sábado, 27 de março de 2010
Jornal x internet - por José Sarney
A grande discussão hoje no mundo da comunicação é saber quando a internet matará de vez o jornal escrito em papel, na forma convencional que conhecemos. O professor de jornalismo Philip Meyer, citado por José Luís Barberia ('El País'), depois de examinar o fechamento de jornais, a diminuição de leitores, a migração de anúncios para a web, profetizou a data de outubro de 2044 para o desaparecimento do último leitor de jornal.
Eu, por meu lado, concordo com Elio Gaspari, que há alguns anos afirmou que o livro e o jornal jamais acabarão. Eles resistirão às novas tecnologias. Mas, acrescento, com algumas mudanças importantes. Bill Keller, do New York Times, talvez tenha sintetizado essas mudanças com o conceito de “união objetiva”: a sobrevivência do jornal está em ser sério, pensar na sociedade, alicerçar sua credibilidade na precisão da informação, deixando de lado velocidade e sensação, terreno em que não tem como competir com as outras mídias, principalmente a internet.
A vitória do jornal será o bom jornalismo, bem feito, com grandes jornalistas, sobre o mau jornalismo de profissionais medíocres e conteúdo duvidoso ou irresponsável. Esse será o embate, menos tecnológico e mais de recursos humanos. A diferenciação entre o internauta descompromissado e o jornalista sério. Entre o jornalismo de sensação e em tempo real e a análise da notícia, bem construída. Isso também pode se fazer na internet, mas, se o jornal não fizer melhor, se não morrer, será mídia marginal.
Fiquei espantado na semana passada quando vi uma pesquisa política e, pela primeira vez nas respostas, como as pessoas conhecem os fatos, aparece a web. No único Estado que tem uma população rural de 40%, o Maranhão, dá TV, imbatível, 80%, mas internet, 4,3%. Ora, se começa assim seu alcance, o que virá depois?
O problema da internet é que o volume de informação que ela nos oferece é tão grande que é impossível saber onde está a verdade. Mas, se “não foi a internet” que inventou a mentira, tornou-se difícil viver tendo que procurar onde está a verdade. Hoje os acessos a alguns sites e blogs, a algumas “comunidades” são muito maiores que a tiragem dos grandes jornais.
Chateaubriand dizia que os jornais não morrem de enfarte fulminante, mas de doenças que no mínimo levam dez anos. Uma delas é a política, outra, a idiossincrasia. Jornais políticos perdem leitores e a credibilidade; os que têm idiossincrasias com pessoas e escolhem inimigos para bajular também contraem o vírus da morte.
Finalmente, como o rádio e a TV não mataram o jornal, a internet não o matará. Só quem pode matá-lo é ele mesmo, querendo ser internet ou fazendo mau jornalismo.
José Sarney . e-mail : jose-sarney@uol.com.br
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Postado por
William Junior
às
15:23
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O homem fala da verdade como se fosse um objeto, um troféu, "a verdade". Falar que uma coisa só porque é vinculada ao papel e feita por pessoas com diploma basta para consideramos verdaeira é contrariar o princípio da lógica. Político é assim mesmo, adora uma falácia.
ResponderExcluirQualquer dia vão estar queimando os internautas "criadores da mentira" em praça pública.
Nenhuma das pessoas que eu conheço que são internautas de carteirinha, perderam o hábito de ler jornais e livros ...cada um busca a informação da maneira que aprecia , cabe aos informantes serem profissionais com credibilidade e respeito ! Cada macaco no seu galho ! E tem galho pra todo mundo !
ResponderExcluirA internet é apenas o meio... não acredito que as informações da internet matem o jornal como veículo, mas acredito sim que o jornal passe a circular no novo meio digital.
ResponderExcluirVisto que o surgimento de e-readers, como Kindle, Skiff e iPad, deram uma nova vida a jornais e resgataram assinantes novos.
Gostei da postagem.
Forte abraço, Fernandez.
Olá!
ResponderExcluirCertamente, com a afluência da internet em todos os meios sociais, os jornais tendferão a ter uma diminuição significativa em suas tiragens ou os aumentos programados há muito tempo serão revistos e não concretizados.
Abraços
Francisco Castro
Olá, William!
ResponderExcluirAcho que o jornal não morrerá nunca, até mesmo pelo exemplo citado. Quando é feito por profissionais únicos e de qualidade sempre atrairá leitores. O público da net é bastante diversificado, já o da mídia impressa é muito diferente. Pode ter um público menor, porém de nível, acredito.
Para ter uma noção e citar um exemplo, aqui no Japão, existe uma mída que envolve revista, TV Internacional, site e jornal, que embora não tenha qualidade visual, oferece assuntos de interesse da comunidade de maneira mais ampla, além das edições em português ou espanhol, o que atrai um grande público. É a diferença!
Cabe a ela fazer a diferença.
Abraços
William,
ResponderExcluirConcordo com você. As novas tecnologias não farão desaparecer os jornais impressos. O que haverá (e já está havendo) é a adequação dos jornais às novas linguagens tecológicas.
Na época em que a televisão surgiu, dizia-se que o rádio e o cinema iriam acabar. E estão aí até hoje.
Abraços.
Lembro quando eu era muito pequeno e anunciavam que a rádio seria substituído pela televisão. Meu pai, um sábio, dizia que ouvira a mesma coisa sobre os jornais quando inventaram o rádio.
ResponderExcluirOs jornais não acabarão. Concordo com o Sarney. Não acabarão os jornais. Eles sofrerão modificações, se adaptarão, mas não acabarão, assim como coexistem os jornais, o rádio, e a TV.
A internet é só mais um meio de comunicação e não vai acabar com nenhum outro.
Olá, William!
ResponderExcluirTambém sou da opinião de que o jornal impresso não acabará como um todo. É claro que muitos, sobretudo americanos, fecharam ou passam por dificuldades financeiras, fruto isso da não adaptção aos novos tempos. Assim como o rádio adapitou-se e sobreviveu a tevê, creio que o mesmo acontecerá com o jornal impresso.
Podem me chamar de romântico ou saudosista, mas acho que nenhuma tecnologia, por mais que seja útil ou boa, subistitui o prazer de folhear um livro ou jornal - tendo apagão ou não!
Abçs!