quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Afinal, o que é o sucesso?
Professores de Filosofia analisam esse controvertido conceito, que deseja e manifesta como poder e dinheiro, mas também se renega como uma expressão banalizada.
Provavelmente, se, em uma entrevista de trabalho, lhe pergunta "o que é o sucesso?", você responderá como Aristóteles, o filósofo grego que definiu esta palavra como "alcançar a felicidade" em um contexto de integridade e harmonia vital, repetindo a mesma resposta que, provavelmente, daria ao seu psicólogo pessoal diante da mesma pergunta, sem saber definir exatamente o que é, mas com uma sensação eufórica de triunfo muito difícil de explicá-la sem tê-la vivido.
Para entender o que, afinal, é o sucesso – que é definido, em uma de suas concepções, pela Real Academia Espanhola (ERA), como "resultado feliz de um negócio" e "boa aceitação tida por alguém ou algo" – consultamos diferentes professores de Filosofia, que, surpresos pelo convite de um veículo de negócios e, ao mesmo tempo, de forma bastante solícita, nos confiaram seus conceitos.
Para Zenón de Paz, da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, do Peru, o conceito de "sucesso" na sociedade moderna tem se transformado a tal ponto que a única coisa que importa para obtê-lo é o valor de troca que ele implica. "A palavra 'sucesso' está carregada de conotações que remetem a esse mundo, à busca da eficácia, ao maior rendimento possível no uso de recursos", assinala o professor.
A sociedade moderna, segundo Zenon, "tende a converter tudo em recursos, começando pela natureza e chegando ao próprio homem, que está destinado a ser concebido como um 'recurso humano', e até o próprio tempo, que antes era um mistério, passa a ser o recurso mais importante. Nesse ponto, acrescenta-se o cultivo ou a mistificação do sucesso".
A palavra "êxito", que provém do latim "exitus", saída, significa, para Diego Letzen, diretor da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Nacional de Córdoba, Argentina, "um fim positivo, o vencimento da adversidade, um 'grand finale'".
"Muitas empresas, especialmente aquelas marcadas pelo trabalho árduo, o suor ou o dinheiro, miram quase que exclusivamente o êxito e se medem com a régua dos bons resultados, lucros", afirma o professor. Assim, no contexto da sociedade moderna, "diz-se que uma pessoa tem sucesso quando alcança posições que são vantajosas em relação a outras, que a fazem admirável ou invejável", diz Letzen.
Entretanto, para Santiago Orrego, professor de Antropologia Filosófica da Pontifícia Universidade Católica do Chile, a noção do sucesso é diferente. "Acreditamos que a pessoa que tem êxito é a que alcança aquilo a que se propõe", destaca. No entanto, ele assegura que "nem todos os que conseguem o que querem vão ser exitosos".
Esta aparente inconsistência se explica, segundo Orrego, porque, "em geral, as pessoas exitosas veem suas vidas com certa satisfação, mas o sucesso tem a ver, também, com saber medir os próprios desejos, ao menos no que se refere às conquistas pessoais e profissionais. Uma pessoa que coloca para si objetivos medíocres não pode ser exitosa. Se consegue aquilo a que se propunha, e depois se dá conta de que não é feliz, então nunca teve sucesso. Não se pode ter sucesso se não é feliz", enfatiza.
Dinheiro, poder e reconhecimento
Nos negócios, busca-se o sucesso em termos de produtividade. "O valor de uso do sucesso é subjetivo, mas o valor de troca é quantitativo", indica Zenón de Paz. "Quando, no meio executivo, alguém fala do 'homem de sucesso', está se referindo ao homem que produz maior valor de troca", complementa.
Segundo Paz, isto inverte totalmente o que para todas as outras culturas e formas de vida não modernas tem sido o sucesso, que é "a vida de verdade, a que não tem a ver com as coisas, mas sim com o reconhecimento de nossos semelhantes. Ainda que, no fim das contas, quem se entrega a acumular valor de troca, dinheiro esteja buscando reconhecimento também", explica.
O dinheiro, no entanto, como os economistas clássicos têm demonstrado, é a acumulação do trabalho humano. "Então, é um instrumento que concentra potencialidades humanas. E isso tende a envolver as pessoas. Já desde as antigas tragédias gregas o poder aparece como um elemento que faz perder a cabeça", afirma Paz.
Viver com poder e dinheiro, para Paz, é viver como os ricos e famosos de Beverly Hills, uma imagem que condensa o fetichismo, onde as coisas acabam substituindo o reconhecimento e o afeto. "O American Way of Life se converte em um ideal de vida irrealizável matematicamente. Basta calcular quantas pessoas no mundo quiseram realizar esse ideal. É uma promessa falaciosa", defende.
Para Orrego, o sucesso e o reconhecimento seguem por trilhos distintos. "Uma pessoa poderia ser realizada em termos profissionais, mas um fracasso em outros âmbitos. Pode ter grande reconhecimento, mas, no entanto, não ter agregado muito a sua vida pessoal e cultural, nem desenvolvido a afetividade. Valeu a pena tanto estudo e tanto trabalho, se perdeu o que mais interessava?", reflete.
Para Paz, ao contrário, o reconhecimento que se busca obter das outras pessoas é uma das coisas mais fundamentais da vida. No entanto, esse reconhecimento pode adquirir diferentes formas. "Você pode tratar da acumulação de poder ou de bens. No entanto, esses objetivos podem ser perigosos, pois pode ser que se acabe convertendo as outras pessoas em meios para os propósitos individuais. E, nesse caso, a busca por reconhecimento termina sendo pervertida", assinala.
Para Orrego, muitas vezes, querer alcançar uma posição de privilégio ou de reconhecimento leva algumas pessoas a terem condutas pouco nobres. "O desejo de se sobressair e ter mais importância que os outros leva as pessoas a deslealdades e desonestidades, às vezes, muito forte", assegura.
"É tão grande a reiteração de que sucesso está relacionado à fama, que se dá por característica dele ter notoriedade, visibilidade e posição de privilégio", diz Orrego, que observa em pessoas assim uma necessidade de amor próprio muito alta. "Aparecer em um meio de comunicação, um memorando da empresa ou na assinatura de um negócio é algo assim como um substituto para a própria imortalidade, expandir a visibilidade do próprio nome", diz Orrego. Afinal, como já dizia o reconhecido cineasta Woody Allen, "80% do sucesso é dizê-lo"
Por Mariana Osorio.
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Postado por
William Junior
às
18:09
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Oie william...nossa que boberão...kkkk...te mandei uma mensagem perguntando se vc tinha blog, dannnn....obrigada pela visita, vou seguir seus passos...adorei o comentário.
ResponderExcluirUm cherim procê...rsrs...
Khelen
Eu respeito todos os professores que você mencionou, mas acho que hj o sucesso tá muito ligado ao consumismo, quanto mais se tem mais sucesso vc tem, porém é algo superficial, poderiamos ficar horas aqui debatendo sobre o assunto, mas acredito que o verdadeiro sucesso é estar em paz.
ResponderExcluirAcho que sucesso está relacionado com a conclusão dos passos planejados...
ResponderExcluirConseguiu ? ótimo !!!
Não conseguiu ? Tente mais !!!
O resto surge naturalmente...
Grande texto, William !!!
Grande abraço !!!!!