quinta-feira, 25 de março de 2010
Um olhar sobre a solidão
Segundo um estudo da Universidade de Chicago, o sentimento de solidão, ao longo do tempo, aumenta a pressão arterial em pessoas acima de 50 anos. Amparado pelo National Institute on Aging e a Fundação John Templeton, o estudo mostra, pela primeira vez, a relação direta entre solidão e aumento da pressão sanguínea. De acordo com a equipe, liderada por Louise Hawkley, participaram do estudo 229 pessoas com idades entre 50 a 68 anos, que faziam parte de um estudo de longo prazo sobre o envelhecimento.
De acordo com a pesquisa, durante o estudo de cinco anos foi verificada uma ligação nítida entre os sentimentos de solidão notificados no início do trabalho e o aumento da pressão arterial durante esse período. “O aumento associado com a solidão não era observável até dois anos no estudo, mas depois continuou a aumentar até quatro anos mais tarde”, disse Hawkley. A pesquisa mostrou que mesmo as pessoas com níveis moderados de solidão foram atingidas, e entre todas da amostra, as solitárias tiveram a pressão arterial superior que seus semelhantes socialmente mais realizados.
A apreensão das pessoas quanto ao sentimento de solidão pode ser a razão do aumento da pressão arterial. “A solidão é caracterizada por um impulso motivacional para conectar-se com os outros, porém com um medo de avaliação negativa, rejeição e decepção”, disse Hawkley. “Nós supomos que as ameaças aos sentimentos de proteção e segurança em relação aos outros são componentes tóxicos da solidão, e que a hipervigilância sobre essas ameaças pode contribuir para alterações no funcionamento fisiológico, incluindo a pressão arterial elevada.”
Os pesquisadores analisaram a possibilidade de que a depressão e o estresse pudessem ser fatores que justificassem a hipertensão, mas descobriram que eles não explicam completamente o aumento na pressão sanguínea entre pessoas solitárias acima de 50 anos.
Nos Estados Unidos, a pressão arterial elevada é a principal causa de cerca de 18% das mortes no país. Chamada de “ameaça silenciosa”, a hipertensão tem poucos sintomas, e como a solidão, às vezes não é fácil de detectar. Mesmo as pessoas que têm muitos amigos e uma ampla rede social podem se sentir solitárias se suas relações forem insatisfatórias, disse Hawkley.
No editorial da edição especial n° 22 da Revista Mente e Cérebro, a editora Gláucia Leal utilizou a metáfora dos porcos-espinhos, retirada do livro O mundo como vontade e representação de Arthur Shopenhauer, o que achei conveniente reproduzi-la aqui: “Um grupo de porcos-espinhos perambulava num dia frio de inverno. Para não congelar, os animais chegavam mais perto uns dos outros. Mas, no mesmo momento em que ficavam suficientemente próximos para se aquecer, começavam a se espetar com seus espinhos. Para fugir da dor, dispersavam-se, perdiam o benefício do convívio próximo e recomeçavam a tremer, o que os levava a buscar novamente a companhia uns dos outros – e o ciclo se repetia: a luta para encontrar uma distância confortável entre a dor e a proximidade.”
Não é difícil perceber que a maioria de nós age como porcos-espinhos. Um metro quadrado de área total de uma residência em condomínio horizontal, com mais conforto, garagem ampla, lazer privativo, maior segurança e amplo espaço, custa em média metade do valor do metro quadrado de um apartamento na mesma região, com menos privacidade, garagem estreita e acesso complicado, menos conforto, pouco espaço, lazer coletivo e menor segurança. Ao mesmo tempo em que essa estatística é uma comprovação de que estamos fugindo da solidão, percebemos também a presença do paradoxo de Shopenhauer. Nos silenciamos dentro e fora dos elevadores, nas garagens, nos corredores e nas áreas comuns das nossas moradias em prédios residenciais. Que desconforto é esse, que por mais benéficos que sejam os relacionamentos, nos atrapalhamos diante deles?
Renner Cândido Reis.
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Postado por
William Junior
às
23:13
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Olá!
ResponderExcluirA solidão é uma doença silenciosa que nos debilita, tortura e nos fazer sofrer muito. A solidão nos faz doente do corpo e da alma.
Abraços
Francisco Castro
SERÁ? QUERIDO AMIGO WILLIAN, QUE A SOLIDÃO FAZ TANTO MAL ASSIM?
ResponderExcluirSE FAZ NÃO É PARA TODOS , POIS NÃO SÃO POUCAS AS PESSOAS QUE ABDICAM DA CONVIVENCIA SOCIAL PARA VIVER EM RECLUSÃO.
EU MESMO JÁ VIVI EM UM MOMENTO EM QUE O QUE EU MAIS QUERIA ERA A MAIS PURA SOLIDÃO.
PODE ATÉ SER QUE ESTAS PESSOAS SE TORNEM RANZINSAS E DEPRESSIVAS, MAS ISSO TAMBÉM NÃO ACOMETE AS PESSOAS QUE VIVEM EM FAMÍLIA ,POR EXEMPLO?
SEI LÁ ,COM CERTEZA HÁ CASOS E CASOS, MAS QUE EXISTEM MOMENTOS EM ADORARÍAMOS ESTAR SOZINHOS, NÃO HÁ DÚVIDAS.
FELICIDADES,PAZ E SUCESSO!!!!!!!!!!!!!!!
"A pior solidão é não ter amizades verdadeiras." (Francis Bacon)
ResponderExcluirOlá.
ResponderExcluirParabén pelo blog ,é muito legal e foi publicado na TEIA.
Até mais.