Qual jovem nunca imaginou estar
presente em festas absurdas como em Projeto X (2012)? A
verdade é que não faltam exemplos nos filmes de Hollywood de como os jovens
podem ser dissimulados e "curtir a vida adoidados". Entretanto, há
quem acredite que esses não são os melhores exemplos para uma mente em
formação.
Um exemplo disso, segundo
especialistas, seria o consumo de álcool que aparecem nas telas. Para um grupo
de pesquisadores da Escola de Medicina de Dartmouth, nos Estados Unidos,
personagens de filmes que consumem muitas bebidas alcoólicas estariam
incentivando os jovens a também consumirem. E esse seria apenas uma fração dos riscos
que a juventude estaria sofrendo.
Realidade dos atores
(Fonte: Netflix/Reprodução)
O mundo do cinema e das séries de
televisão produz muito conteúdo feito para se assemelhar com a realidade ou
pelo menos trazer uma versão mais dramática de aspectos do cotidiano. Entre os
tópicos que costumam parar nas telonas, estão as experiências adolescentes,
como o primeiro beijo, briga entre amigos, jornada de autoconhecimento, etc.
Isso tudo aparece como temáticas atrativas para os mais jovens.
Entretanto, Hollywood tem o costume
de fazer algo nada novo no mercado: colocar adultos para realizar o papel de
"crianças". No filme A Barraca do Beijo 3 (2021),
que ficou no top 10 da Netflix por alguns dias, o personagem Lee Flynn é
protagonizado pelo ator Joel Courtney, que já tem 24 anos de idade.
Outro exemplo clássico é o que
aconteceu em Meninas Malvadas (2004), quando a atriz Rachel
McAdams assumiu o papel da mimada adolescente Regina George quando já tinha
ultrapassado a casa dos 25 anos. A lista é extensa e poderia ocupar o espaço
deste texto inteiro.
Isso é feito principalmente para que
os estúdios de cinema enfrentem menos problemas com atores que
são menores de idade. Mas qual é o impacto disso em quem assiste às
películas?
Esse "fenômeno" faz os
jovens crescerem vendo corpos que não são reais para aquela idade e
desenvolverem padrões estéticos simplesmente inalcançáveis para um adolescente
comum — o que poderia acabar desencadeando transtornos psicológicos.
Exemplo na sociedade
(Fonte: Disney Channel/Reprodução)
E mesmo quando o elenco coloca uma
pessoa realmente jovem para contracenar em um filme, isso gera um enorme
impacto na sociedade. Atores e atrizes que alcançam o sucesso ainda muito novos
precisam aprender a lidar com um tipo de pressão e responsabilidade social que
não foram preparados para ter durante a sua vida.
Dois exemplos claros disso podem ser
vistos nas atrizes Lindsay Lohan e Miley Cyrus, que acabaram
enfrentando problemas com dependência química na vida adulta após terem passado
suas juventudes inteiras sendo cobradas para assumir o papel de estrela teen. O
mesmo vale para o mundo da música, como quando Justin Bieber passou a ter
problemas com a imprensa e virou centro de várias polêmicas.
A verdade é que essas pessoas nunca
estiveram prontas para assumir o papel de exemplo na vida e sofreram uma
cobrança descomunal na época em que só desejavam ser jovens. Mesmo assim, isso
não tira o fato de que eram idolatrados por inúmeros adolescentes, que foram
expostos a uma grande quantidade de atitudes negativas de seus ídolos.
Violência e consumo de drogas
(Fonte: Warner Bros./Reprodução)
Um grande temor quanto à indústria
cinematográfica sempre foi em relação à sua real influência no comportamento
das pessoas mais novas. Em uma entrevista, o ex-presidente dos Estados Unidos
Bill Clinton chegou a dar sua opinião sobre o assunto. "Nós precisamos
parar de brincar com essas coisas. Eu sei que esses filmes vendem bastante, mas
isso não os torna corretos", ele disse a respeito do excesso de violência
nas gravações.
Esse é um dos motivos, por exemplo,
que a Coordenação de Classificação Indicativa (Cocind) foi criada em 1990 para
definir a faixa etária para a qual as obras audiovisuais deveriam ser
recomendadas. O principal propósito dessa medida sempre foi fornecer mais
informações para que os pais tivessem controle sobre o que seus filhos
assistem.
De acordo com os pesquisadores de
Dartmouth, os filmes têm tanta influência nos hábitos dos jovens que Hollywood precisou
ser impedida de mostrar marcas de cigarro em seus filmes para que os jovens não
se sentissem impelidos a fumar. Essa proibição, entretanto, não é válida para
os rótulos de bebidas alcóolicas — que constantemente aparecem por todos os
cantos das telonas.
Diálogo aberto
(Fonte: Pixabay)
Em entrevista ao portal Global
News, o professor e psicólogo Oren Amitay, da Universidade Ryerson, no
Canadá, demonstrou certa preocupação com o que é feito em Hollywood. "Os
filmes são como a vida real para os jovens. Eles acham que aquilo é a arte
imitando a vida e tudo é um reflexo do que as pessoas reais estão fazendo pelo
mundo", ele destacou.
Na visão de Amitay, que colaborou
para os estudos da Universidade de Dortmouth sobre o consumo de álcool nos
filmes, é importante ter em mente também que a maioria dos jovens é
"programada" para ser rebelde e ignorar as ordens dos pais.
Entretanto, isso não deve ser sinal de desistência.
Enquanto o pesquisador acredita que
Hollywood deveria analisar a maneira como aborda temas polêmicos em suas obras,
ele também aconselha aos pais buscarem sempre ter uma conversa aberta com seus
filhos para evitar maiores conflitos. Sendo assim, o diálogo seria a melhor
ferramenta para evitar que os jovens se tornem facilmente influenciáveis.
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