segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

2014, um ano para não esquecer

A presidente Dilma fez a frase definitiva, em 17 de dezembro de 2014: “Nós lutadores sociais nunca imaginávamos, nunca imaginamos viver este momento histórico. Quero cumprimentar o presidente Raúl Castro, o presidente Barack Obama e também o papa Francisco.”
Para quem anda nos 60 e quebrados, olhando mais para trás, para os anos que já se foram, do que para frente, para o que os anos futuros cada vez mais escassos, e próximo de se aposentar de algumas coisas, 2014 não será um ano fácil de esquecer.
Vamos aos fatos, aqueles mais memoráveis, ainda frescos na memória e no coração.
Primeiro: Em 2014 não dá para esquecer 1964. Primeiro de abril de 1964. O golpe militar que atrasou a democracia brasileira completou 50 anos. Ou melhor, golpe que extinguiu a democracia por longos 21 anos, esta mesma democracia reconquistada pela luta e consciência do povo brasileiro.
Segundo: O último ato da retomada da democracia aconteceu em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, quando a Comissão Nacional da Verdade, instituída em maio de 2012, entregou seu relatório à presidente Dilma Rousseff, ela perseguida pela ditatura, presa política e torturada. Disse a presidente Dilma no ato de entrega: “A verdade é uma homenagem a um Brasil que já trilha três décadas de um caminho democrático. E que empenharemos todas as forças para que assim persista. Afirmei ainda que o Brasil merecia a verdade e, sobretudo, mereciam a verdade aqueles que perderam familiares, parentes, amigos, companheiros e que continuam sofrendo… continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia.”
Terceiro: A primeira Copa que ouvi, no rádio, foi a de 1958, na Suécia, Brasil campeão. A primeira Copa que vi no Brasil, ao vivo, na televisão, foi a de 2014, sucesso absoluto fora de campo – torcida, alegria, multidões, festa, carnaval –, vexame a se tentar esquecer dentro das quatro linhas. Mas foi uma Copa que marcou história, segundo os olhares do mundo.
Quarto: A marca das eleições de 2014 – presidente da República, governadores, deputados federais e estaduais, senadores – “foram” duas: a intolerância política – o “anti” acima do “a favor” – e a quarta vitória do mesmo agrupamento político, povo nas ruas no segundo do turno, Partido dos Trabalhadores liderando a aliança. Uma mulher, Dilma, reeleita.
Quinto: As denúncias de corrupção, especialmente na Petrobras, não podem ser esquecidas, misto de campanha eleitoral e de País passado a limpo. Como vem dizendo a presidente Dilma, não sobrará “pedra sobre pedra”. Pela primeira vez, tudo está sendo investigado: grandes empreiteiras, agentes de governo, parlamentares.
Sexto: Faço minhas as palavras de Bia Barbosa e Pedro Ekman: “Guardem o dia 25 de março de 2014 na memória. Este dia será lembrado como o dia do Marco Civil da Internet em todo o mundo. Neste dia, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que tem todas as características de um projeto impossível de ser aprovado numa Casa como essa. A principal delas: o fato de contrariar interesses econômicos poderosos ao garantir direitos dos cidadãos e cidadãs. O Marco Civil da Internet aprovado aponta claramente para o tratamento da comunicação como um direito fundamental e não apenas como um negócio comercial. Trata-se de algo inédito na história brasileira.”
Sétimo: Não esquecer as mudanças climáticas e seus dramas: secas prolongadas no Nordeste e especialmente Sudeste, falta de água em São Paulo, enchentes, tormentas. Felizmente, está sendo preparado e em vias de ser lançado o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas (PNA).
Oitavo: A Política Nacional de Participação Social, lançada em maio pela presidente Dilma, tratando da participação social como método de governo, foi o creme conservador do debate político: mídia conservadora clamando contra a bolivarianização do Brasil, parlamento conservador querendo derrubar o decreto presidencial que apenas regulamenta o Conselho Nacional de Saúde e outros tantos Conselhos e Conferências, existentes há décadas e produtores do pouco de democracia participativa que se consolidou na história brasileira.
Nono: No lado pessoal, de militância, de fé e teologia libertadora, assistir em São Félix do Araguaia o filme Pés descalços sobre a Terra vermelha ao lado do próprio Pedro, contando a vida e compromisso dom Pedro Casaldáliga com o povo pobre e trabalhador do Brasil.
Décimo e último, não por acaso: 2014 não podia terminar melhor, com o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, depois de 53 anos. Inesperado, inimaginável até para a presidente da República, quem esperava poder terminar 2014 assim, felicidade, alegria, um passo para a paz e harmonia entre os povos? Cuba e seu povo sobreviveram e foram/estão sendo vitoriosos!
2014 é, por tudo isso e mais um pouco, um ano para ficar guardado em nossas retinas, mesmo aquelas mais cansadas. 2015 que se prepare! Não será nada fácil derrubar 2014 das nossas vidas.

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