quarta-feira, 10 de março de 2010

O Preço de uma Vida





uma pausa para reflexão se faz devida.
Quanto vale uma vida? Será que, por não ser ainda alguém que contribui para a sociedade, por não ter voz suficientemente alta para se defender, o embrião ou o feto merece a morte?
O que pretendemos com tal posicionamento?
Recordamos que na China, a partir de 1981, entrou em vigor a lei de um único filho.
Desde então, tem crescido o número de crianças, sobretudo meninas, abandonadas ao nascer.
A jornalista Xinran, hoje radicada em Londres, conta uma de suas experiências dolorosas, do ano de 1990.
Era uma manhã de inverno. Ao passar por um banheiro público, uma multidão ruidosa estava rodeando uma sacola de roupas, entregue ao vento da estrada.
A jornalista se aproximou e recolheu a trouxinha: era uma menina de apenas alguns dias.
Estava azul de tão gelada e o pequeno nariz tremia.
Ninguém ajudou Xinran. Ninguém moveu um dedo para salvar a criança.
Ela a levou ao hospital, pagou pelos primeiros socorros mas ninguém ali estava com pressa de salvar aquela recém-nascida.
Somente quando Xinran apanhou seu gravador e começou a relatar o que via, um médico parou e levou o bebê para a emergência.
Uma enfermeira disse: Perdoe-nos a frieza. Há bebês abandonados demais. Ajudamos mais de dez, mas depois ninguém queria se responsabilizar pelo futuro deles.
A vida se tornou ali tão banal, a sorte das meninas recém-nascidas é tão incerta que se prefere deixá-las morrer.
Será que é algo assim que desejamos para nosso país? Que a vida em formação se torne de importância nenhuma, de forma a que possa ser eliminada, em pleno florescer?

Pensemos nisso
Hoje decide-se pela morte de milhares de brasileiros que nunca chegarão a ver a luz do sol.
Logo mais, poderemos ter leis que dirão quem pode ou não continuar vivo.
Um idoso que somente onera a sua família merecerá continuar a viver?
Um portador de anomalia grave ou deficiência mental?
Quem está desempregado, quem não contribui eficazmente para a sociedade!?

Para onde caminharemos?
Manifestemo- nos. Digamos aos nossos representantes que somos cristãos e prezamos a vida, que nos é dada por Deus, não competindo ao homem destruí-la, por livre deliberação.
Felizmente, para a pequenina chinesa, a voz da jornalista soou forte. Ela transmitiu a história em seu programa de rádio.
As linhas telefônicas foram tomadas por chamadas de ouvintes. Alguns muito zangados pela sua atitude de salvar uma vida. Outras, solidárias.
Três meses depois, a menininha foi entregue a sua nova família: uma professora e um advogado. E ganhou um nome: Better, que, em inglês, significa A melhor.
*
Recordemos que um dia, nós mesmos, frágeis, pequenos, aconchegamo- nos em um útero, rogando a um coração de mulher por vida e por amor.
E se hoje estamos escrevendo, lendo ou ouvindo este texto é porque nos foi permitido nascer.

Pensemos nisso.

Texto com base no cap. Os estrangeiros que adotam..., do livro O que os chineses não comem, de Xinran, ed. Companhia das Letras. Em 26.08.2008.

4 comentários:

  1. William,

    Parabéns pela escolha de tão belo texto.

    Nós deveríamos repensar muito, mas muito mesmo, para que essas situações não mais acontecessem.

    É muito fácil colocar um filho no mundo, o difícil é a grande arte de criar e educar.

    O espírito escolhe os pais antes de encarnar, e muitas vezes esse espírito não está ciente das mazelas pelas quais terá que passar. Se for um espírito forte, lutador, conseguirá seguir em frente e continuar sua jornada, caso contrário, desencarnará rapidamente para esperar uma outra oportunidade. No final das contas, todos que estão ligados ao fato têm a sua parcela de culpa, e mais tarde serão cobrados.

    Seria muito bom se os pais cuidassem de seus filhos, e se os filhos cuidassem de seus pais quando esses já não pudessem caminhar com suas próprias pernas.

    Ah! É muito triste ver a situação de abandono de crianças e idosos.

    Adorei o texto.

    Bjs.

    Rosana.

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  2. Parabéns excelente texto.
    A vida é um dom de Deus!
    Abraço

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  3. É uma pena que a vida esteja sendo tratada com tanto descaso e que ainda há países apoiando a lei do aborto onde ele é feito de modo clandestino.

    Todos tem direito a vida.

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  4. Oii amigo William
    Adorei o texto, bem reflexivo.Infelismente aqui no Brasil tambem as pessoas não valorizam mais a vida, matam cada vez mais por bobagens.Graças a Deus que essa criançinha chinesa conseguiu pessoas solidarias que a fez renascer e espero que as pessoas tenham consciencias e der o verdadeiro valor a vida.
    Bjs

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