Talvez pudéssemos compreender porque
muitas pessoas “param no tempo”, quando analisamos com clareza seus medos
interiores.
Decorrente dos referidos fatores sociológicos, das
pressões psicológicas, dos impositivos econômicos, o medo assalta o Homem,
empurrando-o para a violência irracional ou amargurando-o em profundos abismos
de depressão.
Temos percebido que, atualmente, o
Homem sofre de doenças psicológicas várias, em face ao seu medo de uma tomada
de decisão, de uma postura atuante em seu meio e, principalmente, do medo de si
mesmo e de suas potencialidades, muitas vezes, vista apenas pelo prisma do
negativismo, da destruição.
Encarcerando-se, cada vez mais, nos
receios justificáveis do relacionamento instável com as demais pessoas, surgem
as ilhas individuais e grupais para onde fogem os indivíduos, na expectativa de
equilibrar-se, sobrevivendo ao tumulto e à agressividade, assumindo, sem
perceberem, um comportamento alienado, que termina por apresentar-se igualmente
patológico.
Muitas pessoas se dizem precavidas ou
cautelosas, quando na verdade, é o medo que as impede de tomar decisões.
Investe-se em profissões várias, sem uma tomada de consciência de seus
verdadeiros compromissos e desejos interiores.
As precauções para resguardar-se,
poupar a família aos dissabores dos delinqüentes, mantendo os haveres em
lugares quase inexpugnáveis, fazem o Homem emparedar-se no lar ou aglomerar-se
pela aparência externa, perdendo a identidade em relação a si mesmo, ao seu
próximo e consumindo-se em conflitos individualistas, a caminho dos
desequilíbrios de grave porte.
A alucinação generalizada certamente
aumenta o medo nos temperamentos frágeis, nas constituições emocionais de pouca
resistência, de começo, no individuo, depois, na sociedade. Estamos diante de
uma sociedade amedrontada. Onde todos parecem se preparar para uma grande festa
que não sabem nem quando nem onde irá acontecer.
As gerações anteriores também
cultivaram os seus medos de origem atávica e de receios ocasionais.
Urge, sem delongas, uma revisão de
conceitos, uma mudança de conduta, um reestudo da coragem para a imediata
aplicação no organismo social e individual necrosado.
Todavia, é no cerne do Ser – o
espírito – que se encontram as causas matrizes desse inimigo rude da vida, que
é o medo. Onde através dele surge, o sentimento de incapacidade, os receios, as
fraquezas que acercam a alma humana: “Essa desconhecida.”
Os fenômenos fóbicos procedem das
experiências passadas – reencarnações fracassadas – nas quais, a culpa não foi
liberada, face ao crime permanecer oculto, ou dissimulado, ou não justiçado,
transferindo-se a consciência faltosa para posterior regularização.
O homem transfere, quase sempre, seus
medos interiores para o mundo externo, comumente de ordem material e
profissional. Temos visto, com a devida ética e observância profissional,
muitos profissionais do campo do comportamento psicoemocional – psicoterapeutas
– que dificulta sua ajuda ao paciente em detrimento do medo de ousar
transgredir aquilo que lhe fora passado quando acadêmico, assim como seus medos
mal resolvidos em relação à si mesmo e à essência humana vista de maneira
integral e transparente.
Ocorrências de grande impacto
negativo, pavores, urdiduras perversas, homicídios, programados com requinte de
crueldade, traições infames sob disfarce de sorrisos, produziram a atual
consciência de culpa, de que padecem muitos atemorizados de hoje, no
inter-relacionamento atual.
Outrossim, “catalépticos sepultados
vivos, que despertam na tumba e vieram a falecer depois, por falta de oxigênio,
reencarnam vitimados pelas profundas claustrofobias, vivendo em precárias
condições de sanidade mental”.
O medo é fator dissolvente na
organização psíquica do homem, predispondo-o, por somatização, as enfermidades
diversas que aguardam correta diagnose e específica terapêutica, embora, os
psicoterapeutas despertos, já se posicionaram diante do Homem integral para
melhor ajuda-lo em suas enfermidades de origem psicoespiritual.
À medida que a consciência se expande
e o indivíduo se abriga na fé racional, na certeza da sua imortalidade, ele se
liberta, se agiganta , recupera a identidade e humaniza-se definitivamente,
vencendo o medo e os seus sequazes sejam de ontem ou de agora.
A geração atual perdeu a confiança
nas afirmações do passado e deseja viver novas experiências ao preço da
alucinação, como forma escapista de superar as pressões que sofre, impondo
diferentes experiências.
Numa luta furiosa, nas festas
ruidosas, as extravagâncias de toda ordem, o exibicionismo com que alguns
pensam vencer os medos íntimos, uso de cartões de crédito em grandes shoppings
como ilusão “terapêutica”. A ganância do ter esquecendo-se do ser. São atitudes
patológicas decorrentes da fragilidade emocional para enfrentar os desafios
externos e internos.
Finalmente, devemos ter em mente que
o medo só poderá ser “extinguido” ou trabalhado quando se compreender que não
existe liberdade quando se mente, se engana, impõe e atraiçoa, pois a liberdade
é uma atitude perante a vida e só há liberdade quando há auto-respeito e
se ama conscientemente.
O Homem só perderá seu medo perante a
vida e a si mesmo quando compreender a verdadeira essência humana, a verdadeira
origem de tudo: o “eu” verdadeiro que existe dentro de si mesmo. Saia das
sombras e encare a si mesmo e o medo desaparecerá.
José Geraldo Rabelo.
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