Macarrão
pré-cozido pode potencializar hipertensão e doenças do coração, é o que conclui
uma pesquisa de Harvard.
Um cotidiano agitado leva as pessoas a buscarem refeições rápidas, que não demandem
muito tempo de preparo e sejam práticas. Quem nunca “matou” a fome com macarrão
instantâneo, em especial o miojo? O problema é que este alimento é um
verdadeiro vilão da vida saudável, contém inúmeras substâncias que podem não
somente engordar, potencializar a hipertensão, mas também, oferecer riscos de doenças cardíacas, principalmente para
as mulheres. Estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, alertam que
o produto não é tão inocente quanto parece.
A pesquisa norte-americana publicada recentemente, no The Journal Of Nutrition, indicou que, se o alimento
for consumido duas vezes por semana pode elevar em 68% os riscos de problemas
do coração em mulheres. A preocupação é maior com o sexo feminino, porque sua
ingestão foi associada ao desenvolvimento da síndrome cardiometabólica,
motivada pela resistência à ação da insulina, que obriga o pâncreas a produzir
mais esse hormônio.
O estudo analisou a dieta de 10.711 adultos, durante dois anos. O
resultado também apontou aumento do risco de pressão alta, glicemia e colesterol elevado. Conforme o
cardiologista Hermano Martins Carvalho, a síndrome é um mal da sociedade atual,
ocasionada pelo sedentarismo e alimentação inadequada. “Ela é caracterizada
pela junção de fatores de risco para
as doenças cardiovasculares (ataques cardíacos e derrames cerebrais),
vasculares periféricas e diabetes”, afirma.
A nutricionista Sandra Mara Ribeiro alerta que o alto consumo de
alimentos industrializados, como macarrão instantâneo, em algum momento da vida
apresentará efeito nocivo ao organismo humano. “Esse fato eleva as chances de riscos cardíacos, diabetes e
hipertensão. Mas isso não significa que o alimento irá agir da mesma forma em todos os
organismos, e que o mal será obrigatoriamente desenvolvido. Porém, é importante
conhecer produtos alimentícios que podem trazer prejuízos a nossa saúde”,
pontua.
A especialista ainda ressalta que as pessoas não devem ter uma dieta a
base de alimentos processados, em especial aqueles que contêm grandes teores de
açúcar e sal. “Recomendo que a população faça maior ingestão de frutas,
verduras, legumes e esqueçam alimentos pobres em fibras, proteínas e vitaminas”, diz a
nutricionista Sandra.
Mais contras
A preocupação de especialistas se concentra
também em pessoas que “lutam” contra a balança e no caso daqueles que residem
sozinhos, sem tempo para cozinhar ou de se alimentar mais saudavelmente fora e
dentro de casa. Isso torna o macarrão pré-cozido mais atrativo, fácil e ágil de
preparar. Por causa da gordura, este alimento acaba apresentando mais calorias
que o macarrão convencional, explica a engenheira de alimentos Dora Vilma de
Nazário.
“Para que macarrão fique desidratado, na
forma encontrada no pacote, ele passa por um processo de pré-cozimento e
fritura. Por isso, possui praticidade de tempo. Mas, em compensação, contém o
triplo de calorias do macarrão convencional, além de gorduras trans”, explica a
engenheira de alimentos.
Um estudo da Associação Brasileira de
Defesa do Consumidor (Proteste) apontou que determinada marca de um macarrão
instantâneo apresentou ter 16 gramas de gordura, em um pacote de 85 gramas, o
que representa um valor muito mais elevado aos 29% da recomendação de consumo
diário. Outro aspecto sugerido pela pesquisa foi a grande quantidade de sódio –
componente do sal de cozinha – e aditivos encontrados no alimento, como o
glutamato.
Dependência
Essa substância tem a capacidade de viciar
e pode provocar incômodos, como dor de cabeça,
enxaquecas e náusea, quando ingeridas em grandes quantidades. Em determinadas
marcas, deacordo com o Proteste, o glutamato oferecia 23%
da composição do macarrão. Outro componente nocivo à saúde humana,
que acompanha a embalagem do produto, é o tempero. A nutricionista Sandra Mara
recomenda sempre usar temperos naturais, pois os industrializados contêm muito
sódio e conservantes.
Entretanto, o estudo não evidenciou a razão
pelo qual o alimento atinge mais mulheres do que homens. O autor da pesquisa,
Hyun Joon Shin, doutorando de epidemiologia de nutrição na Escola de Saúde
Pública de
Harvard, acredita que uma razão provável é que o sexo feminino têm hormônios
sexuais e metabolismo diferentes do sexo masculino. Outra explicação possível é
devido a embalagem de macarrão instantâneo, que muitas vezes é forrada com o
disruptor endócrino BPA, pode mexer com o nível de estrogênio, o que pode, por
sua vez, levar a alguns dos fatores de risco da síndrome cardiometabólica.
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