segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Bom Senso



Não é a primeira vez que falamos ou escrevemos sobre este assunto. Certamente não será a última. Por quê? Porque é um dos artigos que mais fazem falta no mundo atual. Quando participo de qualquer reunião, seja de condomínio, reunião de pais nos colégios que dou aula, reuniões de igreja ou políticas percebo que na medida em que aumenta o número de pessoas nas reuniões, o bom senso vai sumindo, até quase desaparecer.
As pessoas se reúnem com uma agenda a cumprir. Uma agenda previamente acordada na qual figuram temas de interesse comum. Pouco a pouco os presentes vão levando os temas para assuntos de seus interesses pessoais. Parecem ficar a espreita de uma palavra ou um incidente que lhes permita falar daquilo que lhes interessa.
Aprendi, faz muitos anos atrás, que para discutir ou dialogar sobre um tema devemos ter um propósito comum, que geralmente é a procura da verdade ou a solução de um problema.
Vejamos o que o dicionário nos diz sobre o bom senso. Para início de conversa não encontramos a expressão bom senso, encontramos bom e senso.
Senso:
1. Faculdade de julgar, raciocinar, entendimento.
Bom:
1. Que é conforme ao uso a que se destina.
Não sei de quantas reuniões vocês têm participado, mas imagino que na maioria das vezes saem com uma frustação enorme que os leva a dizer, a vocês mesmos: - É a última que participo. Não é verdade?
O que é faculdade de julgar? É a faculdade de ouvir, para poder entender ao outro e depois raciocinar, avaliar e depois julgar. Somente depois de fazer isto é que podemos contestar uma opinião. Também devemos despojar-nos de ideias pré-concebidas, e dos truques que nossa mente nos prega. A título de ilustração lembro-me de uma história que me contaram:
As três da madrugada, numa noite de tormenta o carro de um amigo ficou sem gasolina, numa estradinha perdida e deserta no campo de um país estranho. O celular não tinha sinal. Somente se via uma luz no meio da floresta, indicando que alguém morava lá. Meu amigo dirigiu-se para a luz, cada vez mais molhado e sujo pela lama, falando consigo mesmo: - Chegarei, tocarei a campainha, vão demorar a atender, os donos da casa estarão irritados e com medo de alguém incomodar a esta hora. Provavelmente não me deixarão entrar nem prestar o telefone, tentarei explicar e eles não entenderão o que eu tenho a dizer.
Quanto mais perto da casa chegava, mais e mais sua mente lhe dizia que não teria ajuda. Quando por fim bateu na porta, alguém abriu a porta e diz: - Em que podemos ajudá-lo?
Bom senso é o contrário de estar na defensiva e esperar pelo pior. Bom senso é somente julgar e responder após ouvir. Não deixar-nos levar pela nossa mente, mas usar nossa mente, e nossa boca somente depois de ter usado os dois ouvidos.


Por Ricardo Irigoyen

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Um comentário:

  1. Sensacional, muito bom mesmo, ouvir e ouvir e se possível ouvir novamente para controlar a língua e não se perder.
    Abraços forte

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