quinta-feira, 28 de abril de 2011

Violência e educação


A ideia de que a escola é um espaço marcado pela produção da violência é equivocada e no mínimo exagerada. A violência, em geral, vem de fora da escola, produzida socialmente. Os atos que causam comoção na sociedade, felizmente, são estranhos ao cotidiano das escolas e escoram-se em uma dada cultura de violência que percorre escalas crescentes em extensão e profundidade.

Pequenas agressões, ataques ao patrimônio público e agressão à vida. A base da violência é o desprezo pela vida alheia provocada pela necessidade de derrotar o outro constantemente.

A radicalização dos valores competitivos é a raiz da violência. Competir e vencer, se dar bem a qualquer preço, buscar a vitória pessoal é a principal palavra de ordem da sociedade contemporânea. Solidariedade, cooperação, respeito ao outro são valores estranhos e até ridicularizados pela lógica da competição e do individualismo exacerbado. Talvez seja a escola um dos últimos espaços onde ainda se encontre compromissos de práticas de valorização da cultura da cooperação, da solidariedade e dos valores humanizantes.

Mas a escola é permanentemente assediada pelos princípios da competição e da superação do outro. Tenta-se reduzir a formação à aquisição de habilidades técnicas em língua portuguesa e em matemática, ou ao treinamento de algumas competências específicas. Sem negar a validade destas aquisições, é preciso registrar a sua insuficiência para a formação integral da pessoa.

A concepção pedagógica de formação integral pressupõe a formação de um indivíduo que conhece a sua história, o seu contexto cultural, as suas responsabilidades e os seus direitos como cidadão e como pessoa. Formar um cidadão interativo, competente e hábil no convívio humano é essencial para a formação de uma cultura de paz, de respeito ao outro e de apreço pela vida. Por isso a educação não pode se restringir ao português e à matemática; tem que ser integral, abrangendo todos os campos do conhecimento, inclusive aqueles que contribuem para a construção do cidadão de direitos e deveres.

Por isso, também, é insuficiente avaliar a educação por resultados quantitativos nas áreas de português e matemática, pois notas boas na escola não impediram a chacina do Rio de Janeiro, e habilidades técnicas não obstaram o atropelamento dos ciclistas em Porto Alegre.

Por tudo isso, a Secretaria Estadual da Educação está criando os Comitês Comunitários de Prevenção à Violência na Escola, em âmbito estadual, regional e local. Estamos reunindo governo, entidades da sociedade e comunidade escolar numa grande mobilização pelo combate e prevenção à violência. Buscaremos, de forma integrada, melhor conhecer os contextos que podem desencadear ações violentas e, assim, definir políticas públicas que de fato dialoguem com os anseios das comunidades e contribuam para a difusão de uma cultura de paz em nossas escolas.


Por José Clovis de Azevedo. Secretário de Estado da Educação do Rio Grande do Sul.

O nobre Secretário se manifestou depois que pau pegou geral em algumas escolas estaduais onde a mídia aproveitou e desviou o assunto da enorme crise econômica e institucional que os estados, municípios e o país atravessa.

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2 comentários:

  1. A escola ém responsável pela formação educacional. Educação comportamental é uma questão de transmissão de valores familiares. Óbiviamente é claro que há casos de valores familiares que são transpostos em função de uma coisa chamada carácter. Você pode formar e orientar uma pessoa, mas o bom ou mau caráter na minha opinião vai de acordo com Piaget

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  2. A violência social, somente poderá ser enfrentada com um plano maior de distribuição de renda, pois é gritante a disparidade em nosso pais, ou seja 5% da população possuía 85% da riqueza nacional e o maior salário chega a ser até 100 vezes mais o menor.
    Em países de primeiro mundo a pirâmide salarial não é tão violenta. Em alguns o maior salário não chega a ser 10 vezes o menor.
    Claro que um plano de maior distribuição de rendas deve vir acompanhado de outro para gerar mais educação entre os brasileiros, educação que digo é a formal.
    Agora, a violência no trânsito, somente com leis mais rigorosas, a exemplo dos EUA. Lá, é tolerância é zero e vale para toda classe social. É muito difícil a ocorrência do suborno, porque um policial chega a ganhar quase cinco mil dólares por mês, além de ficar com o carro oficial vinte e quatro horas, podendo passear, viajar e até fazer compras em supermercados, pois entendem os seus superiores que a figura do policial impõe respeito onde quer que ele esteja ou passe.

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