Alguns anos atrás,
quando entidades voltadas ao meio ambiente e à preservação do planeta
anunciaram que no futuro a água seria o bem mais precioso do planeta justamente
porque se tornaria rara a muitos povos, não faltou quem criticasse o alarmismo
da previsão. Entretanto, o que parecia, para alguns, alarmismo, transformou-se
rapidamente em realidade. São Paulo, uma das maiores cidades do mundo, por
exemplo, vive o drama da escassez do produto.
Em sua página na
internet, a ONU publicou recentemente a história da boleira Maria Dilvânia
Lima, 40 anos, que nunca tomou banho de chuveiro. Duas vezes por semana ela se
junta a sete colegas para assar bolos em uma associação de mulheres de uma
pequena cidade do Nordeste brasileiro. Nenhuma receita leva água, substituída
por polpa de frutas ou leite.
A reportagem serviu
para ilustrar um novo alerta feito pelas Nações Unidas. O desafio de 748
milhões de pessoas, em todo o mundo - 35 milhões apenas na América Latina - que
convivem diariamente com o problema e precisam escolher entre preparar a comida
ou lavar a louça, tomar banho ou regar a horta.
De acordo com a
versão latino-americana do relatório Diminuir o calor, do Banco Mundial, as
mudanças climáticas tendem a agravar ainda mais a falta de chuva nas regiões
mais áridas do mundo. Segundo o documento, o fenômeno El Niño pode se tornar
mais frequentes em um planeta 4°C mais quente. Em razão disso, mesmo os
projetos de fornecimento de água precisam considerar o ensino da população a
usar o líquido da forma eficiente.
Particularmente em
São Paulo, a situação é tão difícil que o Conselho da Cidade aprovou uma carta
aberta sobre a crise hídrica. Propôs 35 medidas para o enfrentamento da falta
de água na capital. Elas reúnem ações das três esferas do poder público e da
sociedade civil. Para os conselheiros, é preciso criar um plano de
contingência, com políticas emergenciais, e também ferramentas de transparência
e monitoramento da situação de abastecimento.
Eles sugeriram a
adoção de medidas como o reuso de efluentes e o reaproveitamento da água de
chuva, o levantamento da situação de poços, nascentes, cisternas e das empresas
de fornecimento de água por caminhão pipa, e o incentivo à compra de caixas
d'água pela população de baixa renda e de equipamentos economizadores, como
redutores de pressão e válvulas de descarga dupla.
Cenário de quem
nunca imaginou que a principal cidade brasileira, responsável por boa parte da
produção industrial, um dia iria enfrentar.
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