terça-feira, 30 de março de 2010

O mito da caverna e o ambiente corporativo



Platão, célebre filósofo grego - contemporâneo e discípulo de Sócrates - escreveu O Mito da Caverna, peça na qual relata uma situação hipotética onde várias pessoas seriam criadas, desde pouca idade, em uma caverna e obrigadas a verem a realidade de acordo com imagens que eram projetadas nas paredes - sombras. Um dentre eles, por meio de coerção, élevado para fora daquele ambiente. Após adaptação o indivíduo passaria a ter oconhecimento da realidade como ela realmente é (aletheia). A verdade encoberta (pseudos) é desmascarada por hélio (sol) que livra o indivíduo da ignorância em que se encontrava.
Existem diferenças significativas entre os dois ambientes (o de liberdade onde prospera a luz – ambiente ou sistema aberto) e o de reclusão, onde as informações são liberadas de forma regrada, sem trocas significativas – ambiente ou sistema fechado. O sistema aberto é mais propenso ao desenvolvimento e o fechado à estagnação. Confrontando-se, comparando-se e imprimindo-se a tais ambientes uma análise, tendo por base o cotidiano das organizações, com certeza o entendimento a que se chega é de que na maioria das entidades o comportamento é divergente em relação ao aspecto mitológico (caverna). A empresa é o lado iluminado. Um lugar onde existe a possibilidade de crescimento do profissional seja ele “prata da casa” – com bastante tempo de contrato ou “sangue novo” um profissional com contrato de trabalho assinado recentemente pela empresa.
Na corporação de onde um de seus membros se retira e posteriormente retorna, trazendo consigo renovações de matéria e energia – novas experiências profissionais, cursos e em decorrência mudança de consciência - está sujeita à rotatividade de profissionais (turnover) que propiciam modificações da forma de se trabalhar na entidade e assim, também se modifica e se agregam novos saberes à empresa. Das pessoas que saem das instituições são poucas as que retornam para a retomada de suas atividades. O empregado que retorna é submetido a questionamentos e críticas, porém, o que foi visto e apreendido pelo mesmo em outra empresa passa a ser inserido à de origem de forma gradativa. O processo de comunicação é dinâmico e o que é trazido, mesmo existindo diferenças de conceitos, é agregado à outra de forma gradativa.
Fazer com que o ambiente corporativo tenha a “oxigenação” necessária não depende apenas dos novos entrantes (novos contratados) na empresa. A tarefa é partilhada pelos membros da entidade e pelo gestor de talentos, lotando o profissional certo no lugar onde realmente necessita de suas contribuições. A mudança de líderes (encarregados de áreas organizacionais) de onde se encontravam lotados por muitos anos para outras unidades proporciona uma movimentação de experiências acumuladas que serão compartilhadas com outros elementos - contribuindo para a reorganização da empresa.
A mudança, como em diversas circunstâncias do cotidiano, envolvendo situações tanto dentro do mundo corporativo como na vida do indivíduo, gera riscos que o gestor de talentos precisa estar atento para não complicar o quadro organizacional da empresa. Os profissionais que irão mudar de local de trabalho precisam ter “talentos” acumulados para poderem assumir outras posições dentro da unidade a que se destinam.
Então, para uma minoria das organizações que se comportam como se fosse a própria caverna de Platão – ambiente fechado e sem renovação – o caminho aberto é para a perda de competitividade e não só isso: o empreendedor pode não enxergar a perda de um patrimônio importantíssimo para a sua entidade, ou seja, o funcionário que contempla uma luz tênue, lá na frente, a mesma o levará para fora da empresa. Assim, é fundamental que o empresário – ou gestor de talentos - “espante as sombras”, se capacite, não permita que sua empresa abaixe as portas por não compreender o mercado ou as mudanças constantes que nele ocorrem.

Divino Lázaro de Souza Aguiar.

4 comentários:

  1. Sim. Está autorizado e obrigado por ter lido.

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  2. William,

    Bons parâmetros traçados entre o Mito da Caverna, de Platão, e o mundo empresarial.

    Quando participei do I Congresso Internacional dos Valores Universais, pelo Palas Athena, escolhi o tema Internet: A Paidéia dos Novos Tempos, onde eu traçava parâmetros entre o Mito da Caverna e a Internet, que seria nova Paidéia. Foi uma apresentação bastante polêmica, em que surgiram muitos questionamentos super interessantes, e valeu muito a pena fazê-lo.

    Parabéns pela postagem.

    Bjs.

    Rosana.

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  3. POIS É, LEVANDO-SE EM CONTA O TEXTO ACIMA ,ME VEM UMA DÚVIDA..
    SE O TEMPO PROFISSIONAL ,LEVA O INDIVÍDUO A UM CONHECIMENTO MAIS PROFUNDO DE SUAS ATIVIDADES, E AS MESMAS SERVIRIAM DE ARRIMO ,PERANTE AS DIFICULDADES FUTURAS, POR QUE OS PROFISSIONAIS DE IDADE MAIS AVANÇADA, ACABAM PERDENDO ESPAÇO E VALOR ,NAS EMPRESAS?
    SE PLATÃO VIVESSE, NOS DIAS ATUAIS, PROVAVELMENTE ,TERIA PENSADO DIFERENTE.
    NÃO QUE OS JOVENS PROFISSIONAIS NÃO MEREÇAM SEU ESPAÇO, MAS COMO É HOJE , ELES ACABAM SAINDO DA CAVERNA, MAS EMPURRAM PARA DENTRO OS PROFISSIONAIS COM IDADE AVANÇADA.
    POSSO ATÉ ESTAR ENGANADO, MAS MESMO EM GRANDE CORPORAÇÕES, PELO QUE SE RELATA NA MÍDIA, SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRE, MAS O SANTO DO VIZINHO, ESSE SIM..RESOLVE TUDO.
    FELICIDADES,PAZ E SUCESSO!!!!!!!!!!!

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  4. William
    Vejo que hoje, aos poucos, a mentalidade das empresas vem mudando e pessoas de mais idade e tempo de trabalho vem sendo valorizadas. Bela comparação do mito com o mundo corporativo.
    Parabéns pelo artigo!
    Abraços

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