Só quem já esteve na lista de devedores do Serviço
de Proteção ao Crédito sabe como é e a dificuldade que se enfrenta por causa
disso. Por isso, é grande a busca de brasileiros por opções para limpar o nome.
Contudo, para quem quer mudar definitivamente sua situação financeira,
recomendo cautela, pois, não adianta apenas combater o efeito do problema, mas
também a causa, que é a falta de educação financeira. Está com nome sujo
quem possui alguma dívida com pagamento atrasado, isto é, quem está
inadimplente.
Em função
disso, geralmente, o consumidor sofre com diversas sanções na hora de realizar
compras ou de outras ações. Uma boa alternativa para os brasileiros é
participar de Feirões Limpa Nome, que possibilitam a negociação das dívidas
diretamente com os credores, com condições especiais de pagamento.
Com certeza, essa é
uma ótima oportunidade para que as pessoas limpem os seus nomes, contudo, é
fundamental que se honre os acordos firmados e que se planeje para que o
problema não volte, como ocorre na maioria das vezes. Por isso, sempre faço um
importante alerta para as pessoas saberem calcular o impacto de financiamentos
(cartão de crédito, cheque especial, financiamento da casa
própria, do carro e de eletrodomésticos, entre outros) em seu orçamento,
com dicas práticas do que fazer antes de optar por uma linha de crédito e
evitar o endividamento, como também orientações para quem já está endividado.
Para que o
consumidor deixe de ser inadimplente, é preciso, antes de qualquer coisa, que
entenda que o ciclo de endividamento se constitui de causas como analfabetismo
financeiro, consumismo, marketing publicitário
e crédito fácil; de meios - cheque especial, cartão de crédito, crediário,
crédito consignado, empréstimos, adiantamentos e antecipação do IR -; e de
efeitos - problemas conjugais, problemas de saúde, desmotivação, baixa
autoestima, produtividade reduzida, atrasos e faltas no trabalho.
Para quebrar esse ciclo é necessário ajudar a
ampliar o repertório da população sobre finanças, de forma consistente e
carregada de sentido prático, para que assimile, o mais cedo possível, a
importância do equilíbrio financeiro para o bem-estar individual e social.
Em geral, a ciranda financeira segue o seguinte
compasso: se a prestação da casa ou do carro não está cabendo no orçamento, a
pessoa passa a pagar todas as demais despesas no cartão de crédito, imaginando
que, assim, sobrará recurso para pagar suas principais dívidas. Dentro de
poucos meses, no entanto, já não conseguirá quitar a fatura do cartão e passará
a pagar a parcela mínima, até que entre algum recurso extra.
Mas isso não
acontece e a saída é recorrer também ao cheque especial. Chega o começo do
outro mês e a história se repete. O salário recebido é suficiente apenas para
cobrir o limite do cheque especial. Junto, vem o débito referente aos juros do
período mais a parcela mínima do cartão. Sem alternativa, deixa-se de pagar a
prestação da casa ou do carro.
Quando se dá conta, a pessoa está endividada de
todos os lados, correndo o risco de ficar inadimplente e sem linhas de crédito.
Há quem provoque a própria demissão para usar os recursos dos direitos trabalhistas
a fim de solucionar o problema.
A solução é fazer um levantamento detalhado de
todas as dívidas, separando os itens em "essenciais" e "não
essenciais", priorizando o pagamento dos essenciais para evitar o corte de
serviços indispensáveis. Deve-se também priorizar as dívidas que têm as taxas
de juros mais altas. Provavelmente, serão as dos empréstimos adquiridos junto
ao sistema financeiro. O melhor é procurar o gerente e pedir que junte num
mesmo pacote as dívidas de cheque especial, cartão de crédito e demais
empréstimos e negociar uma linha de crédito diferente, mais alongada, com juros
médios que não ultrapassem 2,5%, cuja prestação seja menor do que o valor total
dos juros que a pessoa pagava mensalmente.
A partir desse acordo com o banco, o devedor estará
pagando não mais apenas os juros, e sim o valor principal, fazendo com que a
dívida seja efetivamente liquidada ao longo do tempo.
Um último alerta é que os consumidores evitem, a
qualquer custo, promessas milagrosas e com juros muito baixos de instituições
ou pessoas que não são conhecidas.
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