Na pauta da campanha
eleitoral de 2014 — marcada pela triste despedida do governador Eduardo Campos
—, o agronegócio deve ser, necessariamente, um dos temas prioritários,
considerando o seu significado para a segurança alimentar, exportações e a
economia, com a participação de 23% no PIB brasileiro. Nesse sentido, é
importante que todos os candidatos à Presidência da República deem máxima
atenção às propostas que receberam das entidades representativas do setor. É
preciso analisar em profundidade as suas demandas.
O documento da
Confederação Nacional da Agricultura (CNA) recomenda ampliação e diversificação
dos investimentos em infraestrutura de transportes, ainda concentrados no modal
rodoviário, aumento da capacidade de armazenamento, multiplicação das tecnologias
para melhorar a produtividade e melhores estratégias relativas ao mercado
internacional. Observa-se aqui, por exemplo, uma congruência com as
reivindicações consensuais de toda a sociedade quanto à melhoria da
infraestrutura de movimentação e logística das cargas.
A Associação Brasileira
do Agronegócio (Abag), em interessante estudo elaborado por técnicos da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenado por Roberto Rodrigues, ex-ministro
da Agricultura, propõe ações baseadas em cinco princípios: sustentabilidade da
produção, competitividade, produção orientada para os mercados e governança
institucional. Os dois relatórios enfatizam um ponto em comum: segurança
jurídica. Esta também é uma reivindicação que tem sido insistentemente
colocada, há tempo, por todos os setores produtivos.
Ouvir as vozes da
agricultura, pecuária e de toda cadeia produtiva do agronegócio é indispensável
ao governante a ser eleito em outubro. A atividade é essencial para a retomada
do crescimento econômico do Brasil em níveis mais elevados e também para que o
País responda com eficácia a dois desafios atuais prementes: a segurança
alimentar, considerando que a fome ainda flagela 900 milhões de pessoas no
mundo, e o controle da inflação, que pode ser traduzido, no caso, como comida
mais barata na mesa dos brasileiros.
Os números do IBGE
relativos à inflação, por exemplo, atestam a relevância do agronegócio: o
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de junho para julho,
passando de 0,4% para 0,01%. O grupo de alimentação foi um dos que mais
contribuiu para o resultado. Neste segmento, os produtos consumidos nas
refeições em casa foram os que apresentaram maior queda.
A taxa de crescimento
dos preços dos alimentos na América Latina e Caribe também caiu pelo terceiro
mês consecutivo, indica relatório da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), tendo junho como base. A inflação do segmento
na região subiu somente 0,5% nesse mês, ante 1% em relação a maio e 1,2%, em
abril. Importante observar um dos destaques do documento: “Esse resultado
responde em grande parte aos movimentos dos preços dos alimentos no Brasil e no
México”. Considerando, porém, o volume da produção brasileira, com impacto
efetivo no mercado global, os dados da FAO referentes ao nosso país têm uma
dimensão ampliada.
Além de atender à
prioridade do preço e da oferta do bem mais essencial, o pão nosso de cada dia,
a agricultura, pecuária e sua cadeia produtiva continuam sendo a grande base de
sustentação da balança comercial brasileira: dentre os dez principais produtos
da pauta exportadora nacional, no período de janeiro a julho de 2014, sete são
do agronegócio, segundo análise da CNA, baseada em dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
É muito clara,
portanto, a necessidade de enfatizar o tema na agenda das eleições, momento
maior da democracia. Que cada voto nas urnas de outubro seja uma semente de
prosperidade socioeconômica!
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