Há pessoas que vivem isoladas, pensando que
não precisam das demais para cumprirem com seus propósitos. Quem assim faz só
perde, pois a excelência exige compartilhar a vida, carreira e desafios.
- Nós nos
bastamos!
- Não
precisamos de ajuda e temos a melhor equipe.
- Nossa
programação é a melhor de todas.
- Não
precisamos prestar contas de nosso trabalho a ninguém.
- Temos
os melhores resultados.
- Nós
somos os melhores.
Essas são
algumas frases típicas do que eu chamo de “síndrome de ilha”. Por que ilha?
Porque representa, de modo adequado, como funcionam alguns departamentos,
ministérios, repartições e até mesmo famílias.
São
grupos cercados por todos os lados de arrogância, autossuficiência e restrições
ao trabalho em equipe. Acham que não precisam dos outros, não estão
dispostos a trabalhar em conjunto (a não ser entre eles mesmos) e vivem uma
realidade própria, na qual não querem “se misturar” com os outros por acharem
que todos estão errados, são fracos ou podem ofuscar o “brilho” que eles julgam
ter.
Como uma
ilha, trabalham isolados, ainda que dentro da sociedade, de uma organização ou
até de uma igreja. O máximo de entrosamento com outras equipes que conseguem ter
é chamá-las para ‘ver’ o que eles fazem.
Não
querem trabalhar em conjunto mas, sim, sozinhos; e, dominados por essa
síndrome, vão cada vez mais se isolando e dependendo menos dos outros, até
conseguirem sobreviver absolutamente sozinhos.
No famoso
livro No man is an Island (Thomas Merton) temos, em forma
de verso, uma série de lembretes acerca da necessidade que temos de viver em
conjunto, de trabalharmos entrosados, entrelaçados e unidos.
Mas o
problema é que quem está dominado pela síndrome acaba perdendo a dimensão de o
quanto está longe dos outros. E, sem essa percepção, a pessoa acaba se isolando
cada vez mais, ainda que seu discurso ou até sentimento seja o da unidade e do
trabalho em conjunto.
Só há uma
esperança para ser curado da síndrome: a análise fria e contundente dos fatos.
A realidade precisa vir à tona, seja por uma avaliação honesta de quem tem a
síndrome ou, então, através de quem está do lado de fora da equipe que se
tornou uma ilha.
Não é
difícil manifestar essa realidade. Basta fazer perguntas, analisar os fatos e,
sem o poder da emoção, montar um cenário da realidade. É um processo doloroso,
e quem está dominado pela síndrome há anos terá grandes dificuldades em aceitar
o isolamento e até enxergar a dura realidade de que construiu uma ilha e já
sente não precisar de ninguém.
Precisamos
dos outros. Podemos trabalhar melhor juntos. Não somos tão bons quanto
pensamos, podemos melhorar. Se estamos isolados, isso nos prejudica.
Pensamentos como esses podem ajudar quem tem a síndrome a considerar a
possibilidade de aproximar-se dos outros, sejam pessoas ou departamentos.
E, ampliando o pensamento, até uma empresa
pode se aproximar de outras e garantir-se no mercado através de parcerias.
Pensando em um grupo um pouco menor, uma família pode beneficiar-se da
aproximação de outras famílias que poderão dar suporte em momentos de crise e
dificuldade.
Encerro
esse artigo com parte do poema de John Donne, intitulado No Man is an Island (Nenhum homem é uma ilha):
“Nenhum
homem é uma ilha,
Completa em
si mesma,
Cada
homem é um pedaço do continente,
Uma parte
do principal.
A morte
de qualquer homem me diminui,
Porque eu
sou parte da humanidade [...]”
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