"A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é
sempre uma derrota."
(Jean-Paul Sartre)
Discussões
sociopolíticas, travadas dentro das academias elitizadas do “primeiro mundo”
europeu definem a conjuntura mundializada como um jogo de xadrez no qual
restariam apenas duas ou três peças hegemônicas mas nem por isso imutáveis.
As instituições políticas,
num déficit de poder, seguem perdendo representatividade, dia a dia, enquanto a
cultura do efêmero abocanha o parco pedaço de uma “ética humanizada e de
interesses”, vendida nos sites chineses a “um e noventa e nove”.
Num processo
inverso à direção tomada pelo timão societário da história contemporânea,
fincado no tripé da religiosidade capitalista chauvinista, aquela que prega o
trabalho, a acumulação e o progresso enquanto instâncias da ética protestante
atualizada e banalizada pela emancipação humana movida à compra de bens
duráveis.
Estruturado em pés biônicos calçados na tecnologia e rapidez da
informação, o homem segue rumo às cavernas, bebendo da fonte da ignorância em
suas infinitas formas de agressão e promoção do suicídio coletivo, nas suas várias vertentes, tais como a ambiental,
da falta de ética política, competição voraz, irreparáveis desigualdades
sociais, acumulação e exploração do capital especulativo.
A relativização de valores, através da qual aceita-se tudo, sem apoiar
nada nem ninguém, processa o momento histórico onde a cultura da sociedade
local, globalizada, embasa o futuro guiado pelo presente, mesmo quando encurralada até o pescoço, na vala rasa dos atalhos da ignorância e negligência
humanas.
A beligerante
ideologia da “situação de emergência” espalhada pelo Oriente europeu, neste
momento, dá o tom medíocre de uma humanidade “guiada às cegas” pelo medo dos
movimentos sociais, reivindicação de direitos, acontecimentos históricos,
primaveras insurgentes.
O momento
internacional divide-se, tanto quanto no restante da história moderna e antiga,
entre vilões armados até os dentes e o resto do mundo. Caracterizada pelos “Zé
Pequenos” filhos adotados, estuprados, abandonados e fruto do cotidiano de
riquezas construídas em premissas neoliberais, a sociedade do medo banaliza os
valores e a vida enquanto rema, em curso finito, no rio que atravessa a vila da
humanidade já sem volume e correnteza, força motriz capazes de tocar, segundo
nos conta a Bíblia, o barco de “Noé e seus animais”.
Barcos, Noés e
animais, modernizados, emburrecidos, violentos e violentados, parecem fadados à
extinção.
Abrir o mar da opressão e criar passagem às “diversas salvações” que se apresentam à
humanidade, divididas entre sonegação da ética e “etnias destroçadas” é mais
que urgente. Como a questão da água, a banalização e extinção da sociedade
modernizada “avinagraram” a preciosidade vital, líquida, a qual se esvai entre
os dedos das gestões, no ralo da ganância corrupta, irresponsabilidade social e
falta de compromisso com as gerações futuras.
As promessas de “um
mundo melhor em outro mundo” patrocinada pelas igrejas de alforges, há que
despertar a humanidade e levar à conclusão concreta de que, a cada 100 anos e a
cada geração, realizamos o reinício ou o fim enquanto escrevemos o infinito e
cruel resto da história.
E o pulso... ainda
pulsa!
Antônio Lopes.
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