Robôs que fazem sexo podem
revolucionar prazer humano
O futuro parece sempre distante. Mas
quando menos se espera, ele surge e se infiltra na vida das pessoas. É
difícil imaginar que há 20 anos a internet fosse algo tão presente na vida das
pessoas.
Em duas décadas, os aparelhos domésticos
oferecem conexão, ônibus se conectam com sites e ruas oferecem bandas largas.
A mesma tecnologia que revolucionou
a comunicação quer mudar completamente a visão que os humanos têm de sexo.
Ato para a reprodução dentre
humanos, além de incensado prazer, o sexo pode tornar-se a prática humana
que mais passará por transformações nas próximas duas décadas.
A brincadeira começou no início do
século com bonecas realistas, caso da RealDoll, que tornou-se um hit após o
cliente ter o poder de escolher cor da pele, dos olhos e outros parâmetros.
Agora robôs com feições humanas já
fazem sexo. Eles podem ser comprados. E nos próximos anos a tendência é que
sejam replicantes e andem com seus ‘maridos’ ou ‘esposas’.
A True Companion já fornece robôs sexuais.
Um deles, o modelo feminino Roxxxy, faz sucesso no Japão desde 2010.
Por 6.995 mil
dólares, você pode ter um aparelho que fala com você e diz, por
exemplo, que está excitada.
Caso você não goste da abordagem de
uma namorada real, pode falar para ela o que gosta ou não. E em último
caso termina o relacionamento.
Com Roxxxy é diferente: você a
programa.
Existem cinco opções de
personalidade pré-programadas. Caso não goste da robô mais atirada, pode optar
por ações e gestos mais educados e recatados.
A parte física externa é quase
perfeita. E também pode sofrer a customização que o cliente desejar. Um
dos diferenciais: os orifícios internos (zonas erógenas)
apresentam sensores que respondem ao toque.
Não bastasse isso, motores
acoplados ao corpo, que substituem músculos, são utilizados para deixar a
experiência sexual ainda mais realista. Os engenheiros prometem ainda a
reprodução de formas de prazer impossíveis para humanos.
Douglas Hines, diretor da True
Companion, respondeu a um questionamento do Diário da Manhã sobre a eficácia do produto: “É
totalmente seguro. Feito com a melhor engenharia que existe, além de produtos
de qualidade. Nos próximos anos será sucesso em todo mundo, inclusive no
Brasil!”.
Ele afirma que já existem
“casamentos” entre consumidores e bonecas. E que os desdobramentos são
imprevisíveis.
Antônio Carlos de Souza, sociólogo
da Universidade Federal de Goiás (UFG) que pesquisa o impacto das novas
tecnologias, diz que a tendência é que aumente a demanda por novas
bonecas-robôs. “A aproximação humana com a tecnologia nem sempre é destinada ao
fator custo e benefício. Muitas vezes é o prazer. Por isso, as previsões são de
que em poucos anos seja normal você ver uma pessoa que diz se relacionar com o
robô, que ou fica em casa ou o acompanha no cotidiano”.
Antônio diz que a fase 3 ou 4 da
rede mundial de computadores será a “internet das coisas”. Para ele, essa
característica vai dar “asas” à inteligência virtual. “Ou seja, teremos robôs
mais interessantes, inteligentes e companheiros. Acredito que teremos
pessoas que realmente amam robôs. Veja que existe um fetiche com o celular, que
já domina o mundo. Imagine com algo que apresente formas humanas”, diz.
Antônio afirma que se “apaixonar”
por objetos é comum. A fase posterior será efetivamente ter um grande interesse
em estar ao lado constantemente destes equipamentos.
“A tendência no mundo é aumentar a
solidão. A produção industrial leva os homens a se separarem e romperem. As
mulheres estão cada vez mais independentes e livres da subordinação
masculina. E os homens não conseguem se relacionar com antes. Teremos um novo
mundo pela frente onde a pessoa vai numa festa e diz para o anfitrião: “Olá,
está aqui é Jessica, um robô XD346. A encontrei no Walmart e
foi amor à primeira vista. Existem melhores no mercado, mas não pretendo
trocá-la”. E o pior é que a ‘namorada’ robô irá responder, pegar nas mãos e
andar como os humanos. Estamos atrasados em relação ao filme “Blade Runner”,
mas os replicantes estão chegando”.
CONTRA
A campanha desenvolvida por Kathleen
Richardson quer antecipar este futuro e criticar os usuários: a pós-doutora em
ética e robótica afirma que é absurdo despersonalizar o sexo.
Para ela, é antiético e grosseiro
buscar nestas espécies de “produtos” uma solução emotiva, que só
agrava a situação do humano em sua busca de “significado para a existência”.
Kathleen Richardson critica até
mesmo os programadores que buscam inclusive criar situações de sexo entre
robôs. A tendência já é estudada por universidades da Inglaterra e Estados
Unidos, além de empresas que se dispõem a anunciar a novidade.
Para Kathleen Richardson a prática vai acelerar o detrimento dos
relacionamentos entre casais, crianças e adultos. Ela não enxerga utilidade na
tentativa em dar aos robôs a liberdade e autonomia sexual.
Pesquisadores e interessados como
John Esteves, da Icon Robotics, rebatem Kathleen Richardson: “Ao dar autonomia
sexual ao robô, na verdade, queremos que ele possa trocar experiências e
usufruir de compostos físicos e químicos da outra máquina. Através do sexo
robótico será possível troca de fluídos que, por exemplo, melhorar seu
funcionamento. O sexo terá uma funcionalidade”.
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