Por que uma planta perde seu Poder? — Porque perde seu rito, ou
seja, sua tradição, o seu canto original. No uso diário indiscriminado, em que o corpo assimila e resiste ao seu efeito
transcendental, passando a alterar somente o humor e a sua disposição geral.
Desgasta-se, perdendo o Poder transcendental ao ser domesticada
e misturada com outras coisas, tornando-se saborosa ao paladar. Como o Café,
que atualmente pode ser ingerido em grande quantidade causando, no máximo,
insônia e excitação.
O Tabaco e o Chá mate perderam também sua força. Quando estive
em Cuba pude ver a imagem símbolo dos nativos que cultivavam o tabaco e foram
exterminados. Depois disso a humanidade passou a ser escrava de algo a
princípio sagrado, que tornou-se um vício mortal, preço pago pela violação,
como a coca nos Andes e o açúcar.
O mesmo ocorreu com as folhas de Louro, tão populares nos
Templos de Apolo, usadas pelas Pitonisas. O último a usá-las adequadamente foi
Nostradamus. Hoje em dia são utilizadas apenas como condimento nas cozinhas de
todo o mundo, assim como a casca da Noz Moscada. Quem sabia como usar e invocar
o seu Poder, presente nos idos de 1500, eram os nativos, naturalmente.
Na mesma época, os Alquimistas, animados com os progressos que
alcançaram, criaram o Álcool Destilado, na busca de achar algo mágico. Da mesma
forma como hoje os cientistas estão atrás de criarem artificialmente algo
transcendental e acabaram criando os grãos transgênicos, que não se reproduzem
como os grãos naturais.
AS PLANTAS QUE NÃO DEGENERARAM
As plantas de Poder que não degeneraram - não são muitas -
diferem em muito dos alucinógenos criados pelos laboratórios químicos
existentes no mundo urbano, por várias razões. A principal delas é o rito, a
presença dele, a forma como é feito, eliminando qualquer prejuízo a quem delas
se serve corretamente — é o que determina ou não o sagrado e os ensinamentos
provenientes de seu autocontrolado uso, mesmo por nativos na selva, sendo que
nem todos eles podem tomar. Em algumas tribos somente o pajé; em outras ele e
os seus amigos, e nas mais liberais somente os homens. O xamanismo inovou no
sistema urbano ao permitir a presença das mulheres.
Mesmo que um princípio ativo de uma planta esteja contido num
produto químico, ele poderá agir quase igual a planta, mas não fará o mesmo
efeito, pelo simples fato que TRANSE e ALUCINAÇÃO são coisas diferentes. O
primeiro traz informações verdadeiras e úteis; o segundo apenas mostra imagens
e sons fora de sintonia com a realidade, criados pela imaginação.
Alguns antibióticos produzem alucinações. O princípio ativo
presente às vezes é semelhante ao da planta, mas no caso dos remédios, este é
misturado junto a outros componentes químicos, mudando tudo. Por isso os
chamamos de drogas, mesmo que necessárias, drogas de drogaria de farmácia. É o
caso dos anabolizantes que criam dependência; sedativos e estimulantes: são
DROGAS quando misturadas com álcool, tornando-se fonte de dor e sofrimento para
muitas pessoas.
Poucos cientistas e pesquisadores hoje em dia conhecem os
segredos das Plantas de Poder. Seus cantos, sons e gestos, parecem funcionar
como chaves para abrir os PORTAIS da mente, quando esta se encontra em estado
Alfa. Estamos aprendendo o que fazer com elas, coletando dados de observadores
dedicados e capazes de fazer uma análise objetiva. Muitas informações deverão
ser trocadas por mais uns 10 anos, e não podemos prescindir das informação do
xamã.
Tratando-se de plantas especiais, pois operam num nível mais
sutil da natureza, o cuidado do nativo é redobrado; colhendo e preparando de
maneira especial, como os produtos Homeopáticos e os Florais de Bach. Lembro-me
que meu bisavô receitava Homeopatia no princípio do século passado e era
chamado de “médico espírita”. O que já não acontece hoje em dia, quando tanto a
Homeopatia como a Psicologia e a Acupuntura são reconhecidas como Ciência.
A energia das Plantas de Poder, de forma geral, tem a capacidade
de expelir do corpo humano substâncias estranhas a ele. Entendendo como
estranha qualquer entidade ou energia que não faça parte do universo natural do
corpo humano.
A natureza das Plantas de Poder é essencialmente transformadora,
agindo de forma tríplice. Assim é no plano material, imaterial — astral, etéreo
— fluído, invisível; ensinando a regeneração do ser humano no plano espiritual,
fortalecendo a vontade, e enobrecendo todas as faculdades anímicas. Tão úteis e
necessárias como as Plantas de Poder Alimentar, capazes de transformar em horas
a química do corpo.
Há muito pouco tempo, a política de pesquisa no Brasil vem se
desenvolvendo, dando atenção à nossa reserva florestal como um BEM, em que o
nativo a vê como VALOR (temos de nos orgulhar por eles terem preservado este
conhecimento...) para nós. Isso sem falar das plantas que crescem no fundo das
cavernas, dos rios e dos mares. Muito ainda temos que APRENDER em como nos
relacionar com o PODEROSO REINO VEGETAL.
O xamanismo de Planta de Poder espiritual é muito variado, sendo
impossível enumerá-lo. O dado mais importante é o que se refere à linguagem
cantada, e à língua em que é cantada.
Vamos nos deter apenas na AYAHUASKA, que é a planta MESTRA de
todas as plantas da Floresta Amazônica (apesar de existir outra, mas que ainda
permanece secreta, e acredito ficar assim por mais tempo do que imaginamos
pensar).
PLANTA MESTRA é a que tem o Poder de revelar (contar, falar,
comunicar) ao xamã como agem outras plantas quando misturadas a ela.
Justifica-se este respeito uma vez que a selva é cheia de mil plantas venenosas
e é a Ayahuaska que faz o papel do laboratório de análise avançada, ajudando a
distinguir as plantas de cura e as comestíveis, daquelas mortais.
Daí vem o hábito (assimilado pelo caboclo ao ver o xamã misturar
plantas no chá da Ayahuaska), de fazer o mesmo. Mas os caboclos não sabiam,
como a maioria continua não sabendo, que essa ação consiste apenas num teste,
não sendo uma norma para todos e nem uma prática usual..."
Ana Vitória Vieira Monteiro.
Trecho do Livro "Xamanismo A Arte do Êxtase"
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