Em repúdio ao programa global, movimentos negros organizam manifestação
em todo país.
O programa
"Sexo e as Negas", de Miguel Falabella, ainda não estreou, mas já tem
causado vários questionamentos em relação ao seu conteúdo.
Em vários locais do
País, movimentos pela defesa da igualdade racial e feminina têm demonstrado não
aprovar o programa. Para se opor ao que consideram racismo, os líderes e
adeptos dos grupos têm organizado protestos e, em Goiânia, a manifestação
"Boicote Nacional ao Programa Sexo e as Negas" está marcada para esta
segunda-feira (15), às 17 h, na Praça do Bandeirante, situada no Centro.
De acordo com a professora, psicóloga e coordenadora pedagógica do
Centro de Referência Negra Lelia Gonzales, Roseane Ramos - que é uma das
organizadoras do evento -, além do protesto, os movimentos negros também
encaminharam uma denúncia para a Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial.
O seriado tem
estreia prevista para o próximo dia 16, amanhã. Segundo Roseane, "com as
propagandas é possível perceber a supervalorização do corpo da mulher".
Ela diz também que o nome do programa é de teor apelativo.
A organizadora do
evento diz considerar que o programa "reforça o esteriótipo da mulher como
um objeto sexual, como mercadoria, em uma mistura de machismo com
racismo".
Roseane conta que
as manifestações ocorrem em várias regiões do País e algumas começaram ontem.
Ela explica que cada movimento tem sua metodologia e em cada local as mulheres
se organizaram para chamar a atenção à questão da promoção da igualdade racial.
Segundo a
organizadora, uma das intenções do manifesto é despertar o público para que ele
deixe de assistir ao programa. "Uma emissora como a Rede Globo retratar a
mulher, a mulher negra, como objeto sexual atrapalha a luta pelo fim do
racismo". Roseane observa, se por um lado, atrapalha, por outro,
"fortalece", porque cria a mobilização, que proporciona a
conscientização.
Quando questionada
sobre a expectativa de mobilização em Goiânia, a organizadora diz que várias
pessoas confirmaram presença. Ela aponta que vários grupos estão envolvidos com
a causa, além deles, vários estudantes e universitários.
Ela analisa que,
provavelmente, o programa não deixará de ser exibido por causa das
manifestações, mas aponta que a principal finalidade é "boicotar" o
seriado.
"Quero
convidar a sociedade para que não assista ao 'Sexo e as Negas'. Esse programa
nada contribui. Não vamos aceitar a promoção do esteriótipo da mulher negra
como uma mercadoria; há anos lutamos para que isso tenha fim", conclui a
organizadora.
Sexo e as Negas é um novo seriado
global e tem estreia prevista para amanhã. Na trama, quatro mulheres negras são
protagonitas. O programa foi inspirado no seriado Sex and THE CITY.
Com a repercussão nas redes sociais,
o autor de "Sexo e as Negas", Miguel Falabella, utilizou as redes
sociais para escrever sobre o posicionamento da sociedade. Leia abaixo parte do
texto publicado por ele.
Qual é o problema, afinal? É o sexo? São as negas? As negas, volto a
explicar, é uma questão de prosódia. Os baianos arrastam a língua e dizem meu
nego, os cariocas arrastam a língua e devoram os S.
Se é o sexo, por que as americanas brancas têm direito ao sexo e as
negras não? Que caretice é essa? O problema é porque elas são de comunidade?
Alguém pode imaginar Spike Lee dirigindo seus filmes fora do seu universo? Que
bobagem é essa?
Pois é justamente sobre isso que a série quer falar! Sobre guetos, sobre
cotas, sobre mitos! Destrinchá-los na medida do possível! Os mitos e lendas que
nos são enfiados goela abaixo a vida toda.
DM.
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