Um dos males que podemos observar no mundo atual é a chamada
cultura do tapinha nas costas. O tapinha nas costas é aquela atitude que se
toma para evitar o conflito. Acontece quando aquele prestador de serviços
entrou pra dentro da sua casa, fez um serviço mal feito que, foi muito bem pago
e você, pra não se incomodar, agradece, dá um tapinha nas costas e pensa:
horrível, nunca mais contrato esse profissional. Pensa, mas não verbaliza. No
dia seguinte, sai em busca de outro que possa consertar o estrago e atender a
sua expectativa - que nem sempre é a mais alta possível: muitas vezes se trata
apenas de um serviço bem acabado, com limpeza e entregue dentro do prazo
combinado.
O tapinha nas costas também acontece quando você dá uma força
para aquele amigo (sobrinho, primo, vizinho, conhecido, dentre outras tantas
possibilidades) e contrata ele pra trabalhar na sua empresa, pois, afinal de
contas, 'o cara é gente boa', 'está há tanto tempo sem emprego', 'foi atingido
pela crise'... o que custa dar uma chance? O que acontece é que, às vezes, esse
mesmo cidadão após umas duas ou três semanas de trabalho demonstra claramente o
porquê de estar desempregado.
Ele é desorganizado, não
consegue ser produtivo, não demonstra comprometimento ou até mesmo achou que as
coisas seriam mais fáceis pra ele na sua empresa, por que, afinal de contas,
ele teve uma chance.
Em outras palavras, pode chegar o momento em que você percebe
que ele é in-com-pe-ten-te. Assim, para resolver um 'problema', você criou
outro: falar a verdade para o cidadão. Nessas horas, muitas vezes, a cultura do
tapinha nas costas surge como um recurso conciliador: você não toma a atitude
de avaliá-lo como ele merece, dar os feedbacks necessários para que aquela
contratação não seja de todo perdida e para que ele possa fazer por merecer a
oportunidade recebida.
E, para evitar o
conflito, se omite da atitude necessária, promovendo o indivíduo a ser mais um
passivo na sua empresa.
O receio do conflito é prejudicial. É uma cultura que independe
de fatores geográficos, e tem mais a ver com atitude e visão. Muitos desses
profissionais que receberam o seu tapinha nas costas não necessariamente eram
inaptos.
De tanto receber agradecimentos e até mesmo elogios (ainda que
na realidade fossem fictícios), se convenceram de que prestam bons serviços,
vendem bons produtos, e que por isso não precisam melhorar ou inovar e podem
seguir agindo do mesmo jeito.
Admita: você nem sempre está disposto a ser o chefe exigente, o
amigo pé no saco, o cliente chato, o pai careta. Entrar em conflito é
desgastante, e dependendo do nível da sua capacidade de gerenciar suas próprias
emoções, pode ser devastador.
Mas adotar a estratégia do tapinha nas costas com a intenção de
fingir que está tudo bem, quando na verdade não está, pode ser muito pior. O
efeito dessa ação não é imediato, e por isso é silencioso; e é tão prejudicial
para as relações pessoais quanto para o mundo dos negócios.
Como já dizia Confúcio, o ilustre filósofo chinês: "não
corrigir falhas é o mesmo que cometer novos erros".
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