sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Quem vai pagar a conta é o povo

A possibilidade de os consumidores pagarem ainda mais pela conta de energia elétrica - a expectativa das operadoras é cobrar o novo reajuste já em março - deveria ser vetada pelo governo reeleito de Dilma Roussef. Novamente a população, que passou a pagar mais pelo serviço nos primeiros dias de janeiro, deverá arcar com os problemas não resolvidos pelo governo federal.

De acordo com a Agência Brasil, reproduzindo palavras do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recebeu sinal positivo da presidente para tratar de "ações estruturantes" do setor. O órgão marcará uma reunião e tomará as providências no sentido de construir, dentro de um prazo estabelecido, as medidas.

O reajuste da conta de luz que o povo brasileiro deverá pagar diz respeito aos problemas de caixa das distribuidoras de energia elétrica. Uma "compensação" pelo valor a mais gasto pelas distribuidoras na compra de energia, por causa do baixo volume dos reservatórios das usinas hidrelétricas e da necessidade de acionamento de termelétricas. Para liquidar débitos de novembro do ano passado, seria necessário R$ 1,6 bilhão. Em relação a dezembro, são mais R$ 900 milhões. Montante que o ministro Braga pressiona Dilma para repassar ao bolso da população.

A presidente deveria recorrer ao que diz a página 35 de seu Plano de Governo, apresentado durante a campanha eleitoral do ano passado, antes de dar o o.k. ao novo tarifaço. Lá consta: "No setor de energia, o Brasil continuará o processo de expansão do seu parque gerador e transmissor para garantir a segurança do suprimento e a modicidade tarifária. Essa expansão ocorrerá de forma a manter a qualidade de nossa matriz energética, baseada em hidroelétricas e termoelétricas, fontes renováveis limpas e de baixa emissão de carbono, e complementada por fontes alternativas, como a eólica, a solar e a originária da biomassa.

 Terá sequência prioritária a ampliação e modernização do parque instalado de transmissão de energia".
E tornar o setor mais eficiente e qualitativo, definitivamente, não passa por onerar o bolso do contribuinte, uma velha fórmula, que nada tem de moderna. A compensação das distribuidoras requer outro plano. Fácil demais aumentar a conta de luz - e injusto - para um governo que não consegue se livrar dos escândalos, luta contra a volta da inflação e parece, nesse início de mandato, ainda fora de rumo.


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