, inevitavelmente, às decisões magnânimas, assim como àquelas que remetem ao caos. A gênese humana estreitou-se em meio aos contrários, agregando-se e dividindo-se, numa ordem casual que assegurou a aparição de valores diferenciados. Nem bons nem maus. Nem surpreendentes nem absurdos. Apenas diferentes. Entretanto, manter acesa a chama da sabedoria é, sem dúvida, o canal que sustenta a evolução do ser.

As grandes questões da vida – quem somos, de onde viemos, aonde vamos e qual a nossa missão neste mundo –, já fizeram emergir das cabeças muitos estudos, dossiês, livros, escolas... Mas a principal resposta está dentro de cada um, dentro do orbe particular, pois a realidade é uma persistente oscilação entre a calmaria e a tempestade, uma vibração que pulsa incessantemente. A sabedoria apazigua a mente e contenta o coração.

Frederico Jayme Filho.

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2 comentários:

  1. Olá William,

    Grande texto, acredito que este texto traduza a inspiração que os grandes sábios tiveram ao traduzir para nós , "pobres mortais" seus ensinamento e experiências de vida.

    Abraço

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  2. William,

    Parabéns pela escolha de tão excelente texto.

    A sapiência, muitas vezes, não está inserida nas páginas de um livro, mas sim, na vivência e na maturidade que adquirimos na evolução da vida.

    Muitos são capazes de usar essa sapiência para evoluir, crescer, ensinar e aprender, enquanto muitos outros a usam para regredir, e assim não conseguem evoluir em sua caminhada.

    Este é o livre arbítrio de todos nós. Cada um escolhe seu caminho, assim como escolhe como usar a sabedoria que lhes foi conferida por Deus.

    Adorei!

    Bjs.

    Rosana.

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